Lis Alcantra pov's
Lembro perfeitamente da primeira vez que vi Gabriel. Era uma tarde quente no Rio de Janeiro, o tipo de dia em que a cidade parecia pulsar com uma energia própria. Eu estava em uma festa na casa de uma amiga da faculdade, Letícia. Ela tinha mencionado que alguns jogadores de futebol iriam aparecer, mas eu não estava exatamente empolgada com isso. O universo de festas, fama e badalação nunca me atraiu muito. Para mim, era mais uma oportunidade de relaxar depois de uma semana cansativa de provas e estudos.
Cheguei à festa sem grandes expectativas, tentando me enturmar, embora festas grandes nunca tenham sido meu forte. Eu circulava entre os convidados, observando de longe o grupo mais animado perto da piscina. O som da música alta, as risadas e as conversas fluíam como um pano de fundo constante.
Foi então que eu o vi pela primeira vez.
Gabriel estava no meio de uma roda de amigos, rindo alto, uma cerveja na mão. Seu sorriso era marcante, contagiante. Ele tinha um jeito confiante, o que fazia sentido, considerando sua posição como um dos jogadores mais badalados do Flamengo. Mas o que mais me chamou atenção não foi o fato de ele ser famoso, mas a forma como ele parecia iluminar o ambiente. Tudo e todos ao redor dele gravitavam para o seu carisma.
Eu, no entanto, não fui imediatamente capturada por ele. Estava acostumada a ver homens como Gabriel de longe, com suas vidas intensas e cheias de atenção. Eu tinha minhas próprias barreiras, meus medos de me envolver com alguém assim. Ainda assim, naquela tarde, havia algo que me intrigava. Algo no jeito que ele parecia genuíno, mesmo em meio a tanta gente tentando chamar sua atenção.
— Ei, você é amiga da Letícia, né? — A voz dele me pegou desprevenida. Gabriel tinha se aproximado de mim sem que eu percebesse, e seu sorriso brilhante parecia ainda maior de perto.
Eu me virei, tentando disfarçar meu nervosismo. Não sabia como reagir a ele, mas também não queria parecer desinteressada ou hostil.
— Sim, sou — respondi, tentando soar natural, mesmo sentindo meu coração acelerar um pouco. — E você é...?
Ele riu, como se fosse engraçado eu não saber exatamente quem ele era. Mas não parecia arrogante, apenas surpreso.
— Gabriel. Mas pode me chamar de Gabigol, todo mundo chama — disse ele, estendendo a mão.
Eu apertei sua mão, tentando esconder meu desconforto. Havia uma tensão estranha no ar, uma mistura de curiosidade e apreensão. Ele estava ali, me olhando com aquele sorriso fácil, mas eu não conseguia ignorar o fato de que ele era Gabriel Barbosa, o jogador, o astro. Eu era apenas uma estudante, uma mulher normal com uma vida completamente diferente da dele.
— Você gosta de futebol? — ele perguntou, puxando conversa.
— Não muito, para ser sincera — admiti, encolhendo os ombros.
Ele ergueu uma sobrancelha, claramente surpreso.
— Sério? Uma carioca que não gosta de futebol? Isso é raro.
Eu ri, relaxando um pouco mais.
— Acho que sou uma exceção à regra — respondi, brincando.
Gabriel parecia genuinamente interessado. Ele continuou fazendo perguntas sobre mim, sobre o que eu estudava, como era minha vida. O que me surpreendeu foi o quanto ele parecia... normal. Não havia aquela pompa que eu esperava de alguém famoso. Ele era engraçado, leve, e nossa conversa fluiu de maneira inesperada.
Com o tempo, percebi que estávamos falando há mais de uma hora. A festa continuava ao nosso redor, mas era como se estivéssemos em uma bolha, isolados do restante. Eu me sentia estranhamente confortável, algo que raramente acontecia com alguém que eu acabara de conhecer.
— Você me surpreendeu, Lis — ele disse, de repente, seu tom mais sério. — Achei que você fosse só mais uma dessas pessoas que me tratam diferente por causa da fama, mas você... não liga para isso, né?
Eu fiquei em silêncio por um momento, pensando na resposta.
— Não ligo, Gabriel. Para mim, você é só uma pessoa. O que você faz é incrível, mas não é isso que te define, sabe?
Ele me olhou por alguns segundos, como se estivesse tentando entender completamente o que eu havia dito. Aquele momento, aquela troca de olhares, foi o ponto de virada. Algo mudou entre nós ali. Eu podia ver em seus olhos que ele também sentia.
A noite continuou e, quando me dei conta, estávamos na beira da piscina, os pés tocando a água, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Gabriel me fazia rir como ninguém. Havia uma leveza em estar com ele que eu não esperava. A certa altura, ele colocou a mão sobre a minha, um toque sutil, mas que carregava uma intensidade que eu não estava preparada para sentir.
— Eu gostei de te conhecer, Lis — ele disse, seus olhos fixos nos meus.
Senti meu rosto esquentar, um nervosismo bom tomando conta de mim. Gabriel tinha um jeito de fazer você se sentir a pessoa mais importante do mundo quando ele estava ao seu lado. Eu sorri de volta, sem saber exatamente o que dizer.
— Eu também gostei de te conhecer — respondi, tentando não me perder naquele olhar intenso.
Quando a festa terminou, Gabriel insistiu em me levar para casa. No carro, o silêncio era confortável. Ele me olhava de vez em quando, como se estivesse gravando cada detalhe do meu rosto, e eu me perguntava o que ele via em mim. Eu não era como as outras mulheres que, sem dúvida, estavam ao redor dele o tempo todo. Eu era simples, comum. Mas, por alguma razão, ele parecia genuinamente interessado.
— Posso te ver de novo? — ele perguntou quando chegamos em frente ao meu prédio, sua voz suave, quase hesitante.
Eu hesitei por um segundo, mas logo senti uma onda de curiosidade e desejo me atravessar. Gabriel era um mundo que eu não entendia completamente, mas havia algo nele que me atraía. Algo que eu não conseguia ignorar.
— Sim, claro — respondi, e antes que eu pudesse me arrepender, ele sorriu.
Aquele sorriso foi o início de tudo. No começo, as coisas foram leves, simples. Nos víamos de vez em quando, sempre quando ele estava de folga, sempre entre compromissos e jogos. Mas, aos poucos, a relação foi se transformando. Eu fui me envolvendo mais do que deveria, me deixando ser levada pelo carisma, pela intensidade de Gabriel. Não demorou muito para que eu percebesse que já estava completamente dentro desse mundo caótico.
Mas, naquela noite, ao lado da piscina, quando tudo começou, eu não tinha como saber. Eu não sabia que, ao deixar Gabriel entrar na minha vida, também estava abrindo a porta para uma tempestade de sentimentos, expectativas e, inevitavelmente, decepções.
Eu só sabia que, por algum motivo, estava disposta a descobrir até onde aquilo nos levaria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Cicatrizes e Silêncios-Gabigol
FanfictionSinopse: "Você não vê que está me destruindo?" "Então, por que não me deixa aqui de uma vez?" "Porque eu me importo com você, mais do que deveria." Gabriel Barbosa, ex-camisa 10 do Flamengo, agora carrega o número 99, que simboliza o infinito - assi...