capítulo 32- Flor

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''Eu tenho medo de ser esquecido''.

O meu celular vibrava em cima da cômoda do lado da minha cama e eu levantei a minha cabeça, pegando o celular em mãos e vendo uma foto do Justin no visor, junto com o seu nome.

- Alô? - Atendi, deitando a minha cabeça no travesseiro.

- Kath... - Ele sussurrou do outro lado da linha.

- Oi Justin. - Falei, abrindo um pequeno sorriso. - Que horas são? - Perguntei, ao notar que o meu quarto estava completamente escuro e que não havia ainda amanhecido.

- 2:44h da manhã. - Ele disse, soltando um suspiro profundo.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei.

- Você estava dormindo, né?

- Sim, tomei um remédio que me deu sono. E você?

- Eu não consegui dormir. - Ele disse com uma voz rouca e fraca.

- Por quê? - Perguntei em um sussurro também.

Eu sabia que ele não estava bem. Nem eu estava, mas a minha dor eu sabia lidar, já agora saber que Justin estava sofrendo por algo que era totalmente eu a causadora, que a dor era somente pra eu estar sentindo, ai sim era de me deixar preocupada e ainda pior.

- Eu estou com saudade, Kath. Será que poderíamos nos ver agora?

Sorri sem conseguir me controlar, balançando a cabeça positivamente.

Merda, ele não iria ver.

- Sim, a gente pode se encontrar agora.

Mesmo estando do outro lado da linha, eu tinha certeza que ele havia sorriso só pelo barulho que ele fez com a boca, com a língua e com os seus lábios.

Eu acho que já lhe conhecia o suficiente.

- Em 20 minutos estou aí. - Ele disse.

- Tudo bem, mas venha com calma.

- Não dá! - Ele falou, dando uma pausa. -Acho que se eu não te abraçar logo, eu morro. - Então, ele finalizou a ligação.

E eu tinha um sorriso estampado no meu rosto.

Eu não conheci Justin quando ele era novo. É claro que não. Ele já havia se formado em Medicina, já havia perdido a Tasha, já havia tido a Mandy, já havia passado por muitas coisas, mas eu não sei porque, em momentos como esses eu imaginava um Justin jovem, recém apaixonado e que estava vivendo seu primeiro amor de verão. E eu simplesmente adorava saber que eu era a garota que ele estava apaixonado, que recebia ligações inesperadas de madrugada, que tinha alguém do seu lado que estava disposto a realizar seus loucos desejos.

Mesmo que o motivo disso tudo seja uma doença, mas eu tentava me poupar desse detalhe e lembrar que ele estava realmente gostando de mim.

Ou eu achava que ele estava realmente gostando de mim.

Mas isso não me importa. Eu o amo.

Me levantei da cama e acendi a luz do quarto, indo até o meu guarda roupa e pegando uma calça de moletom com uma camiseta preta, tirando o meu pijama e vestindo aquela roupa. Peguei meu par de vans e calcei os mesmos, pegando o meu celular e saindo do quarto em silencio.

A minha mãe deveria estar dormindo e eu não queria acorda-la.

Fui até a cozinha pra pegar uma caneta e um papel e lhe deixar um recado pra quando ela acordasse, mas ouvi a porta do seu quarto sendo aberta e sai da cozinha, fitando a minha mãe da porta.

Flatline // J.B Onde histórias criam vida. Descubra agora