Perspectiva de Mon
Eu estava diante de Sam, ofegante, observando-a sentada no sofá, tentando recuperar o fôlego. Sua boca ainda entreaberta e seu peito subindo e descendo rápido. Nossos olhares se encontravam, como se nenhum de nós soubesse o que dizer. Mil pensamentos corriam pela minha cabeça naquele momento. Aquela era a mulher que eu amei por uma vida inteira. A única. Depois de anos sendo afastada por ela, privada até do toque, eu finalmente havia chegado ao meu limite.
Agora, à medida que a realidade caía sobre mim, percebi o que havia acabado de fazer. Eu tinha entrado na casa da minha ex-mulher e a tomado de forma quase selvagem. Revivendo a cena na minha cabeça, tudo parecia insano. Mas depois de tanto tempo sem tocá-la, sem tocar ninguém, parecia que algo dentro de mim tinha explodido. Eu estava no meu limite.
Respirei fundo, tentando me acalmar enquanto ela ainda se recuperava no sofá. Procurei meu vestido e, ao pegá-lo, percebi que estava destruído. Sem pensar duas vezes, subi as escadas para o quarto dela, em busca de algo para vestir. No guarda-roupa de Sam, era difícil encontrar algo simples, mas acabei pegando umas calças, uma blusa e um blazer dela. Ao sentir o cheiro que ainda carregava seu blazer, fechei os olhos e apertei o tecido contra o meu corpo, como se quisesse absorver um pouco mais dela antes de me vestir.
Desci as escadas ajustando o blazer, pronta para sair. Peguei minha bolsa e caminhei em direção à porta, determinada a ir embora.
— Mon, espera! — Sam se levantou às pressas, tentando cobrir o corpo com a ridícula mantinha cor-de-rosa.
— Khun Sam, não! — Interrompi, furiosa, apontando o dedo para ela. — Nós não vamos falar sobre isso agora! Você vai pensar muito bem antes de tentar conversar comigo sobre o que aconteceu aqui.
Ela me olhou, sem reação, enquanto eu soltava o que ainda precisava ser dito.
— E pelo amor de Deus, limpe essa casa e prepare-a para receber seus filhos no Natal! Nem uma árvore de Natal você montou! — Completei com um tom irritado, como se aquilo fosse o mínimo que ela deveria fazer.
E sem esperar resposta, bati a porta com força ao sair.
Depois de uma noite de sono revigorante, talvez a primeira em muitos anos, acordei e encontrei meus filhos já tomando café da manhã na cozinha.
— Uau, mãe! A noite deve ter sido agitada na festa, hein? Chegou super tarde! — provocou Song, com aquele sorrisinho malicioso de sempre.
— Foi normal, filha. — menti, tentando esconder a verdade.
— Senta aí, mãe. Vou pegar seu café. — disse Chai, com um tom carinhoso.
Era véspera de Natal, e meus filhos já estavam de férias. A casa estava lindamente decorada, com uma árvore de Natal brilhante e várias caixas de presentes empilhadas sob ela. Desde o divórcio, Sam e eu tínhamos combinado a tradição de alternar as festividades: eles passariam a véspera de Natal comigo e meus pais, e o dia de Natal com Sam e Nueng. Tudo já estava organizado, pelo menos até meu celular vibrar na mesa, enquanto Chai me servia o café.
Ele deu uma olhada rápida na tela e arqueou uma sobrancelha.
— O que a mãe quer agora? — perguntou, surpreso. Não era comum Sam mandar mensagem tão cedo.
Peguei o celular e li a mensagem:
"Mon, vou agora comprar uma árvore. Ainda não comprei os presentes. Você pode me ajudar?"
Revirei os olhos e, sem hesitar, respondi:
"Não. Se vira."
Coloquei o celular de lado, respirei fundo, mas senti que não bastava. Peguei o telefone novamente e digitei:
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Mon & Sam - Passado e Perdão
FanficApós ser diagnosticada com uma doença que a condenaria à perda dos movimentos, tornando-a dependente dos cuidados de Mon, Sam toma uma decisão drástica: foge da Tailândia. Sem explicar nada a ninguém, nem mesmo à sua esposa, ela embarca para os Esta...