Flatline // J.B

capítulo 82- I Promise

‘’Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável.’’

Um mês se passou e, os dias estavam passando cada vez mais depressa. Desde a morte de Laura, Katharine tem ficado mais quieta e posso ter notado o quão triste ela ficou, realmente abalada, mas tentei durante todos os dias faze-la esquecer disso, trazendo até mesmo o meu violão pra cantar algumas canções ou falar sobre Ethan, o que a fazia imediatamente se esquecer de qualquer tristeza e começar a sonhar em um futuro perfeito para o nosso filho.

Ela já entrava no oitava mês de gestação e a sua barriga crescia mais a cada dia, eu jurei a um mês atrás que seria impossível dela crescer ainda mais, porém, a cada dia eu me surpreendia.

Dessa vez estávamos entrando na sala pra fazer o penúltimo exame antes do nascimento de Ethan, e eu podia sentir minhas mãos soarem de nervoso. Aconteceu várias coisas horríveis desde o último exame que Katharine fez e torci mentalmente pra que tudo o que passamos durante os últimos dias não tivesse afetado o nosso filho.

Assim que adentramos na sala, levando Katharine na cadeira de rodas já que ela não conseguia mais andar por conta do tamanho da barriga, senti meu corpo inteiro se arrepiar com a temperatura do quarto. Frio como a neve, deveria estar zero grau.

Então, eu parei a cadeira de rodas na frente de uma maca e fui até a frente de Kath, me agachando e pegando-a no colo.

- Céus, Katharine! – Murmurei, colocando-a com calma na maca. – Você está pesada.

- Não sou eu! – Ela disse, se defendendo. Eu ri. – É o Ethan.

- Ah, claro gordinha... – Brinquei, puxando a sua camiseta pra cima e deixando a sua barriga a mostra. Cobri as suas pernas com o lençol e em instantes Peter entrou na sala.

- Boa tarde! – Ele disse, se aproximando de nós.

- Oi Peter! – Falei, parando na sua frente e lhe dando um aperto de mão.

- Como vocês estão? – Ele perguntou, andando até Katharine e sorrindo de lado.

- Estamos... Bem! – Kath respondeu, soltando um suspiro. – Quero saber como o meu filho está.

Peter riu, assentindo.

- Tudo bem, vamos ver então! – Ele falou, abrindo o gel e começando a despejar na barriga de Kath, em seguida, ligou os aparelhos na sua frente e, antes de começar a passar o tubo na barriga de Kath que poderíamos ver o bebê na mini-TV na nossa frente, ele esticou o braço, me entregando o tubo. Franzi a testa.

- O que... foi? – Perguntei, confuso.

- Hoje eu quero que você faça o exame em Kath, Justin! – Peter disse. – Quero que você faça o exame em sua mulher.

- Mas Peter...

- Nada de mas, você é médico a anos e já fez esse mesmo exame em milhares de mulheres, não há nenhuma novidade.

- A não ser que a mulher seja minha. – Falei, engolindo a seco.

Desde o primeiro exame de Katharine depois dela ter se tornado ‘nós’, eu não fiz mais nenhum nela. Pude sim estar presente em todos, mas quem analisava, colocava Katharine nos tubos, mexia nos aparelhos era exclusivamente Peter, e dessa vez... Dessa vez ele estava me entregando toda a responsabilidade, e eu não me importo se eu fazia isso a anos, mas naquele momento parecia que era a minha primeira vez.

- Vem Justin! – Peter disse impaciente. – Você não quer ver o seu filho?

Olhei pra Kath que me fitava atenta e com um sorriso nos lábios. Eu estava quase dizendo que não, e céus, eu me sentia totalmente babaca por isso, mas antes que eu negasse, a voz doce e calma de Kath se direcionou pra mim: