Capítulo 53 - Me Permito

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Perspectiva de Mon

Alguns dias haviam se passado desde que Sam perdeu a cabeça e destruiu Duanpen. Desde então, não nos vimos mais, e eu ignorei todas as mensagens dela. Convenci a mim mesma que aquela noite tinha sido um erro. Sam não podia simplesmente estalar os dedos e me ter para cuidar dela sempre que quisesse. Por mais que eu sentisse uma necessidade profunda de garantir que ela estava bem, ela estava certa: não era mais minha responsabilidade.

Essa noite era o jantar de Natal da empresa, e eu tinha vindo com Tee. Ela organizou uma grande festa, com direito a todos os enfeites natalinos que se pode imaginar, e todos os funcionários estavam presentes. Com a ajuda de Yuki, me vesti com um vestido longo vermelho, de gala, e estava determinada a aproveitar a festa. Eu merecia me divertir, tinha o direito de fazer isso.

A festa estava animada, a música alta, e Tee dançava sem parar, me puxando junto com ela para a pista. A energia dela era contagiante, e por um momento, eu me deixei levar. Já havíamos bebido um pouco, o que contribuiu para nossa coragem de dar um show de dança, dominando a pista. O sorriso no meu rosto era inevitável enquanto nós duas dançávamos.

— Estava com saudades de te ver assim! — Tee gritou por cima da música.

— Eu também! — respondi, rindo e me soltando mais.

Foi então que Sua se juntou a nós, erguendo seu copo e dançando de forma exagerada e divertida. Ao longo dos anos, desenvolvemos uma amizade respeitosa. Ela sempre me fazia rir com suas bobeiras no trabalho, e sua presença acabava me deixando à vontade.

Enquanto dançávamos, notei Tee se afastando e se encostando no bar, nos observando com um sorriso travesso no rosto. Continuei dançando com Sua, mas a leveza que eu sentia com Tee começou a mudar. Sua transformou a dança em algo mais sensual, e de repente, me vi sentindo coisas que não experimentava há anos. Me senti bonita, desejada. Fazia tempo que ninguém me fazia sentir assim, mas algo dentro de mim dizia que aquilo não estava certo. Dançar com outra mulher que não fosse Sam me parecia errado, e decidi parar.

— Sua, vou ao banheiro — disse, tentando me fazer ouvir em meio à música alta.

— Eu vou com você — ela se ofereceu, sorrindo.

— Não, pode ficar. Continue dançando — respondi, me afastando rapidamente.

Ao entrar no banheiro, encostei-me na porta e respirei fundo. Aquilo não estava certo. Eu não deveria estar ali, dançando com alguém. Sou mãe, sou casad... não, não sou mais. Suspirei, confusa, e ouvi a porta se abrindo novamente. Era Sua.

— Ei, Mon. Está tudo bem? — ela perguntou, parecendo preocupada. — Você parou de dançar e ficou com uma expressão estranha. Está se sentindo mal?

— Não, nada disso — respondi, tentando disfarçar, me aproximando da pia para lavar as mãos.

— Mon, você não precisa mentir. Não gostou de dançar comigo? — Sua perguntou, sua voz carregada de uma tristeza inesperada.

Ao ver seu olhar murchar, me aproximei dela com um sorriso suave.

— Não é isso, Sua. Eu gostei, sim. Estava sendo ótimo. Na verdade, acho que eu realmente precisava dançar — admiti, tentando aliviar a tensão.

Sua me encarou, seus olhos desceram lentamente até meus lábios. Ela se aproximou devagar, seu corpo se aproximando do meu de forma hesitante.

— Mon, me deixa... só uma vez... — ela murmurou, ainda focada nos meus lábios.

Antes que eu pudesse reagir, ou quisesse reagir, ela me beijou. Um beijo intenso, que eu não interrompi. Pelo contrário, acabei cedendo e a puxando para mais perto, segurando-a pela cintura. Sua deslizou as mãos pelas minhas coxas e me levantou, sentando-me em cima da pia.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora