Capítulo 24 - Nova York

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Perspectiva de Sam

O fim de semana passou, mas ainda não consigo tirar da cabeça aquela noite com Mon. Foi como se tivesse voltado no tempo, uma noite incrível de amor, onde pude sentir de novo a pele da minha Mon. No dia seguinte, levei nossos filhos e Mon para comer camarões do rio, e foi um momento ótimo. Eles adoraram – afinal, são meus filhos! Agora, parece que isso vai virar tradição, porque hoje de manhã, durante o café, Song pediu camarões em vez de cereais. Tentei explicar que não é exatamente o tipo de comida para o café da manhã, mas ela fingiu que não entendeu, e passou o resto da refeição emburrada, sem falar comigo ou com Mon.

Essa noite, dormi no quarto de hóspedes. Mon pediu que fôssemos com calma, dizendo que seria um choque para as crianças nos verem dividindo a mesma cama. Embora eu tenha concordado, sei que na verdade é ela quem ainda não está pronta para isso. Mesmo assim, Jim já trouxe todas as minhas coisas, e agora, aparentemente, moro aqui com Mon e nossos filhos.

Hoje, levei as crianças para a escola. Mon ficou insegura ao me ver dirigir com eles no carro, mas depois de alguma insistência – e do beicinho irresistível de Song e Chai – ela acabou cedendo.

Após deixá-los na escola, fui até a casa da minha irmã, Nueng. Não tenho tido muito tempo para vê-la, e preciso resolver algumas pendências sobre o palácio, nossa herança e as empresas que temos. Quando toco a campainha, Nueng abre a porta com um sorriso pequeno, mas carregado de ironia.

— Estava achando que nunca mais teria a honra da sua presença — disse ela, claramente debochando.

— Desculpa, Nueng, estive... resolvendo meu casamento — resmunguei.

— Entra — ela revirou os olhos e abriu a porta.

Nos sentamos na sala, e sem perder tempo, ela me traz uma pilha de papéis, colocando-a na mesa de centro com força exagerada.

— Tá tudo aí — disse ela, com um tom frio.

Olho para a montanha de documentos. Tudo está misturado, sem organização. Pastas sem etiquetas, folhas dobradas. Suspiro profundamente, tentando processar o caos à minha frente.

— Isso aqui tá uma bagunça! — reclamei.

Ela bufou, impaciente.

— Isso aqui — ela pegou algumas folhas do meio da pilha — é sobre o palácio. Essas são das empresas — ela agarrou outra parte, deixando metade cair no chão — e essas aqui são dos seus filhos.

Puxei a pilha de papéis que ela disse serem sobre meus filhos e comecei a folhear. De repente, algo chamou minha atenção.

— Song e Chai... Phetpailin?! — perguntei, franzindo o cenho. — Eles não têm meu nome! Por que a Mon não colocou meu sobrenome nas crianças? — questionei.

Nueng suspirou, claramente já esperando essa pergunta.

— Talvez porque ela não soubesse de você? — retrucou, com sarcasmo. — Ou talvez porque fui eu que cuidei de tudo, não ela. Se eu colocasse nosso sobrenome, teria que explicar à realeza que há duas crianças suas por aí, sendo criadas por alguém de uma classe social bem diferente da nossa. Eu teria que responder perguntas que não saberia responder! Tipo, como vocês tiveram essas crianças, quais os direitos delas, se são "Khun", se não são, qual o papel delas na realeza...

— Já entendi, já entendi... — cortei antes que ela continuasse. — Eu vou colocar meu nome neles. Eles vão se chamar Khun Chai Anantrakul e Khun Song Anantrakul. Eles vão ter todos os direitos que um membro da realeza tem.

Nueng cruzou os braços e me olhou com desdém.

— Vai mudar o sobrenome deles? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora