Capítulo 81 - A Seu Lado

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Perspectiva de Sam

Era manhã, e a realidade de dividir a cama com Mon me fez esquecer por alguns instantes que havia duas adolescentes apaixonadas naquela casa. Mas, depois de tudo, eu não podia simplesmente não dormir ao lado dela naquela noite. Acordei com o som suave de sua respiração, seu rosto lindo descansando na almofada, a boca entreaberta enquanto roncava levemente. Uma visão tão pura que me fez sorrir. Afastei alguns fios de cabelo que caíam sobre seu rosto antes de sair silenciosamente para o banheiro.

Hoje seria o dia em que eu resolveria todos os problemas pendentes da minha família. Eu vivia na casa mais feliz do mundo, com a mulher mais perfeita do mundo, e os filhos mais incríveis. E ninguém, absolutamente ninguém, iria questionar isso.

Ainda era cedo, todos dormiam. Após meu banho, voltei ao quarto e depositei um beijo suave na testa de Mon, que continuava a dormir.

— Farei qualquer coisa por você e nossa família, Mon. — Sussurrei, antes de me afastar e sair do quarto.

Passei pelo quarto de Chai, que dormia profundamente, com o celular caído no chão, uma chamada ainda em andamento. Peguei o telefone e vi que ele estava falando com Kamal, que, do outro lado, ressonava alto. Desliguei a chamada e coloquei o celular sobre a mesinha ao lado da cama.

Aproximando-me do quarto de Song, quase me benzi antes de abrir a porta, já me preparando para o que poderia encontrar. Ao abrir, vi minha filha e Jane dormindo profundamente, abraçadas, como se nada mais no mundo importasse. Um sorriso escapou de meus lábios. Era impossível negar: aquilo era amor.

Fechei a porta com cuidado, peguei minha carteira e as chaves do carro, e segui para o hotel onde os pais de Jane estavam hospedados. Eu precisava resolver aquela situação de uma vez por todas.

Chegando ao hotel, subi até o quarto que havíamos marcado e bati à porta. Fui recebida pelo pai dela.

— Bom dia, senhor John. Peço desculpa pela hora, mas preciso falar com vocês dois.

— Não há nada para conversar, senhora Sam. — Ele respondeu, cruzando os braços em defesa.

Entrei no quarto sem pedir licença. A mãe de Jane, senhora Mary, estava sentada em uma poltrona, tomando chá, que imediatamente pousou ao me ver.

— Sei que para vocês é difícil entender a maneira como minha família funciona. — Comecei, olhando ambos diretamente nos olhos. — Por isso vim aqui explicar. Eu e minha esposa vivemos em uma casa de puro amor. É isso que existe dentro daquelas paredes. Amor. A maioria das pessoas vive vários amores ao longo da vida, mas eu e Mon não. Ela foi meu primeiro e único amor, e eu o dela. Vocês me lembram da minha avó. Ela fez de tudo para nos separar, não aceitava que eu me casasse com outra mulher, ainda mais com alguém de uma classe social inferior. Tentou me deserdar, me obrigar a casar com um homem, tentou afastar Mon de mim... mas não conseguiu. Um amor verdadeiro não se separa. E mesmo que pudesse, o sentimento nunca desapareceria.

Eu respirei fundo e continuei.

— Minha filha é igual a mim. Convicta, determinada no que quer e no que sente. Mas, acima de tudo, foi criada pela Mon, que a ensinou a ser corajosa e a seguir seu coração. Então, sei que se vocês levarem a filha de vocês embora, minha filha a seguirá para onde quer que vá. E, pelo pouco que conheci de Jane, acredito que ela faria o mesmo. Vocês podem tentar impedi-las, eu posso tentar, mas o resultado será sempre o mesmo: elas vão continuar se amando e vão virar o mundo de cabeça para baixo se for preciso para ficarem juntas.

— Elas são apenas adolescentes, senhora Sam. — Disse a senhora Mary, hesitante. — Elas vão esquecer.

— Confie em mim, eu vi como elas se olham. Eu olho assim todos os dias para a minha mulher. Elas não vão esquecer, nem desistir. — Respondi, firme. — Por isso, na proposta que fiz, além de financiar os estudos da sua filha, quero pagar viagens recorrentes à Tailândia para que vocês possam acompanhá-la de perto. Nenhum pai deve ficar longe de seu filho. E pagarei também para que Jane possa visitá-los sempre que quiser. Nada faltará para ela, e nada faltará para vocês. Quando alguém entra na minha casa, entra na minha família, é com amor que cuidamos dessa pessoa.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora