Capítulo 46 - Sessão de Estudo

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Perspectiva de Song

Enquanto Chai colocava nossa mãe a par dos últimos dias, subi discretamente até nosso antigo quarto. Eles estavam tão imersos na conversa que nem notaram minha ausência. Abri a porta e fiquei parada, observando. Nada havia mudado. As camas pequenas ainda estavam lá, com o meu cobertor de carrinhos cuidadosamente dobrado, e na prateleira, meu querido Duanpen de controle remoto, o carro que significava tanto para mim. Sorri ao vê-lo e, sem hesitar, fui pegá-lo. Ao tentar ligá-lo, percebi que estava sem pilhas. Que pena...

Há 10 anos...

— Mamãe, mamãe! Vamos fazer corrida de carrinhos de controle remoto! Eu fico com a Duanpen! — exclamei, correndo até meu carrinho na prateleira. — Vamos, mamãe! Vamos! — puxei-a pelo braço com entusiasmo, levando-a para a sala.

Descemos as escadas rapidamente, ela quase tropeçando nos saltos altos, enquanto Chai e mamãe Mon estavam no sofá, distraídos assistindo desenhos animados.

Colocamos nossos carrinhos no chão, e eu acelerei o meu a toda velocidade.

— Olha, mamãe! Duanpen é o mais rápido! — gritei, rindo ao fazer meu carro bater no dela.

— Assim não vale! Esse carro é mais rápido! Este é velho! — minha mãe reclamou, tentando disfarçar o fato de que eu era claramente melhor em dirigir carrinhos de controle remoto.

Nós ríamos e nos divertíamos, até que, distraída, fiz Duanpen bater com força na cadeira da sala de jantar. O carro parou na hora.

— Ah, não! — Corri até ele, mas nada acontecia. Ele não se mexia mais.

Minha mãe se ajoelhou ao meu lado, pegou o carrinho e começou a examiná-lo.

— Filha, o motor queimou... Acho que ele quebrou de vez — ela disse com tristeza na voz.

— Não! — as lágrimas surgiram imediatamente. — Mamãe, conserta! Eu quero Duanpen!

Chai e mamãe Mon se aproximaram rapidamente, e mãe Mon tentou me consolar.

— Filha, às vezes os brinquedos se estragam. Acontece. Podemos comprar outro, não é, Khun Sam? — sugeriu Mon, tentando aliviar a situação.

— Eu não quero outro! Quero esse! Esse foi o primeiro presente que você me deu! — bati o pé, frustrada. — Conserta, mamãe Sam! Conserta!

— Filha, eu não sei consertar... Mas amanhã eu compro outro igual, tudo bem?

Atualidade...

Ela nunca comprou. E Duanpen nunca mais funcionou desde aquele dia. Não era só falta de pilhas. Coloquei o carrinho de volta na prateleira, suspirando. Quando me virei, minha mãe estava na porta, me observando com um sorriso suave.

— Saudades do seu carrinho? — ela perguntou, ainda sorrindo.

— Ele não funciona mais — respondi, um pouco amarga.

— Não? — ela se aproximou, pegou Duanpen e tentou ligá-lo. — Se você quiser, podemos mandar consertar!

— Deixa pra lá... Já não tenho mais idade pra brincar com ele.

Eu me virei para sair do quarto, mas minha mãe me segurou pelo braço, gentilmente.

— Filha, eu e sua mãe estamos preocupadas com você — seu rosto refletia preocupação genuína.

— Estou ótima, mãe — retruquei, tentando soar firme.

— Filha, você diz o contrário do que sente. — Ela respirou fundo. — Eu fazia a mesma coisa quando tinha a sua idade.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora