Capítulo 6 - Mon VS Sam

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Perspectiva de Mon

O táxi acabou de nos deixar na casa de Jim. Arrastava Chai pelo braço enquanto ele tentava segurar sua bola de futebol debaixo do outro. "Não acredito que a Khun Nueng trouxe minha filha para perto de Sam! Onde ela estava com a cabeça?". Começo a tocar a campainha insistentemente até que Nueng abre a porta. Apenas ela e Sam estão na sala, mas ignoro completamente. Tenho uma missão.

— Onde está minha filha, Khun Nueng? — pergunto, furiosa. — Song! Song! — grito pela casa.

Rapidamente, minha pequenina desce as escadas com um enorme sorriso, enquanto Jim e Kamal descem calmamente atrás dela. Ela corre para meus braços.

— Olá, mamãe! — diz ela, sem perceber a fúria que me consome.

— Você acha normal sair de perto de mim sem me avisar, Song? Acha? — pergunto, com a voz tremendo de raiva.

Viro-me para Nueng, sem permitir que meu olhar cruze com o de Sam.

— E você acha normal trazer minha filha para cá sem meu consentimento, Khun Nueng?

— Desculpa, Mon. Não pensei — ela responde, mas sua explicação não acalma minha indignação.

Coloco Song no chão e arrasto meus filhos quase à força para fora daquela casa. Chegando à porta, percebo que não tenho carro. Minha fúria explode ao ver Duanpen estacionada; Sam realmente levou o carro sem me avisar. Viro-me para Nueng, sem conseguir conter a raiva.

— Me leva para casa, Khun Nueng! — exijo, com a voz elevada.

— Mas Duanpen está ali, mãe — diz Chai, apontando.

— Esse carro já não é nosso, filho! — digo, mantendo os olhos fixos em Nueng e me negando a olhar para Sam.

Sam se aproxima de nós, mas não posso encará-la.

— Desculpa, Mon. Toma a chave — ela diz, estendendo a chave com o chaveiro que tem os nomes dos meus filhos.

Pego a chave, retiro os nomes em aço e coloco no bolso, deixando a chave do carro cair no chão.

— Me leva, Khun Nueng! — insisto, a voz embargada pela raiva.

— Mãe, olha a chave! — diz Chai, se abaixando para pegá-la.

Puxo meu filho para evitar que ele a pegue. Nueng se aproxima.

— Vamos, Mon — diz ela, colocando a mão nas minhas costas para me guiar.

— Não! Por favor, fica! Quero falar com vocês — Sam implora.

Parei por um segundo de costas para Sam e respirei fundo. Mordi os lábios de raiva, apertando as mãozinhas dos meus filhos. Tomo coragem e me viro para ela, com os olhos transbordando a dor de cinco anos de sofrimento.

— Fala! — grito, a voz cortante.

— Podemos nos sentar? — ela pergunta, triste.

— Mon, eu posso levar os meninos lá para fora enquanto vocês conversam — sugere Jim.

Meus olhos se fixam em Sam. Meu corpo ferve de raiva. Não respondo, paralisada diante da mulher que me destruiu. Jim, sem esperar minha resposta, pega Chai e Song no colo e sai em direção ao jardim, me deixando ali sozinha com Sam.

— Até já, tia Sam! — ouço minha menina dizer, e essas palavras são como uma facada no meu coração.

Assim que a porta de vidro do jardim se fecha. Continuo fixada no chão, como se estivesse colada, com o olhar fixo em Sam. Fazia anos que não via aqueles olhos, mas mesmo assim, reconheço aquele olhar nos meus filhos.

Mon & Sam - Passado e PerdãoOnde histórias criam vida. Descubra agora