Perspectiva de Sam
Saí do banheiro, encharcada, tentando recuperar um pouco da sobriedade. A dor de cabeça latejava, tornando cada pensamento confuso e difícil de organizar. Olhei ao redor e não havia sinal de Mon pela casa. Será que ela subiu para dormir? Mas, então, por que tinha a sensação de que ela estava comigo no banheiro? As memórias se misturavam na minha cabeça — flashes dela me beijando, encostada na parede... E depois me dando banho? Ou será que eu estava imaginando tudo?
— Ai, minha cabeça... — murmurei, pressionando as têmporas.
Subi até o andar dos quartos e, ao abrir a porta do nosso quarto, encontrei a cama desarrumada, mas sem sinal de Mon ou das crianças. O mesmo cenário me esperava no quarto dos meus filhos. O relógio marcava seis da manhã. "Onde eles estão?" pensei, sentindo a inquietação crescer.
Peguei meu celular, mas não havia nenhuma mensagem de Mon. Decidi ligar, mas a chamada foi direto para a caixa postal. A preocupação aumentava. Onde diabos minha mulher e meus filhos tinham ido? Desci as escadas e abri a porta da frente, verificando se o carro dela ainda estava lá. Não estava.
— Porra, Mon! Onde você foi? — murmurei, a voz carregada de frustração. — Ai, não acredito que vou ter que fazer isso...
Procurei um contato no meu celular e, relutante, liguei.
— Alô? — A voz de Nop atendeu, irritante como sempre.
— Onde está minha mulher? — Perguntei, sem rodeios.
— A Mon não está em casa? — Ele respondeu, com um tom preocupado.
— Ah, claro que está, Nop! Liguei pra você só pra confirmar o que eu já sabia, né? — ironizei, sentindo a raiva crescer.
— Ah, Sam, me poupe. Tchau! — Ele desligou na minha cara, e isso só aumentou minha fúria.
Parei por um segundo, tentando manter a calma. Se Mon não estava com aquele idiota, só havia mais uma pessoa para onde ela poderia ter ido. Procurei o número de Yuki no celular, mas sabia que ela não iria atender — ela nunca foi minha maior fã. Suspirei e liguei para Tee.
— Alô, Tee?
— Alô, Sam. — Ela respondeu em um sussurro quase inaudível.
— Fala mais alto, caramba! Não estou te ouvindo! — rosnei, impaciente.
— O que você quer? — ela continuou sussurrando, o que só aumentava minha irritação.
— Não sei onde estão Mon e os meninos! Eles estão aí? — perguntei, a tensão evidente na minha voz.
— Estão... — Tee respondeu ainda em um sussurro.
— Ótimo, vou pra aí agora! — decidi, já pegando as chaves.
— Não! — Ela finalmente elevou a voz. — Sam, acho melhor não. Mas fica tranquila, seus filhos estão dormindo aqui.
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, desliguei o celular. "Quem ela pensa que é para me dizer o que fazer?"
Acelerei o carro em direção à casa de Tee, o coração batendo mais rápido a cada curva. Mon devia estar furiosa por eu ter saído de casa enquanto Chai passava por uma crise. Eu fui uma idiota completa! Precisava desesperadamente explicar tudo, mas como poderia? Como explicar o medo sufocante de não ser suficiente para meus filhos?
Quando chego à casa de Tee, bato à porta com força, o som ecoando pela vizinhança. "Porra, Mon, sair assim sem me dizer nada?" Quem abre a porta é Tee, com uma expressão tensa no rosto.
— Me deixa entrar. — ordeno.
— Não posso, Sam. — diz Tee, com uma tristeza no olhar.
— Para de ser idiota, o que você vai fazer? Sequestrar minha mulher e meus filhos? — minha paciência estava no limite.
— Porra, Sam, como você pôde? — a decepção na voz dela era palpável.
— Porra, Tee, me deixa entrar! — minha voz subiu mais.
Antes que Tee pudesse responder, Yuki apareceu na porta, segurando uma frigideira como se fosse um taco de beisebol.
— Sai daqui! Fora! Sai da minha casa! — ela gritou, com uma fúria inesperada.
Tee tentava abaixar a frigideira de Yuki, mas havia um receio em seus gestos, como se temesse que Yuki pudesse, de fato, me atacar com aquilo.
— Vocês estão loucas? — pergunto, incrédula com a cena ridícula que estavam fazendo. — Me deixem ver Mon! Eu preciso falar com ela! Mooooon! — grito, desesperada.
— Eu disse para você dar o fora! — Yuki gritou de novo, aproximando ainda mais a frigideira de mim.
— Caramba, eu só bebi! Nunca ficaram bêbadas na vida? Baixa essa merda, Yuki! — explodo, já sem paciência. — Mooooon!
— Vai embora, Sam! — Tee tentou me empurrar suavemente para fora, mas eu resistia.
— Mooon! — meu grito saiu mais forte, o desespero aumentando.
De repente, Mon apareceu. Ela afastou Tee e Yuki com um gesto rápido e veio diretamente em minha direção, me empurrando com força.
— Cala a boca, Khun Sam! Vai acordar meus filhos! — ela resmungou furiosa, a raiva transparecendo em cada palavra.
— Nossos filhos, Mon! Nossos! Por que você saiu com eles no meio da noite? Tá maluca? — retruquei, ainda mais irritada.
— Sério? Sério que você vem aqui gritar comigo? — ela rebateu, incrédula.
Eu respirei fundo, percebendo que gritar não ajudaria. Eu era quem havia cometido o erro, precisava me acalmar.
— Desculpa, Mon. Acordei preocupada... — tento suavizar a voz. — Desculpa por ter saído de casa ontem e por ter bebido. Me senti uma inútil quando Chai preferiu o conforto daquele idiota ao invés do meu.
— Você acha que eu sairia de casa por causa de uma cena de ciúmes sua? — ela me empurrou de novo, a raiva fervendo. — Você acha que sou burra?
— Não estou entendendo... — respondi, confusa.
— Porra, Khun Sam! Você quer mesmo me fazer de idiota? — ela gritou, a frustração explodindo. — Eu confiei em você. Depois de cinco anos, me entreguei de novo! E é assim que você me retribui? Me traindo, sua idiota?
— Traindo? Você está louca? — perguntei, chocada com a acusação.
Mon se aproximou, segurou minha blusa e, com um movimento violento, rasgou-a, fazendo os botões voarem. Em segundos, meu tronco estava exposto. Tee e Yuki olhavam chocadas, balançando a cabeça em descrença. Quando olhei para baixo, vi marcas pelo meu corpo — arranhões, batom, chupões. Meu coração disparou, e uma confusão tomou conta de mim.
— Foi você! — eu disse, atônita.
— Não, não fui! — Mon gritou, me empurrando de novo. — Desaparece daqui! Desaparece da minha vida, Khun Sam!
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela bateu a porta na minha cara com tanta força que a madeira tremeu, deixando um silêncio doloroso no ar.
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Mon & Sam - Passado e Perdão
FanficApós ser diagnosticada com uma doença que a condenaria à perda dos movimentos, tornando-a dependente dos cuidados de Mon, Sam toma uma decisão drástica: foge da Tailândia. Sem explicar nada a ninguém, nem mesmo à sua esposa, ela embarca para os Esta...