Capítulo 30 - A Surpresa

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Perspectiva de Sam

Alguns dias se passaram e minha recuperação correu lindamente. Tão bem que, depois de três dias, Chai, no jardim de casa, insistiu para que eu jogasse futebol com ele. Não saiu exatamente como ele planejava, pois me colocou no gol, com duas pedras marcando as traves, e chutava a bola para eu tentar agarrar. Meus gritos sempre que a bola quase me acertava faziam ele rir, mas aquilo estava longe de ser um jogo de futebol.

Mon tem ido ao escritório todos os dias, e, apesar de não termos mais falado sobre isso, me incomoda saber que há uma mulher dando em cima dela por lá. Eu tenho ficado em casa, passando algum tempo com Jim, mas começo a ficar cansada de não fazer nada. Kirk assumiu a Diversity e eu não estou com a mínima vontade de voltar, de ter que encarar meus antigos funcionários e seus olhares surpresos. Decidi que iria procurar algo novo para fazer, mas, por hoje, ficaria em casa — tinha uma missão!

Acabei de receber uma encomenda enorme que os entregadores gentilmente colocaram no meu jardim. Pelas caixas, pensei que tinham enviado algo por engano, mas, ao abri-las, percebi que estava tudo desmontado. "É nessas horas que lembro que preciso convencer a Mon a contratarmos empregados novamente!" Tirei tudo das caixas e me sentei no chão para ler o manual de instruções. Estava em chinês. E adivinhem: não sei chinês. Minha frustração aumentava até que me lembrei de pedir ajuda a alguém que com certeza saberia o que fazer. Peguei o celular e liguei.

— Alô. Não se importa de vir cá em casa? Preciso da sua ajuda.

Em pouco mais de 40 minutos, tocaram à porta. Ao abrir, dei de cara com Aon e Pohn, os pais de Mon. Meu sorriso se alargou.

— Obrigada por terem vindo! — Digo, dando espaço para entrarem.

— Como você está, Khun Sam? — Pergunta Pohn.

— Estou bem, senhora Pohn. Lamento muito incomodar vocês, mas precisava da ajuda do senhor Aon com uma coisa no jardim.

— Claro, minha filha, vamos lá — ele disse, caminhando comigo até o jardim.

Pohn ficou sentada na mesinha de chá no alpendre, enquanto eu e Aon descíamos para a área relvada. Assim que ele se aproximou, soltou um riso, coçando a cabeça.

— Que caos é esse? — Ele riu.

— Pois é... — Respondi, envergonhada. — Nunca montei nada na vida.

— E isso aqui deveria ser o quê, Khun Sam?

— É um gol de futebol para o Chai. Ele tem usado pedras como gol.

— Uau, que bela surpresa para o meu netinho! Vamos ver o que precisamos para montar isso — disse ele, agachando-se e olhando o manual.

— Está em chinês — eu avisei.

— As imagens bastam. Deixa ver... Primeiro, precisamos de ferramentas. Pode pegar a caixa de ferramentas de vocês?

— Claro! — respondi, sem ter a menor ideia de onde essa tal caixa estaria.

Corri pela sala, pela cozinha, e nada. Revirei portas e armários, mas não encontrei nenhuma maleta de ferramentas. Subi até o nosso quarto, considerando que Mon pudesse ter guardado fora do alcance das crianças. Abri todas as portas do armário até que, finalmente, encontrei uma caixa debaixo da cama.

— Deve ser isso! — Disse, orgulhosa.

Puxei a caixa e logo percebi que não era o que eu procurava. Era pequena demais para ter ferramentas, mas a curiosidade me venceu. Ao abrir, vi uma ecografia, que presumi ser de Song e Chai. Um sorriso se formou no meu rosto enquanto me sentei no chão, encostada à cama, para explorar o que eu achava ser a caixa de lembranças da gravidez de Mon.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora