capítulo 74- Força e Esperança

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Eu nunca imaginei em toda a minha vida que eu fosse passar um natal daquele modo. A minha perna estava esticada na cama enquanto eu estava com as costas apoiada no travesseiro, porém, sentada. Um lençol cobria da minha coxa até a minha barriga que naquele momento explodia três vezes mais pelo tanto que eu havia comido. Ao redor da minha cama tinha mamãe, Charles, Justin e Mandy. Ela estava sentada no colo de Justin que estava sentado em uma das poltronas. O sorriso em seu rosto era presente em todos os momentos, ele sorria, ria de alguma besteira e me fitava. A curva que o seu rosto fazia cada vez que aqueles belíssimos dentes apareciam e eu sabia que ele não estava chorando, talvez preocupado, mas de qualquer forma se divertindo, eu me explodia de felicidade.

Mas de qualquer forma: eu nunca me imaginei passar o natal naquele lugar.

Eu ainda estava no hospital. Podia ser visto pela janela que estava fechada a neve que começava a cair do lado de fora, dessa vez, mais tarde que todos os anos. O quarto ainda cheirava a comida, mesmo que tivéssemos todos satisfeitos a quase uma hora. A arvore de natal continuava acesa com as suas inúmeras luzes coloridas.

- Como o bebê está? – Minha mãe perguntou enquanto sentava ao lado de Charles e na frente de Justin. – Vocês fizeram os exames hoje, não fizeram?

- Está tudo sob o controle, Alisson. – Justin respondeu enquanto entrelaçava seus dedos com o da Mandy que brincava com um anel que Justin usava.

- O bebê vai nascer quando, papai? – Mandy perguntou, fitando-o.

- Daqui alguns meses, querida. – Ele respondeu.

- Daqui alguns meses demora quanto? – Ela perguntou curiosa e todos nós rimos.

- Daqui alguns meses demora... – Ele deu uma pausa, tentando pensar em uma boa resposta pra ela. – Ué, alguns meses. – Ele franziu a testa confuso e Mandy bufou impaciente, revirando os olhos.

Eu continuei a rindo, olhando pra sua carinha de frustração por não ter sido respondida do modo que queria.

- Mas é pouco ou muito? – Ela continuou.

- É pouco, meu amor. – Justin disse.

- Pouco quanto?

- Mandy! – Essa foi a vez de Justin soltar um suspiro impaciente e eu pude notar que todos nós olhávamos pra aquela cena e todos nós tínhamos um sorriso nos lábios. – É pouco.

- Ai papai... – Ela bateu de leve em sua testa. – Você não sabe de nada mesmo. – E balançou a cabeça negativamente.

A minha barriga doía de tanto que eu ria. Passei a minha mão por ela sentindo o bebê chutar.

- Ele nunca sabe de nada, amor. – Falei pra Mandy e Justin arregalou os olhos pra mim, ficando boquiaberto.

- Que calunia! – Ele disse indignado. – Como eu vou explicar o que é pouco pra ela? É pouco, ué!

- Você nunca explica nada certo pra mim, pai... – Ela disse com bico. Assim que a pronuncia ‘pai’ se foi dita da boca de Mandy, a indignação dele se direcionou a ela.

- Pronto... – Sussurrei, revirando os olhos. – Vai começar!

- O que, querida? – Minha mãe perguntou confusa e eu lhe fitei, rindo fraco.

- Justin odeia que a Mandy lhe chame de...

- MANDY, É PAPAI. – Ele me interrompeu e eu o fitei, olhando pra minha mãe em seguida que ria ao lado de Charles. – Não é pai, é papai, querida. Já conversamos tanto sobre isso.

- Eu disse. – Falei pra minha mãe. – O meu filho está ferrado.

- Justin, por que você não gosta que a Mandy te chame de pai? – Minha mãe perguntou, segurando o riso.

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