Capítulo 61 - Peça de Teatro

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Perspectiva de Mon

Havia passado alguns dias desde o Natal, e o clima entre mim, Sam e os nossos filhos não estava exatamente o melhor. Chai e Song pareciam confusos, sem entender o que tinha nos separado nem o que estava nos aproximando novamente. Eu sabia que precisaria ser forte por eles, e também por Sam. Estávamos em casa, aproveitando um momento de descanso, quando meu celular vibrou com uma mensagem que imediatamente trouxe um sorriso ao meu rosto.

"Só para te dizer que te amo e já estou com saudades de vocês."

Sam estava tentando ir devagar, respeitando minhas inseguranças. Toda vez que nos víamos, a minha vontade era jogá-la na cama e nunca mais sair de lá com ela, mas eu sabia que não conseguiria suportar a dor de tê-la de volta e perdê-la novamente. Por isso, ir devagar era a única solução sensata.

– Recebeu mensagem da mãe? – perguntou Chai, me tirando dos meus pensamentos.

– Como você sabe? – perguntei, surpresa.

– Pela sua cara, mãe – ele respondeu com um sorriso contido.

– Minha cara? – perguntei, confusa, sem me dar conta de que estava com um sorriso bobo estampado no rosto.

– Está com cara de idiota, mãe! – explicou Song, com seu sarcasmo típico.

Olhei novamente para a mensagem e, de fato, percebi que minhas bochechas estavam quentes. Não pude evitar sorrir ainda mais.

Mas o clima leve foi quebrado pela pergunta de Song, com um tom sério.

– E se ela nos abandonar de novo? – seus olhos estavam vermelhos de preocupação, e meu coração apertou ao vê-la tão angustiada.

Me aproximei dela e a abracei com ternura, tentando transmitir segurança.

– Song, sua mãe nunca abandonou vocês – expliquei suavemente. – Foi a mim que ela virou as costas, não a vocês.

9 Anos Atrás...

Era dia de festa na escola de Song e Chai. Eles já estavam com 8 anos, mas, aos meus olhos de mãe, ainda pareciam bebês. A escola tinha organizado uma peça de teatro e Song ia participar. Eu havia enviado o convite a Sam com bastante antecedência, mas ela não me respondeu. Song, ansiosa, me perguntava todos os dias se Sam iria, e eu, sem saber o que dizer, apenas sorria e dizia que esperávamos que sim.

Cheguei à escola e vi um palco montado ao ar livre, com várias cadeiras reservadas para os pais. Encontrei a minha, com um papelzinho escrito "Mãe da Song". Ao lado, estava a cadeira de Sam. Sentei-me e logo avistei Yuki sozinha, que se aproximava com um sorriso.

– Tee não vem? – perguntei, notando a ausência de uma cadeira com o nome dela.

– Ela está viajando a trabalho – explicou Yuki. – Tentou remarcar, mas não conseguiu. – Ela lançou um olhar curioso para a cadeira ao meu lado e perguntou: – Sam vem?

– Não me respondeu – disse, com tristeza evidente na voz. – Mas pedi para colocarem uma cadeira, quem sabe ela não resolve aparecer.

Yuki olhou para mim com empatia.

– Não sei o que é pior: Song não ver a Sam ou ver a cadeira vazia esperando por ela – comentou, um pouco amarga. – Sam não parece o tipo que viria assistir a uma peça de teatro da filha...

– Não fala assim, Yuki – rebati, tentando soar otimista, mas sem muita convicção. – Ela vai aparecer, vai adorar ver a Song no palco.

As cadeiras ao redor começaram a se encher, mas a de Sam continuava vazia. Meu coração afundava a cada minuto que passava. Finalmente, a peça começou. Song apareceu no palco vestida de Olaf, do filme Frozen, provocando risos automáticos na plateia. Ela estava uma gracinha, com seu rostinho emburrado, visivelmente contrariada com o figurino de boneco de neve.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora