Perspectiva de Song
Já estávamos na última aula do dia: a terrível, temida, odiada aula de matemática. Como eu detestava essa matéria! Parecia que as fórmulas e números tinham feito algum mal para mim em outra vida.
— Quem quer vir resolver esta equação no quadro? — pergunta a professora, com aquele tom animado que ela sempre usava, como se resolver equações fosse a coisa mais empolgante do mundo.
Vários braços se levantaram, claro. Inclusive o do puxa-saco do meu irmão, Chai. Que grupo de nerds idiotas, penso, revirando os olhos. A professora olha ao redor, seus olhos brilhando como se tivesse tido uma grande ideia.
— Que tal a senhorita Song? — ela sugere, me olhando diretamente.
Meu estômago afunda. Sério? Eu? Logo eu? Respiro fundo, me levantando. Aquele quadro parecia a porta do inferno, cheio de símbolos estranhos. Pego o giz com pouca vontade e olho para a equação, que mais parecia uma língua alienígena. Não era pra ter números ali? Desde quando matemática virou aula de letras?
O burburinho dos outros alunos começa atrás de mim. Eu sabia que muitos adorariam rir de mim por não saber resolver aquilo, mas também sabiam que ninguém era corajoso o suficiente para fazer isso na minha frente. Todos me temiam mais do que a vontade de fazer piada.
— Song, é simples. Você consegue. — insiste a professora, como se repetir "simples" fosse um feitiço mágico que me tornaria um gênio da matemática.
Seguro o giz por mais um segundo, então desisto e pouso no suporte.
— Não sei, posso voltar para o meu lugar? — digo, sem paciência.
— Pode. — responde a professora, com um suspiro decepcionado.
Volto ao meu lugar rapidamente, e em poucos minutos, a campainha toca, anunciando o fim da aula. Ufa. Quase todos já haviam saído quando percebo alguém se aproximando.
— Oi! — Era ela. De novo.
— O que você quer? — pergunto, sem esconder o tom grosso.
— Nem nos apresentamos direito. Eu sou Jane, e você é Song, né? Eu ouvi a professora te chamar. — Ela parecia alheia ao meu mau humor, continuando a falar enquanto eu terminava de guardar minhas coisas.
Antes que eu pudesse responder, Raj, o meu amigo idiota, aparece do nada, quase saltando em cima de mim.
— E eu sou o Raj! — diz ele, colocando o braço em volta do meu ombro, tentando se inserir na conversa. Como ele era irritante. Odeio quando me tocam, e ele sabe disso!
Tiro o braço dele de cima de mim.
— Cai fora, Raj! — resmungo. — Vai arrumar o que fazer!
— Nossa, Song, que grossa. — Ele se faz de ofendido. — E então, Jane, você é de onde?
Raj agora está praticamente colado nela, claramente tentando impressioná-la. Patético.
— Ah... da Inglaterra. — responde Jane, desconfortável.
— Olha só, Song! Igual à sua mãe! — ele comenta, sem perceber o quanto estava sendo inoportuno.
Reviro os olhos, terminando de arrumar minhas coisas e me levanto, pronta para sair dali. Raj então solta outra pérola:
— Quer que eu te acompanhe até a saída, Jane?
Suspiro fundo, me viro e olho pra ele com a paciência no limite.
— Sério, Raj? Você não percebe o quão desconfortável ela está? Precisa que ela vomite em cima de você pra entender que não quer papo?
— Caramba, Song! Você é péssima amiga às vezes. Eu só estava tentando... sei lá, seduzi-la. — Ele admite na maior cara de pau, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
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Mon & Sam - Passado e Perdão
FanficApós ser diagnosticada com uma doença que a condenaria à perda dos movimentos, tornando-a dependente dos cuidados de Mon, Sam toma uma decisão drástica: foge da Tailândia. Sem explicar nada a ninguém, nem mesmo à sua esposa, ela embarca para os Esta...