Capítulo 74 - Defende Meu Irmão

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Perspectiva de Chai

Estávamos aproveitando a hora de almoço no refeitório da escola. Song e Jane pareciam inseparáveis, e eu, de certa forma, invejava a coragem da minha irmã por não ligar para os olhares que recebiam. Ela segurava a mão de Jane como se não houvesse mais ninguém por perto, como se não importasse o que pensassem. Enquanto isso, eu mal conseguia olhar para Kamal. Nossos amigos sabiam que estávamos juntos, mas para o resto da escola, éramos apenas bons amigos, como sempre fomos.

Ele chegou com sua bandeja e sentou ao meu lado, me lançando um sorriso que me fez derreter.

— Oi — cumprimentei timidamente.

— Oi — ele respondeu, igualmente tímido, mas com aquele sorriso que sempre me encantava.

— Quer ir jantar lá em casa hoje? Pedi pra minha mãe fazer sua lasanha favorita — disse ele, ainda sorrindo.

— Pode ser — respondi, com um sorriso pequeno.

Kamal passou o braço por cima dos meus ombros, e seu sorriso se alargou. Ah, aquele sorriso... Ele era, sem dúvida, o garoto mais bonito da escola. E isso não era só coisa minha; todo mundo comentava.

— Ei, Kamal! — Claro, só podia ser o idiota do Arun chegando.

Arun era colega de turma do Kamal. Sempre que ele não estava comigo ou com o Raj, estava com aquele babaca. Arun tinha essa pose de "valentão" da escola e adorava ser rude comigo e com Raj. Ele achava ridículo Kamal andar com a gente só porque éramos mais novos.

— Fala, Arun, tranquilo? — Kamal respondeu, se levantando para cumprimentá-lo.

— Hoje vai rolar uma festa na praia. Vamos? — Arun perguntou.

Kamal olhou para mim, ainda sorrindo.

— Vamos, Chai? — ele me perguntou.

— Moleques não entram! — cortou Arun. — Só a gente que já tem 18. Posso passar pra te buscar?

— Ah, deixa pra lá, já combinei de passar o tempo com o Chai — Kamal disse, voltando a se sentar ao meu lado.

— E daí? Você fica grudado nele o tempo todo. Daqui a pouco vão achar que você também é um viadinho! — Arun provocou.

— O que você acabou de dizer? — Era a Song, que já estava em pé, quase derrubando Jane do colo. — Repete isso sobre o meu irmão!

Song subiu na mesa, se aproximando de Arun com uma expressão de fúria.

— Calma aí, gata. Seu irmão não sabe se defender sozinho? — Arun debochou.

— Song, para! Você vai acabar arranjando problemas! — tentei puxá-la.

Kamal interveio, pegando minha irmã no colo e a colocando no chão, tentando evitar que a situação piorasse, já que todo o refeitório estava olhando. Quando Song estava fora de perigo, Kamal se virou novamente para Arun.

— Como eu disse, já tenho outros planos.

— Kamal, vão estar lá garotas gostosas! Para de ser idiota! Faz tempo que a gente não sai junto — insistiu Arun.

— Ele já disse que não, seu babaca! — Song gritou, tentando aparecer por trás de Kamal, que bloqueava sua visão.

Arun lançou um olhar de desprezo para Kamal antes de se virar e sair irritado. Assim que ele foi embora, Kamal se sentou de volta, como se nada tivesse acontecido, enquanto Song o encarava de pé, com raiva.

— Sério que você não defende seu namorado? — ela perguntou, com o tom ácido.

— Como é? — Kamal olhou para ela, confuso.

— Vai ficar fingindo que não namora meu irmão? — ela continuou, furiosa.

— Song, para com isso, senta aí. - pedi.

— Covarde de merda — murmurou ela, pegando Jane pela mão e saindo do refeitório, ainda cheia de raiva.

Fiquei ali, calado, sentindo uma onda de decepção. Embora Kamal não tivesse cancelado nossos planos, ele também não teve coragem de dizer a verdade. Terminamos a refeição em silêncio, e assim que acabou, eu saí rapidamente para a próxima aula, deixando Kamal terminar seu almoço sozinho.

Perspectiva de Sam

Num momento de puro desespero, acabei pedindo a Mon que tivéssemos mais um filho. A reação dela foi a pior possível. Claro, eu fui completamente insensível! Eu sabia o quanto ela havia sofrido durante a última gravidez e como enfrentou uma terrível depressão pós-parto. Era óbvio que ela não iria querer passar por isso de novo. E eu? Bem, eu não era a pessoa que iria engravidar. Eu estava ocupada demais com meu trabalho. Não podia simplesmente parar para cuidar de um bebê.

— Desculpa, Mon — pedi, com o peso da culpa na voz. — Apenas saiu da minha boca.

Ela se levantou do meu colo e sentou-se à minha frente, séria.

— Eu vim aqui pra falar sobre a Song — disse, adotando uma postura defensiva.

— Mon, me desculpa. Eu sei que você não quer passar por outra gravidez. Fui insensível — repeti, tentando corrigir meu erro.

— Foi, sim — ela respondeu, direta.

— Me perdoa, Mon — insisti, sabendo que a tinha magoado.

— Eu perdoo, Khun Sam, só não quero mais falar sobre isso. Temos dois filhos, e isso é mais que o suficiente. Tanto que estamos aqui sentadas discutindo sobre um deles!

— Você tem razão — concordei, mas, no fundo, não era bem o que eu sentia.

A verdade é que a ideia de aumentar nossa família me agradava. Queria experimentar a sensação de ter um bebê em casa, ver seus primeiros passos, suas primeiras palavras, acompanhar seu crescimento. Mas, por mais que isso fosse importante para mim, Mon era mais importante ainda.

— Bem, sobre a Song. Ela virá falar com você logo mais. Só peço que seja um pouco flexível com ela — Mon disse, com um tom sério.

— Eu vou tentar, mas não posso prometer nada. Principalmente se ela vier com aquela atitude difícil de sempre! — respondi, cruzando os braços.

— Tipo a sua atitude? — Mon rebateu, ainda visivelmente irritada.

— Eu não sou tão difícil assim! — respondi, convicta.

Minha resposta fez com que ela esboçasse um pequeno sorriso, e aquilo aqueceu meu coração. Mesmo que fosse porque ela me achava difícil, vê-la sorrir já valia a pena.

— Khun Sam... — ela suspirou, parecendo hesitante. — Acho que nossa filha tem muitas dúvidas sobre sexo. Vou deixar essa tarefa pra você, porque eu realmente não consigo lidar com a falta de filtro da Song.

— Eu? Falar sobre isso com ela? — perguntei, quase paralisada.

— Sim — confirmou, se levantando. — E agora, levante-se e venha me dar um beijo!

Obedeci, me levantando rapidamente. Fui até a ponta da mesa, puxei Mon pela blusa e a trouxe para perto. Seus braços se enrolaram ao redor do meu pescoço, e eu a beijei profundamente, deixando minhas mãos deslizarem pela sua bunda redondinha.

— Você quer... — sugeri, apontando para o sofá na minha sala, sem resistir.

— Khun Sam... — ela riu. — Eu tenho que voltar ao trabalho!

— Eu serei rápida — provoquei, arrancando mais uma risada dela.

Mon ficava ainda mais linda quando ria. Ela não fazia ideia de que, desde o momento em que a conheci, meu coração não me pertencia mais. Ele andava com ela, pendurado no pescoço. Ela era dona dele, e sempre seria.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora