Perspectiva de Mon
Conduzo mais rápido do que deveria até casa, meu coração batendo acelerado. À medida que me aproximo, consigo ver a luz da sala acesa, um pequeno farol de esperança em meio ao meu turbilhão de sentimentos. Estaciono o Duanpen e respiro fundo, tentando reunir coragem.
— Me deseje boa sorte, Duanpen. — murmuro, como se o carro pudesse me entender.
Saio do carro e abro a porta devagar, por não saber se Sam já colocou nossos filhos na cama. Quando entro, um espetáculo inusitado se revela. Sam, Chai e Song estão sentados no chão da sala, transformando meus DVDs de coleção em uma pista de corrida improvisada. "Oh, meu Deus, meus DVDs!!!" A cena é hilária e um pouco trágica ao mesmo tempo. Os filmes estão dispostos em fileiras, formando barreiras e curvas, enquanto cada um dos pequenos segura um carrinho com a determinação de um piloto de Fórmula 1.
— Brrrr... — Sam imita o barulho de um carro, sua expressão infantil me faz sorrir. — O meu é o mais rápido de todos!
— Não é, não, Sam! Olha só! — Chai responde, levando seu carrinho para ultrapassá-la.
— O meu que é! — grita Song, quase pisando em Sam enquanto tenta colocar seu carrinho na linha de chegada.
Decido ficar em silêncio, absorvendo aquele momento de pura alegria. Mas minha presença não passa despercebida.
— Mamãe!!! — Chai e Song correm em minha direção, abraçando-me com força.
A expressão de Sam muda instantaneamente. Ela se levanta, seu semblante se tornando sério.
— Bem, você chegou cedo. Sendo assim, vou indo. — diz, procurando apressadamente sua mala.
— Espera. — peço, ainda com nossos filhos nos braços.
— Não, Mon. Ficou muito claro para mim o que você pediu esta manhã. Me envie esse calendário pelo celular e eu respeito. — Ela tenta sair, dou passos de lado para evitar que saia.
— Eu disse, espera. — insisto.
— Que foi, Mon? — Ela parece irritada, seus olhos lançando faíscas.
Apontei para o chão, um sorriso involuntário se formando em meus lábios.
— Eu não vou arrumar isso sozinha!
Ela percebe a situação e rapidamente solta sua bolsa, chamando Chai e Song para ajudar a organizar a bagunça.
— Bem, filhos, deem-me um beijo. Foi bom estar com vocês. — diz Sam, agachando-se para receber os beijinhos e abraços carinhosos dos pequenos.
— Você não vai nos deitar hoje? — pergunta Song, a inocência em sua voz me partindo o coração.
— Vai sim. — respondo, com um olhar cúmplice.
Sam me observa, e a irritação é palpável entre nós.
— Vão subir e lavar os dentes. Nós já vamos para aconchegá-los na cama. Pode ser? — sugiro, tentando apaziguar a situação.
Chai e Song sobem correndo as escadas.
— Khun Sam... — chamo, mas a resposta dela é rápida.
— Não quero ouvir nada, Mon. — diz, virando-se de costas para mim.
— Eu não vou enviar calendário nenhum para o seu celular. — digo, aproximando-me, meus braços quase a envolvendo por trás, mas a tentação não me vence. — Olha para mim, Khun Sam.
Ela se vira, ainda furiosa, os braços cruzados sobre o peito. Com um gesto decidido, tiro o calendário da bolsa, rasgo-o em pedaços e deixo que caia aos meus pés.
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Mon & Sam - Passado e Perdão
FanficApós ser diagnosticada com uma doença que a condenaria à perda dos movimentos, tornando-a dependente dos cuidados de Mon, Sam toma uma decisão drástica: foge da Tailândia. Sem explicar nada a ninguém, nem mesmo à sua esposa, ela embarca para os Esta...