Capítulo 31: Entre Promessas e Dúvidas

14 0 0
                                    

Lis Alcantra pov's

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Lis Alcantra pov's

O vento frio batia contra o meu rosto enquanto eu observava as luzes da cidade pela janela. Era estranho como, depois de tanto tempo, eu ainda conseguia sentir meu coração acelerar ao pensar em Gabriel. As coisas entre nós tinham mudado tanto. Havia uma profundidade, uma intimidade que não existia antes, mas também uma incerteza que me fazia hesitar.

Eu o vi jogar hoje. O brilho nos olhos dele, a determinação, a maneira como ele dominava o campo — era quase como ver um outro Gabriel. Ele parecia tão seguro de si, tão poderoso. Mas eu sabia que, por trás daquela confiança, havia dúvidas e lutas que ele ainda não compartilhava comigo completamente. E talvez essa fosse a parte que mais me doía. Nós estávamos tão próximos, e ainda assim, às vezes, sentia que ele mantinha uma parte de si trancada.

O som da porta se abrindo me tirou dos meus pensamentos. Ele entrou, com um sorriso cansado, mas satisfeito. Eu já tinha mandado uma mensagem dizendo o quanto estava orgulhosa, mas vê-lo ali, de carne e osso, depois de toda a tensão do jogo, me encheu de um alívio silencioso.

— Como você está? — perguntei, enquanto ele se aproximava.

— Exausto, mas feliz. E você? — Ele sentou ao meu lado, seus olhos fixos nos meus.

Tinha algo em seu olhar que parecia diferente. Um brilho de esperança misturado com cansaço. Ele estava tentando, isso era evidente. Tentando ser o homem que achava que eu merecia, tentando me mostrar que o passado estava realmente ficando para trás. Mas havia algo que me preocupava, algo que eu não conseguia ignorar.

— Estou bem, mas... — hesitei, tentando encontrar as palavras certas. Eu sabia que precisava ser honesta com ele, mas temia como ele reagiria.

— Mas o quê? — Ele perguntou, virando-se para mim, a expressão agora mais séria.

Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Se íamos continuar juntos, precisávamos ser sinceros, mesmo que isso significasse abrir feridas que ainda não estavam completamente curadas.

— Sinto que, mesmo depois de tudo o que passamos, você ainda mantém parte de si afastada de mim. Como se ainda houvesse algo que você não está pronto para compartilhar — disse, minha voz mais baixa do que pretendia. — Eu sei que as coisas mudaram, Gabriel, e eu sou grata por isso. Mas às vezes eu me pergunto se estamos realmente prontos para dar o próximo passo.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, e eu pude ver a luta interna em seus olhos. Não era a resposta que ele esperava ouvir, mas era a verdade. Eu amava Gabriel, mas tinha medo de construir algo sobre uma fundação de segredos e inseguranças.

— Eu entendo o que você está dizendo — ele finalmente respondeu, sua voz séria. — E você tem razão. Às vezes, sinto que estou me segurando, com medo de deixar você ver partes de mim que nem eu mesmo consigo entender completamente. Mas eu estou tentando, Lis. Eu quero que isso funcione.

— Eu sei que você está tentando — disse, tocando sua mão. — Mas precisamos de mais do que isso. Precisamos estar completamente abertos um com o outro. Não posso carregar esse relacionamento sozinha, Gabriel. Eu preciso de você aqui, por inteiro.

Ele assentiu, mas eu sabia que isso não seria fácil. Eu podia ver a batalha nos olhos dele, a luta entre o que ele queria ser e o que ele achava que poderia oferecer. Estar com Gabriel era como estar em uma corda bamba, sempre tentando equilibrar o presente com o passado, o amor com a dor.

Eu me levantei e caminhei até a janela, olhando para o horizonte escuro da cidade. Lá fora, tudo parecia calmo, mas dentro de mim, havia uma tempestade. Eu queria acreditar que nós conseguiríamos passar por tudo isso, que o amor que tínhamos era suficiente para nos sustentar. Mas será que ele realmente estava pronto? Será que eu estava?

Senti Gabriel se aproximar por trás, seus braços envolvendo minha cintura com cuidado. Ele descansou a cabeça em meu ombro, e por um momento, o silêncio entre nós foi o suficiente. Não havia mais palavras necessárias. Estávamos apenas ali, juntos, tentando encontrar nosso caminho em meio à escuridão.

— Lis — ele sussurrou, sua voz suave ao meu ouvido. — Eu prometo que vou te dar tudo de mim. Não quero perder você.

Aquelas palavras foram como um alívio, mas também um peso. Eu queria acreditar nele, queria que suas promessas fossem suficientes para apagar todas as minhas dúvidas. Mas eu sabia que o caminho à nossa frente ainda seria cheio de desafios.

— Eu só preciso que você me mostre isso, Gabriel. Que me mostre que podemos ser mais do que apenas palavras. Que podemos ser reais, sem reservas — respondi, minha voz um pouco trêmula.

Ele me apertou um pouco mais, e ficamos ali, em silêncio, observando a cidade que nunca parava, enquanto nossas mentes tentavam encontrar respostas que talvez só o tempo pudesse trazer.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora