Capítulo 8 - O Jantar

840 111 7
                                    

Perspectiva de Mon

Já estava tudo pronto para o jantar. Tee e Yuki chegaram cedo e trouxeram o pequeno Raj, que estava entretido no tapete da sala, brincando com Song e Chai. Enquanto ajeitava a mesa pela milésima vez, sentia que manter-me ocupada era o único jeito de não explodir de nervosismo.

– Mon, respira! – Yuki segurou minhas mãos, me impedindo de mexer nos talheres de novo. – Quer cancelar tudo?

– Nem pense! – Tee, sempre firme, disse ao se aproximar. – Isso tem que acontecer, Mon. E, como sempre, estamos aqui do seu lado.

Tee me envolveu em um abraço, beijando minha nuca de um jeito que só ela conseguia fazer, transmitindo carinho e cuidado. Ela era mais do que uma amiga, uma verdadeira irmã mais velha. Naquele momento, tocaram a campainha, e Tee foi abrir a porta. Lá estava Sam, acompanhada de Jim e Kamal.

– Oi, tia Mon! – Kamal correu para me abraçar.

– Oi, meu anjinho! Vá brincar com seus primos, já vou chamar vocês pra jantar. – Falei com a voz calma, mas por dentro era uma tempestade.

Jim me abraçou forte e sussurrou ao meu ouvido: – Falei com ela antes, vai se comportar. – Parecia que falava de uma criança levada.

Sam ficou parada na porta, um pouco desconcertada.

– Entra, Khun Sam – convidei, sentindo uma mistura de nervosismo e nostalgia. – Chai, Song, cumprimentem a Khun Sam.

Meus filhos levantaram do tapete, ajeitando a roupa amarrotada, e se aproximaram dela. Meu coração parecia estar em câmera lenta. Song sorriu para Sam, um sorriso raro e espontâneo. Chai foi mais tímido, mas educado.

Logo depois, o jantar estava pronto. Nop chegou atrasado, mas sempre carinhoso.

– Desculpa a demora, Mon, o trânsito estava um caos! – Ele me abraçou e beijou minha face, trazendo uma energia leve ao ambiente.

– Onde estão meus diabinhos preferidos? – Ele se aproximou de Chai e Song, enchendo-os de beijos.

Nop tirou algo da mochila e entregou a Chai, com um sorriso travesso.

– Olha o que eu trouxe pra você, Chai! Um novo jogo de futebol! Vamos jogar depois do jantar?

Os olhos de Chai brilharam de entusiasmo enquanto ele pulava da cadeira para abraçar Nop.

– Você é o melhor tio do mundo!

Observei Sam de relance. Ela assistia a cena com um olhar perdido, como se estivesse tentando entender o lugar dela naquela dinâmica. Algo me apertava por dentro. A Sam que eu conhecia sempre seria uma presença forte, mas agora... parecia que ela tentava desesperadamente se encaixar em uma vida que não era mais sua.

Sentados à mesa, o clima estava desconfortável. Sam quase não tocava na comida. Song, sempre atenta, quebrou o silêncio:

– Você não gosta da comida da mamãe?

Sam sorriu, forçando uma garfada.

– Gosto sim, é muito boa.

E então veio a pergunta inesperada de Song:

– Se você é irmã da tia Neung, você é nossa tia também?

Todos os adultos pararam. Meu coração gelou, e Tee, com seu timing perfeito, mudou o assunto.

– Então, Mon, como foi seu café com Sua hoje à tarde?

Olhei para Tee em choque. Como ela podia achar que aquele era um bom momento para falar disso?

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora