Capítulo 12 - A Noite

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Perspectiva de Mon

Enquanto a dor física de Sam começava a diminuir, eu sentia algo maior crescendo dentro de mim: um desejo profundo de confortá-la. Ver Sam vulnerável, chorando, lutando contra a própria dor, fazia com que algo em mim se quebrasse lentamente. Por anos, evitei esse momento, mas ali, naquele corredor, tudo o que eu queria era abraçá-la e nunca mais soltar.

— Parece que está um pouco melhor agora... — Murmurei, observando sua perna que, com alguma dificuldade, voltava a mexer.

— Me desculpa... — Ela respondeu, a voz embargada, os olhos baixos. — Eu só queria deitar as crianças... Você parecia tão exausta...

— Não peça desculpa. — Me aproximei um pouco mais, sentindo minha própria voz trêmula. — Consegue se levantar?

Ela tentou se erguer, mas seus movimentos ainda eram lentos, e a dor parecia pesar sobre ela. Sem pensar, coloquei seu braço sobre meus ombros.

Ela olhou para as escadas à frente e suspirou.

— Podemos ficar mais um pouco aqui? Não sei se consigo descer agora.

Havia uma fragilidade em sua voz que partia meu coração. Sam, sempre tão forte, agora estava pedindo um momento de descanso.

— Não precisa descer. — Disse, quase em um sussurro, guiando-a com cuidado em direção ao meu quarto. — Vem.

Cada passo era lento, pesado. Quando finalmente a deitei na cama, pude ver o alívio em seu rosto enquanto se acomodava, como se a dor estivesse, aos poucos, sendo aliviada. A visão dela ali, tão fragilizada, fazia meu coração acelerar e ao mesmo tempo apertar.

— Você tem que tomar mais algum remédio? — Perguntei, minha voz saindo mais preocupada do que queria.

— Não, só amanhã. — Ela respondeu, os olhos se fechando por um instante. — Só preciso de uma horinha pra dor passar totalmente... Depois eu saio daqui, Mon.

— Não precisa sair. — Repliquei, ajeitando o travesseiro sob sua cabeça. — Pode ficar. Eu durmo no sofá hoje.

Eu me levantei, indo até o closet, onde meu coração bateu mais forte quando abri a porta que mantive fechada por tantos anos. Era onde eu guardava suas coisas... as coisas de Sam.

Respirei fundo, sentindo um misto de nostalgia e dor ao pegar um de seus pijamas de seda. Se Yuki soubesse que nunca me desfiz dessas roupas, provavelmente me daria um soco. Voltei para o quarto, colocando o pijama na cama.

— Esse é meu pijama. — Ela disse, a voz quase surpresa.

— Sim, é. — Confirmei, me ajoelhando ao lado dela que estava sentada na ponta da cama, começando a desabotoar sua camisa, mas ela segurou minhas mãos, seu olhar firme no meu.

— Eu... não quero que faça isso, Mon.

Seu pedido era frágil, mas eu o ignorei. Eu precisava cuidar dela. Era o mínimo que podia fazer.

— Eu quero. — Disse, determinada, enquanto continuava a desabotoar sua camisa.

Sam me olhava intensamente, mas não disse mais nada. Ao remover sua camisa, fiquei por um momento imóvel, observando-a com carinho. Ela estava apenas de sutiã, e eu sabia que precisaria removê-lo para vestir o pijama. Meu coração batia mais forte, mas não por constrangimento... era algo mais profundo. Uma dor de saudade, de carinho, de tudo o que fomos e do que ainda poderíamos ter sido.

Com delicadeza, removi seu sutiã, tentando não demonstrar a avalanche de sentimentos que aquilo me causava. Puxei a blusa preta de seda do pijama e a ajudei a vestir. Em seguida, desabotoei suas calças, e Sam me ajudou a retirá-las, ficando ali, tão vulnerável, tão exposta... Puxei os shorts de seda pelo corpo dela com cuidado, e por um instante, meus olhos se fixaram em suas pernas. Toquei sua coxa direita, onde ela havia sentido tanta dor.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora