Capítulo 11 - O Beijo

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Perspectiva de Mon

O jantar havia terminado, e Sua foi sempre atenciosa e respeitosa comigo. Durante a noite, falei principalmente sobre meus filhos, como se, nos últimos anos, esse fosse o único assunto que me interessava. Ela ouviu tudo com atenção, sem perder o interesse. Pedi que não fôssemos muito tarde; não queria abusar da boa vontade de Nop e queria poder deitar meus meninos. Ela compreendeu e me trouxe para casa.

Quando Sua estaciona em frente ao portão, ela sai do carro e, com um gesto gentil, abre a porta para mim. Esse gesto me trouxe lembranças de Sam, que sempre fazia questão de me abrir a porta do carro.

— Gostei muito desta noite, Mon — diz Sua com um sorriso suave.

— Desculpa se passei a noite falando só dos meus filhos — respondo, um pouco constrangida. — A verdade é que não saio com ninguém há anos e... — Me atrapalho com minhas palavras, percebendo o que estou assumindo. — Acho que já não sei como é isso de sair com alguém.

— Mon, foi maravilhoso, e adorei te ouvir falar sobre eles. Já sabia que você era uma mãe incrível, mas ouvi-la falar só confirmou isso. — Sua me olha com ternura. — Acho muito sexy o fato de você ser uma mãe tão dedicada.

Sinto minhas bochechas esquentarem. Claramente, não estou acostumada a receber esse tipo de atenção há muito tempo.

— Gostaria de repetir essa noite, Mon — ela diz, com um brilho nos olhos. — Espero que tenha sido tão agradável para você quanto foi para mim.

— Foi, sim — admito, sem conseguir esconder o rubor que se espalha pelo meu rosto.

Antes que eu perceba, Sua se aproxima lentamente, seus olhos fixos nos meus lábios. Meu coração acelera enquanto uma enxurrada de pensamentos invade minha mente: Sam me abandonou; Tee me disse que ela não me merece; Sam não respeita o espaço que eu pedi... E, sem lutar contra esses pensamentos, me deixo levar. Sua se aproxima ainda mais e me beija. Um beijo suave, delicado, mas intenso, e eu aceito. Fazia cinco anos que meus lábios não tocavam os de ninguém.

Perspectiva de Sam

— Desculpa, Chai. Eu não sabia que você não ia gostar desse uniforme. Vou trocar por aquele do time que você mencionou — digo, recolhendo o presente que ele havia jogado de lado.

— Não precisa — ele responde sem entusiasmo. — Eu já tenho vários do Manchester. Nop sempre me dá os uniformes da temporada. Eu uso o maior porque foi tia Nueng que me deu quando foi para a Inglaterra. Ele é autografado pelo meu jogador favorito.

Finalmente, Nop decidiu intervir, parando de ser um mero espectador.

— Chai, não importa. Não é assim que se reage a um presente.

— Tá bom — ele murmura, largando o controle do videogame. — Obrigado — acrescenta, sem muita convicção. — Mas você não precisa me trazer presentes. Eu não me importo com isso.

Enquanto isso, Song estava empolgada, tentando descobrir onde colocar as pilhas em seu novo carrinho. Ao contrário de Chai, ela parecia estar adorando o presente, o que me dava ao menos um pouco de alívio. Ela andava pela casa, abrindo gavetas, procurando pilhas. De repente, ela parou em frente à grande janela que dava para a entrada da casa e deixou o carrinho cair no chão.

— Algum problema, Song? — perguntou Nop, após o estrondo do carrinho batendo no chão.

— Mamãe está lá fora — disse Song, apontando.

Chai, curioso, pulou do sofá com um sorriso no rosto e correu para olhar pela janela.

— Eca! — exclamou ele, fazendo uma careta. — Mamãe está beijando uma mulher!

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora