Perspectiva de Sam
Jim retorna ao sofá, sentando-se furiosa ao meu lado, e eu sinto o peso do julgamento em seu silêncio.
— Me ajuda, Jim — repito, com a voz trêmula.
— Sam, foram cinco anos! Assim como Mon e eu não fazemos ideia de como foi sua vida nesse tempo, você também não faz ideia de como foi a vida nossa. Não pode simplesmente aparecer e agir como uma idiota! — Jim continua, a raiva transbordando em suas palavras.
— Ao contrário dela, não refiz minha vida com ninguém. Apenas fiquei cuidando da minha saúde — justifico, a angústia crescendo. — Só queria ficar boa e poder voltar para casa.
— Você nunca devia ter fugido! Mas, como decidiu ser uma estúpida, agora vai ter que lidar com o fato de que a vida de Mon continuou! — Jim dispara, sem poupar.
— Ela casou, não foi, Jim? — pergunto, desesperada, meu peito apertando com a ideia.
— Isso é Mon quem deve te explicar — responde.
— Jim, por favor... me dá algo com que eu possa trabalhar para conseguir o perdão dela! — imploro, sentindo meu coração em pedaços.
Jim cruza os braços, o rosto virado para o lado, e responde com uma frieza que corta:
— Não casou. E não é só a ela que você deve desculpas!
Percebo uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto de Jim, que ela tenta esconder de mim. Minha fuga não só feriu Mon, mas também as amigas que ficaram. Eu sei o que me levou a ir embora, mas ao ver Jim chorar, percebo o quanto negligenciei as pessoas que mais importavam na minha vida.
— Desculpa, Jim — digo, tocando sua mão. — Eu me sentia uma inválida, uma inútil... não conseguia me imaginar naquele estado perto de vocês. Vocês não mereciam a pessoa que eu me tornei nesses últimos cinco anos.
Ela puxa a mão de volta, a dor evidente em sua expressão.
— O que não merecíamos era sermos descartadas como se não tivéssemos valor! Foram cinco anos muito difíceis, Sam! Muito difíceis! E eu sei que para você também foi, mas não pense que pode voltar e agir como se tudo estivesse bem! Quem você acha que cuidou da sua mulher esse tempo todo? Quem? — Ela se desfaz em lágrimas. — Mon é como uma irmã para mim, mas era sua função cuidar dela, não minha!
— Eu não podia cuidar de ninguém — respondo, tentando conter meu próprio choro. — Jim, por favor, me ajuda.
— Mon não casou, Sam. Se é isso que veio saber, aqui está. Não casou! Ela passou anos te procurando e esperando, como uma idiota depressiva! Eu e Yuki que a levamos ao médico quando ela não comia, fomos nós que a colocamos na banheira quando ela desistiu de se cuidar. Dormimos agarradas a ela enquanto chorava por noites a fio. Não foi um homem, não foi um "marido"! Foram as amigas dela! Porque é isso que um amigo faz! — Jim grita, a dor de relembrar tudo aquilo evidente em cada palavra.
Ouvir sobre a depressão de Mon me dilacera. Saber que ela sofreu tanto com a minha ausência me destrói por dentro. Em algum lugar dentro de mim, eu desejava que ela tivesse seguido em frente, que tivesse sido feliz sem mim. Mas uma dúvida toma conta da minha mente.
— E as crianças? — pergunto, a confusão transparecendo no meu rosto. — Eles têm o quê? Três anos? Quatro? Quem é o pai daquelas crianças? E por que ele não está com ela? Que tipo de pai de merda deixa uma mulher sozinha com duas crianças pequenas?
Jim se levanta e respira fundo, claramente exasperada.
— Me mostra a chave de Duanpen — ela pede, de repente.
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Mon & Sam - Passado e Perdão
Fiksi PenggemarApós ser diagnosticada com uma doença que a condenaria à perda dos movimentos, tornando-a dependente dos cuidados de Mon, Sam toma uma decisão drástica: foge da Tailândia. Sem explicar nada a ninguém, nem mesmo à sua esposa, ela embarca para os Esta...