Capítulo 39 - Se Aproveitou De Mim

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Perspectiva de Mon

— Mamãe, por que estamos aqui? — Era Chai, acordando confuso, com Song logo atrás, despertados pelo barulho.

Yuki baixou a frigideira rapidamente, tentando disfarçar o momento, e eu me aproximei dos meus filhos, sem nenhuma desculpa preparada.

— É que eu precisava falar com a tia Yuki e a tia Tee. — Respondi, forçando um sorriso.

— E já podemos ir? — Song bocejou, esfregando os olhinhos. — A mamãe Sam dormiu sozinha.

Respirei fundo ao ouvir minha filha mencionar Sam. Eu não sabia como lidar com aquilo. Sam era a mãe deles, uma mãe que eles amam, e eu precisava encontrar uma forma de enfrentar o que eu sentia por ela naquele momento, sem afetar meus filhos.

— Agora é hora de ir para a escola. Depois a gente fala com a mãe Sam. — Falei, tentando manter a calma.

— Temos que ir em casa pegar nossos uniformes. — Chai apontou para o pijama que ainda vestia.

— Porra. — Soltei sem pensar.

— Mamãe, isso é feio de falar. — Song me corrigiu com uma carinha de reprovação.

— Desculpa, meu amor. Bem... talvez o Raj possa emprestar uns uniformes, assim não precisamos voltar em casa. Né, Tee? Yuki? — Olhei para elas buscando apoio.

— Claro que pode! — Tee respondeu, embora não soasse muito convincente.

— Eu não vou usar uniforme de menino! — Song protestou, cruzando os braços, zangada. — Eu sou uma menina! Quero minha saia!

Suspirei. Song era determinada quando se tratava de suas escolhas, e argumentava como uma adulta.

— Qual o problema de usar calças, filha? — Tentei negociar. — A mamãe também usa calças às vezes! Olha a tia Tee, só usa calças!

— Mas eu não sou vocês! Eu uso saia. É minha identidade, mamãe. — Ela respondeu com uma firmeza que me deixou sem argumentos.

Troquei um olhar com Tee e Yuki, mas ambas estavam tão perdidas quanto eu. Song tinha essa força de vontade que ninguém conseguia quebrar. Bem, só Sam. Ela sempre convencia Song de tudo.

— Tá bom, vamos pegar os uniformes em casa. — Suspirei, sem outra escolha.

— Tem certeza, Mon? — Tee perguntou, preocupada. — Quer que eu vá com você?

— Não, prefiro fazer isso sozinha.

Após dar banho nas crianças, minha mente não parava de voltar a Sam, imaginando o que ela tinha feito enquanto eu cuidava de Chai. "Será que foi com aquela enfermeira?" – pensei, tentando afastar a imagem da cabeça.

Coloquei os dois no carro e dirigi até nossa casa. Ao ver o carro de Duanpen estacionado, respirei fundo. Entramos, e não vi Sam na sala. Alívio. Subimos rapidamente para o quarto das crianças e comecei a apressá-los para se vestirem. Enquanto ajeitava os uniformes, senti um arrepio ao perceber Sam encostada na ombreira da porta, nos observando com um olhar triste.

Virei as costas, decidida a não falar com ela naquele momento.

— Vamos, se vistam logo ou vão se atrasar! — Disse, tentando ajudar Song a colocar a blusa, mas ela escapou e correu para os braços da mãe.

Sam a pegou no colo, oferecendo um sorriso pequeno.

— Bom dia, mamãe! — Song disse, agarrando o pescoço de Sam com carinho.

— Bom dia, filha. — Ela respondeu com a voz suave. — E bom dia, filho. Você está melhor?

Chai se aproximou devagar, abraçando a cintura de Sam.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora