Perspectiva de Sam
A tensão no ar era palpável. Desde que Arya entrou no quarto, pude ver o desconforto de Mon crescendo até culminar na total desilusão quando percebeu que eu preferia passar mais tempo no hospital do que voltar para casa. Vê la assim me partiu por dentro.
— Arya, nos deixe a sós, por favor. — Pedi, tentando manter a calma.
Assim que ela saiu, Mon me lançou um olhar fulminante. Seu rosto estava carregado de ressentimento.
— Senta aqui, Monmon, por favor. — Pedi suavemente, apontando para o lado da cama.
Ela se sentou, mas de braços cruzados, visivelmente contrariada. Senti um nó na garganta. Respirei fundo, buscando coragem.
— Mon, minhas pernas estão doendo muito... Arya cuidou de mim por cinco anos. Não é tarefa fácil... — Tentei explicar, mas sabia que havia mais por trás da minha hesitação. — Eu vou voltar para casa esta noite, vou voltar para você e para nossos filhos... sem dores.
Mon não disse nada. Seu silêncio foi mais ensurdecedor do que qualquer resposta. Ela se levantou abruptamente, pegou Song no colo e arrastou Chai para fora do quarto, deixando-me sozinha. A sensação de abandono me atingiu em cheio. Uma pequena desilusão se instalou, sufocando qualquer resquício de esperança.
Poucos minutos depois, Arya voltou ao quarto.
— Então... sozinha? — Perguntou com uma leve provocação na voz.
— Não vê que sim? — Respondi irritada, minha paciência se esvaindo rapidamente.
Ela puxou uma cadeira e se acomodou ao lado da cama, ignorando meu estado de espírito.
— Sua esposa tem um temperamento difícil... Não sei como vocês conseguem ficar juntas sem se matarem. — Comentou rindo, como se aquilo fosse uma piada leve.
— Não fale de Mon, Arya. Já pedi a você isso tantas vezes ao longo desses anos. Mon não tem temperamento difícil... Ela é gentil, divertida. Só não gosta de você. - Respondi.
— Não gosta de mim? O que eu fiz? Mal me conhece! - Arya parecia ofendida, mas eu nem me importava.
— Você está muito em cima de mim! - Exclamei, empurrando os braços dela que estavam próximos demais. - Se eu visse você fazendo o que faz comigo com Mon, eu te sufocaria com minhas próprias mãos. Mas ela não fez isso. Ela é... muito amável. — Minha voz suavizou ao falar de Mon.
— Vocês têm uma forma estranha de ver a vida. - Arya disse, levantando-se. — Bem, vamos cuidar dessas pernas. Vamos fazer os exercícios de fisioterapia como em Nova York, ok?
Nesse momento, Mon voltou ao quarto, sem as crianças. Ela parecia mais calma. Ela não havia ido embora.
— Voltaste. — Sorri. — Não se despediu de mim, Mon. — Falei, forçando um tom brincalhão, mas ela cruzou os braços e não cedeu.
— Claro que voltei. Não vou a lugar nenhum. — Respondeu, fria. — Fui deixar Song e Chai com Jim. Ela os levou para casa. E fui estacionar Duanpen, teve sorte de ela não ter sido roubada, já que deixei a chave na ignição.
— Vai ficar aqui? - Perguntei, com algum nervosismo.
Ela me ignorou e olhou para Arya, determinada.
— Certo, me conta o que eu preciso fazer se isso voltar a acontecer! Mas não vai acontecer de novo, porque agora eu mesma vou cuidar da sua medicação, Khun Sam! — Mon disse, com os olhos fixos em mim.
— Bem, se a Sam não tomar a medicação e tiver passado apenas uma ou duas horas, ela pode tomar o remédio e em poucos minutos começa a sentir as pernas de novo. Em uma ou duas horas as dores desaparecem. Se for algo como hoje, que esperamos não se repetir, pode demorar bem mais tempo. Mas, Mon, ela não pode deixar de tomar a medicação, senão o quadro pode regredir — explicou Arya.
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Mon & Sam - Passado e Perdão
FanfictionApós ser diagnosticada com uma doença que a condenaria à perda dos movimentos, tornando-a dependente dos cuidados de Mon, Sam toma uma decisão drástica: foge da Tailândia. Sem explicar nada a ninguém, nem mesmo à sua esposa, ela embarca para os Esta...