Perspectiva de Mon
A enfermeira Arya mexe nos equipamentos, preparando-se para tirar sangue de Sam, que está deitada na cama do hospital.
— Sério que você esqueceu de tomar a medicação, Sam? — diz ela, enquanto puxa uma agulha e começa o procedimento.
— Ai! — reclama Sam, franzindo o rosto. — Não acredito que depois de tantos anos você ainda tira sangue como se quisesse atravessar meu braço de lado a lado.
— Pronto, já acabou, sua bebê grande! — Arya responde com um sorriso.
Minha sobrancelha se ergue involuntariamente. "Ela chamou a Sam de... bebê?"
— O que você está fazendo na Tailândia? — Sam pergunta, claramente confortável com a proximidade da enfermeira.
— Me mudei pra cá recentemente. O Jake também veio, mas está em outro departamento do hospital. E você, hein? Finalmente voltou... — Arya responde com familiaridade.
— Ah, Arya, essa é a Mon. Minha esposa! — Sam me apresenta.
Arya sorri abertamente, estendendo a mão.
— Olá, Mon. Eu sabia que era sua esposa. Lembra que você brincava me chamando de stalker? Eu vi vocês nas revistas quando se casaram.
— Oi... — murmuro, com a voz mais baixa do que pretendia, me sentindo meio deslocada.
— Eu sou a Song! — exclama nossa filha, saltando na cama ao lado de Sam.
Arya sorri para ela.
— Oi, Song! Você é muito parecida com a sua Sam. É sua sobrinha, Sam?
O rosto de Arya muda completamente para uma expressão de surpresa.
— Song, é minha filha, Arya. — Sam responde.
— Eu achei que você... — Ela começa, mas é interrompida quando Sam balança a cabeça, sinalizando para que a enfermeira não continue.
— Esta é a Song, e aquele ali bonitão é o Chai. São ambos meus filhos — explica Sam.
— Eu também sou bonitona, mamãe! — resmunga Song. — E sou mais bonita que ele!
— Uau, seu feitiozinho! — Arya diz, sorrindo, olhando minha filha.
— Você é a menina mais bonita do mundo, filha. E o seu irmão é o menino mais bonito. Está bom assim? — Sam pergunta com doçura, tentando apaziguar.
— Vou pensar nisso... — Song cruza os braços, fazendo charme. — E como você conhece a mamãe?
— Eu cuidei dela quando estava doente — responde Arya, enquanto limpa o braço de Sam com cuidado exagerado. Pequenos arranhões não precisavam de tanto. Eu poderia ter feito isso. Até Song conseguia!
Sam me encara de repente, provavelmente notando a expressão fechada que eu nem tentei disfarçar. Ela engole em seco, nervosa.
— Arya foi minha enfermeira nos Estados Unidos, Mon.
"Ah, claro... E ela não podia ser menos bonita, mais discreta?" penso com raiva.
— Hum. — Respondo, mal conseguindo disfarçar o incômodo.
— Sua esposa foi a paciente mais difícil da minha vida, Mon. — Arya continua, limpando as feridas de Sam. — Tinha dias que eu queria jogá-la pela janela. E seria fácil, ela não se mexia, seria só mesmo empurrar.
— E isso é engraçado? — pergunto.
Arya ri sem jeito.
— Ah, desculpe, eu estava brincando.
— Sabia que minhas mamães namoram? — Song solta de repente, nos pegando de surpresa.
Eu e Sam trocamos olhares envergonhados enquanto Arya ri, achando graça na espontaneidade de nossa filha.
— Se são casadas, então namoram — responde Arya, como se fosse óbvio.
— Elas dão beijinhos! O Chai acha nojento, mas eu acho fofo. — Song continua, como se estivesse narrando nossa vida para um desconhecido.
— Song, para de falar tudo o que você vê! — a repreendo. — Principalmente para quem você não conhece.
— Mamãe Sam conhece muito bem. Você é amiga dela, Arya? — Song pergunta, cruzando os bracinhos e olhando desconfiada para a enfermeira.
Arya suspira, guardando os materiais de forma meticulosa, como se estivesse tentando acalmar a tensão.
— Igualzinha a você, Sam — ela comenta.
— Ela é — responde Sam, orgulhosa, olhando para nossa filha como se ela fosse a melhor coisa do mundo. E bem: é! Ela, Chai e eu!
Chai, do outro lado da cama, solta um suspiro impaciente.
— Quando a gente vai pra casa? Esse hospital é muito chato.
Arya sorri e se vira para nós.
— Vou verificar se o médico já assinou a alta e volto em um instante.
Assim que ela sai, cruzo os braços e olho diretamente para Sam.
— "Bebê grande"? Sério? — digo, imitando a voz ridiculamente doce de Arya.
Song olha para mim com os olhos arregalados.
— Mamãe, você tá imitando ela?
— Mon, por favor, não precisa disso. Arya estava só sendo simpática — Sam tenta justificar, mas eu não estou com paciência.
— Eu não disse nada — respondo, tentando conter a irritação.
Song olha para Sam e avisa:
— Mamãe Sam, ela tá fazendo a cara de quando vai me colocar de castigo. Acho que ela vai fazer o mesmo com você quando a gente chegar em casa.
Sam solta um riso nervoso.
— Song, eu sou adulta. Não fico de castigo.
— Veremos — digo.
A porta se abre, e Arya entra novamente.
— Bom, Sam, suas pernas ainda estão fracas, certo? — pergunta ela, caminhando em direção à cama.
— Estão, mas eu já tomei a medicação. Deve voltar ao normal em uma ou duas horas — Sam responde.
— Voltaria, mas como você ficou seis horas sem a medicação, vai demorar um pouco mais para o efeito total. Acredito que serão de seis a oito horas até você recuperar completamente — Arya explica. — Embora o médico tenha dado alta, recomendo que você fique aqui no hospital até suas pernas voltarem ao normal. Eu estou de plantão, então posso cuidar de você pessoalmente.
— Não! — respondo rapidamente. — Se a alta foi dada, nós vamos para casa.
Arya olha para mim, meio confusa.
— Claro, mas vocês vão precisar de uma cadeira de rodas e Sam de ajuda constante. Sam vai precisar de suporte para tudo.
— Eu dou conta — digo firmemente. — Vá buscar a alta.
— Mon, acho melhor ficar — Sam me interrompe.
— Eu cuido de tudo em casa, Khun Sam. Não se preocupe.
Sam hesita, me olhando com uma expressão de tristeza.
— Mon, eu prefiro ficar aqui até minhas pernas melhorarem. Não vai demorar tanto.
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Mon & Sam - Passado e Perdão
FanfictionApós ser diagnosticada com uma doença que a condenaria à perda dos movimentos, tornando-a dependente dos cuidados de Mon, Sam toma uma decisão drástica: foge da Tailândia. Sem explicar nada a ninguém, nem mesmo à sua esposa, ela embarca para os Esta...