Capítulo 10 - As Flores

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Perspectiva de Sam

Deixei minha casa com o coração em pedaços. Mon quase me jogou para fora depois de anunciar nosso divórcio. Ok, não me expulsou literalmente, mas era óbvio que não queria mais me ver ali. Acordei no quarto de hóspedes da Jim, mas já estou ficando farta de estar na casa dela. A família é um caos: barulhenta e desorganizada. Adoro a Jim, mas toda essa confusão me sufoca. Hoje, ao menos, acordo com uma missão clara. Não importa o quanto custe, vou reconquistar Mon. Não aceito o divórcio da mãe dos meus filhos, da mulher que é o amor da minha vida.

— Bom dia, Jim — respondo, descendo as escadas já vestida, bolsa no ombro.

— Onde você pensa que vai tão cedo? — Ela pergunta, tomando café com Kamal.

— Vou cuidar da minha vida! — Respondo, com firmeza.

— Espero que isso não signifique ir atrás da Mon para incomodá-la — diz, mas ignoro e saio sem responder.

A primeira parada é na floricultura. Compro um arranjo de lírios brancos e fico ao lado da florista, garantindo que tudo saia perfeito. Quando chego à nossa casa, Duanpen já não está mais lá. Provavelmente Mon já levou as crianças para a escola. Suspiro, ligo o carro e sigo para o próximo destino.

Perspectiva de Mon

Já estou sentada na minha mesa, ajustando a agenda de Tee, que está numa reunião. Enquanto espero que ela termine, aproveito para me organizar. Tenho tantas decisões para tomar, e uma delas é como oficializar o divórcio. Preciso também da ajuda de Tee para resolver sobre um crédito, já que não entendo muito dessas coisas. Passei anos morando na casa de Sam, poupando, e agora finalmente posso proporcionar uma nova vida aos meus filhos.

— Bom dia, Mon — ouço a voz de Sua, doce e atenciosa. — Trouxe café. Percebi que você não teve tempo de tomar.

Sua sempre foi gentil, e aceito o café com um sorriso.

— Obrigada, Sua. Como você está?

— Melhor agora que estou aqui, falando com você.

Quase cuspo o café ao ouvir o flerte óbvio. Geralmente, ela é mais sutil. Sinto minhas bochechas corarem instantaneamente.

— Não seja boba, Sua — digo, tentando mudar o tom da conversa.

— Mon, sei que você provavelmente mantém as pessoas afastadas por ser mãe solteira, sempre colocando seus filhos em primeiro lugar. E eu admiro isso — ela começa, aproximando-se mais.

— Aonde você quer chegar, Sua? — pergunto, um tanto confusa.

Ela acaricia meu rosto com um sorriso, e sinto meu rosto queimar.

— Eu não me importo que você seja mãe. Adoro crianças, e as suas devem ser encantadoras, assim como você — Sua diz, sua voz suave enquanto se inclina ainda mais. — Gostaria de te levar para jantar.

— Sua, eu... eu não sei — gaguejo. — Não tenho tempo. Precisaria pensar.

— Ah, vamos lá. Contrata uma babá. Posso te buscar às 19h?

Ela está praticamente em cima de mim, e antes que eu possa responder, ouço o som distinto de saltos altos ecoando no chão. Me viro e vejo Sam, imóvel, a poucos metros de distância, com um grande buquê de flores nas mãos. Meu coração para por um segundo, mas logo respiro fundo e volto para frente de novo.

— Não quis interromper — diz Sam, com frieza.

Sua pula da minha mesa, ajeitando-se rapidamente, sem nem imaginar quem Sam realmente é.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora