Capítulo 19 - A Visita

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Perspectiva de Mon

Acordo confusa, sem entender muito bem o que aconteceu. Minhas roupas estão no chão e Nop saiu furioso, deixando a atmosfera tensa no ar. Rápida, visto-me o mais rápido que consigo, enquanto sinto os olhares curiosos de Song e Sam, ambas com um sorriso enorme no rosto. Um sorriso igual!

— O que se passou? — pergunto, a confusão evidente na minha voz.

— Você e mamãe estavam namorando! — explica Song, a inocência brilhando em seus olhos.

— Não, filha, não estávamos! Estávamos apenas dormindo! — digo, tentando me justificar, mas a palavra "namorando" ecoa na minha mente, fazendo meu coração disparar.

Chai se aproxima do sofá, observando-me enquanto tento ajeitar meu vestido.

— Nua, mamãe? — ele pergunta, levantando uma sobrancelha.

— Estava com calor! — resmungo, tentando me justificar. — Vocês fazem muitas perguntas. Por que acordaram tão cedo?

— Agora é você quem está fazendo muitas perguntas — diz Song, cruzando os braços e fazendo aquela expressão de Sam que, às vezes, me irrita.

— Vou tomar um banho — anuncio, me dirigindo às escadas.

— Mamãe Sam, devia ir com você! — diz Song.

Viro-me, lançando um olhar furioso para o atrevimento da minha filha.

— Não! Khun Sam vai preparar o café da manhã, vocês não podem ficar só comendo cereais! Não é, Khun Sam?

Ela apenas balança a cabeça, dizendo que sim, confusa.

Perspectiva de Sam

A vontade de rir diante de toda aquela cena é enorme. Assim que Mon sobe as escadas, não consigo conter um sorriso idiota que se instala no meu rosto.

— Mamãe! — diz Song, sentando-se ao meu lado, com um brilho curioso nos olhos. — Vocês estavam namorando? Vocês namoram agora?

— Não, filha. A mamãe explicou, só estávamos dormindo — respondo, mantendo o sorriso bobo. — Você é muito atrevida, sabia?

— Sabia! — diz ela, continuando a comer seus cereais coloridos com entusiasmo. — Quer cereais, mamãe?

— Quero!

— Vou fazer para você! — exclama, levantando-se e correndo para a cozinha, enquanto meu coração se aquece ao lembrar de Mon dormindo profundamente no meu peito a noite toda.

— Então, e depois, se a bola sair pelas linhas, o árbitro apita... — Chai tinha começado a me explicar sobre futebol, e eu mal tinha notado, perdida nas lembranças dos beijos que troquei com Mon na noite anterior.

— Sim, muito interessante, filho. Estou começando a entender muito mais sobre futebol — digo, apoiando a mão no queixo e observando os desenhos que ele faz, animado ao meu lado.

— São 90 minutos. Depois, quem marcar mais gols ganha! E eu jogo lá na frente, então sou eu quem marca. Quando eu marco, a mamãe tem que festejar e gritar meu nome! — ele continua, com um brilho de empolgação nos olhos.

— Se você marcar muitos, vou acabar rouca! — respondo, rindo.

Nesse momento, Song aparece com uma tigela de cereais coloridos.

— Toma, mamãe! — diz ela, com um sorriso radiante.

— Obrigada, filha. Que horas é seu jogo, Chai?

— É às 16h!

E, pela segunda vez naquela manhã, a porta de Mon se abre. "Mas todo mundo tem a chave desta casa?", me pergunto, olhando por cima do sofá e vendo Yuki e Tee entrarem com o pequeno Raj.

— Raj!!! — Chai grita, pulando do sofá e quase derrubando minha tigela de cereais.

Os dois se abraçam calorosamente, suas risadas ecoando pela sala.

— Estava explicando para minha mamãe sobre o jogo de logo. Mamãe! — Chai me chama, e eu olho para ele. — Raj também joga na equipe, mas eu sou melhor que ele.

— Não é nada! — Raj retruca, dando um empurrãozinho brincalhão.

Os dois começam uma pequena disputa no chão da entrada. Suspiro, vendo Tee e Yuki se aproximarem, esperando que venham com lições de moral que não encomendei. Elas se sentam no sofá, com expressões curiosas.

— Com que então "mamãe"! — diz Tee, com um sorriso. — Como está sendo a vida de mãe de gêmeos?

— Boa! — respondo, mastigando meus cereais e olhando a televisão desligada, tentando ignorar a conversa.

— Onde está Mon? — pergunta Yuki, olhando ao redor.

— Está no banho — respondo, continuando a comer.

— A mamãe Sam e a mamãe Mon estavam namorando esta manhã! — diz Song, desbocada, sem cerimônia. — Depois o tio Nop chegou, viu, ficou zangado e saiu. A mamãe Mon pediu à mamãe Sam para fazer o café da manhã, mas ela não fez. E depois a mamãe Mon subiu para tomar banho e vocês chegaram!

— Obrigada pelo resumo, Song — digo, abanando a cabeça em incredulidade. — Mas, novamente, eu e a mamãe não estávamos namorando!

— Não liguem, tias. Elas estão em negação. Eu já vi filmes. Elas estavam. — completa Song, com um olhar sagaz.

Respiro fundo, tentando desviar a atenção.

— O que vocês estão fazendo aqui tão cedo? — pergunto, tentando mudar de assunto.

— Podia te perguntar o mesmo! — diz Yuki, cruzando os braços.

— Poderia, mas sendo esta a minha casa, a resposta seria meio óbvia! — retruco, lançando um olhar fulminante para ela.

— Ei, meninas, calma! — diz Tee, levantando as mãos em sinal de paz. — A gente só queria falar com Mon. Ela saiu do jantar ontem com Sua a correr, foi má onda e ficamos preocupadas.

"Mon estava jantando com aquela mulher? Sério?" — penso, sentindo uma pontada de irritação.

— Ela já desce, e podemos todas perguntar por que ela saiu do encontro com essa mulher! — resmungo, cruzando os braços.

Depois de uns cinco minutos de silêncio constrangedor, que só aconteceu porque Song foi brincar no jardim com Raj e Chai, Mon desce, ainda com os cabelos molhados. Apesar de notar Yuki e Tee no sofá, seu olhar imediatamente se dirige para a mesa de jantar.

— O café da manhã? — pergunta, indignada.

— Não sei, talvez você devesse pedir à Sua para fazer — respondo, tentando me manter calma.

— O quê?

Levanto-me e vou para o jardim, encontrar as crianças, deixando Mon sozinha com Tee e Yuki. Não estou afim de discussões nem lições de moral.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora