Capítulo 7 - Com Calma

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Perspectiva de Sam

Ela estava chorando há vários minutos ao meu lado. Meu coração implorava para puxá-la para perto, apertá-la contra o meu peito e nunca mais soltar. Mas como eu poderia? Eu a destruí. Jim e Nueng estavam certas. Eu destruí a mulher da minha vida. Cada lágrima que caía de seus olhos era uma faca cravada no meu peito. O peso de cinco anos de ausência pesava em minhas costas, esmagando minha alma. Mon não fazia ideia de como esses anos foram um inferno para mim. Ver meu corpo enfraquecer, perder o controle sobre meus músculos, minha liberdade, foi uma dor insuportável. Eu nunca soube se voltaria a vê-la. Não sabia se algum dia teria a chance de explicar por que fui embora, ou se um dia estaria curada o suficiente para tentar voltar para os braços dela.

Chai apareceu de repente na sala, interrompendo aquele momento doloroso.

— Mamãe... — Sua voz doce.

Mon rapidamente levantou a cabeça, secando as lágrimas o mais rápido que pôde, tentando esboçar um sorriso para o filho.

— Sim, meu amor? — Ela disse, puxando-o para perto de si com uma ternura que só uma mãe como ela pode ter.

— Por que você está chorando, mamãe? — Chai perguntou, passando suas mãozinhas suaves pelo rosto dela.

— Ah, entrou uma coisa no meu olho, mas já saiu, estou bem — ela respondeu, forçando um sorriso maior enquanto olhava para o filho.

— Quero ir para casa, mamãe. O Nop ia jogar videogame comigo hoje. Ele deve estar me esperando — disse ele, com a simplicidade de uma criança que não percebe o caos ao seu redor.

— Claro, filho. Vamos agora mesmo. — Mon o pegou no colo, segurando-o com firmeza, mas sem nem me olhar.

Eu continuava ali, sentada naquele sofá, sentindo-me como uma estranha. O que aconteceu com a minha vida? Como me tornei uma mera observadora da vida de Mon e dos meus próprios filhos, que eu nem conhecia? Ela estava de pé agora, com Chai nos braços, aquele menino que eu deveria ter conhecido desde o primeiro instante. Ele vestia uma camiseta de futebol que era grande demais para o seu pequeno corpo, nunca imaginei meu filho vestido assim, mas confesso que o deixava ainda mais adorável.

— Chai — Mon disse, colocando-o de pé no chão, sua voz carregada de uma força que eu sabia que ela usava para se manter firme. — Esta é a Sam. Acho que você devia cumprimentá-la.

Ele se agarrou às pernas dela, tímido, quase se escondendo.

— Oi... — disse, mal levantando o rosto para mim. — Sou o Chai.

Um sorriso brotou em meus lábios, um sorriso que eu nem sabia que ainda era capaz de dar.

— Oi, Chai. — Minha voz saiu baixa. — Posso te dar um beijinho?

Ele olhou para Mon, buscando sua permissão, e quando ela assentiu, ele se aproximou. Eu segurei sua cabecinha com cuidado, e antes de lhe dar um beijo leve na bochecha, fechei os olhos e aspirei o cheiro dele. Aquele cheiro. O cheiro do meu filho. Meu coração disparou, batendo tão rápido que parecia que ia sair do peito. Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto.

— Sam também tem algo no olho. — Chai disse, limpando a lágrima com a delicadeza de uma criança.

— Parece que sim — murmurei, sorrindo com a tristeza de quem perdeu tanto.

— Chai, vai buscar sua bola e sua irmã. Vamos para casa — Mon disse, sua voz voltando a ser firme, quase urgente.

Quando ele saiu pelo jardim, Mon soltou um longo suspiro. Era como se ela estivesse libertando parte da dor que estava prendendo.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora