Capítulo 20: Entre Cicatrizes e Recomeços

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Gabriel Barbosa pov's

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Gabriel Barbosa pov's

Lis se levantou lentamente, como se o peso das palavras ainda estivesse ancorado em seus ombros. Seus olhos brilhavam com uma mistura de esperança e cautela, e eu sabia que, apesar de tudo, ainda havia uma chance para nós. Mas essa chance dependia de mim.

— Estou cansada, Gabriel — disse ela, cruzando os braços. — Não quero promessas vazias. Já passei por isso antes. Quero ações, quero ver que você realmente está disposto a mudar.

Eu a entendia. Minhas palavras soavam repetitivas, como se ela já as tivesse ouvido em outra vida, em outro momento. Mas essa era a hora de mostrar que eu era capaz de ser diferente, de não deixar que o passado me definisse.

— Eu sei, Lis. — Aproximei-me devagar, com medo de invadir o espaço dela. — E, acredite, não estou aqui para pedir mais uma chance sem fundamento. Mas eu preciso que você saiba que estou pronto. Que estou disposto a te dar o tempo que precisar. Eu vou mostrar, dia após dia, que nós podemos construir algo verdadeiro.

Ela baixou a cabeça, como se estivesse processando cada palavra. E eu esperei, pacientemente, sem pressionar. O silêncio entre nós não era desconfortável, era necessário. Era o momento de Lis ponderar o que queria para si mesma, e o que estava disposta a arriscar por nós.

— Eu vou pensar sobre isso, Gabriel — respondeu, após longos segundos de silêncio. — Mas preciso de espaço agora. Preciso sentir que posso confiar em você novamente, que você está de verdade comigo.

Concordei com um aceno de cabeça, respeitando o que ela pedia. Não seria fácil, mas nada que valesse a pena era. Ela se virou e começou a caminhar em direção à saída do parque. Meu instinto era correr atrás dela, mas me contive. Lis precisava desse tempo, e eu precisava provar, não com promessas, mas com atos.

Os dias que se seguiram foram uma mistura de silêncio e introspecção. Lis não respondia às minhas mensagens com a mesma frequência de antes, mas eu sabia que estava no caminho certo. Nos treinos, minha mente estava mais focada, a pressão dentro do campo parecia mais leve, como se finalmente tivesse feito as pazes com uma parte de mim que antes me prendia.

Rafaella havia respeitado nosso último encontro. Ela não tentou interferir, não buscou mais conversas profundas. Eu podia sentir que, de certa forma, ela havia aceitado que nossa história estava realmente terminada, e isso trouxe um alívio inesperado.

Até que, um dia, algo inesperado aconteceu.

Era noite quando recebi uma ligação de um número desconhecido. Atendi com certo receio, mas a voz do outro lado me fez congelar.

— Gabriel? — era a mãe de Lis, a última pessoa que eu esperava ouvir.

— Sim, sou eu — respondi, confuso. — Aconteceu alguma coisa?

— Lis... — ela hesitou, e o som de sua voz me deixou imediatamente em alerta. — Ela sofreu um acidente. Está no hospital.

O chão pareceu se abrir sob meus pés. O mundo girou, e cada segundo se arrastou em uma lentidão angustiante. Sem pensar duas vezes, peguei minhas chaves e corri para o hospital.

Quando cheguei, o corredor estava vazio, exceto por uma enfermeira que me indicou onde Lis estava. Ao entrar no quarto, meu coração apertou ao vê-la deitada na cama, com um braço enfaixado e pequenos cortes no rosto. Ela estava consciente, mas parecia frágil, como se o peso do mundo estivesse sobre ela.

— Lis... — sussurrei, me aproximando da cama. — O que aconteceu?

Ela virou lentamente a cabeça para me encarar, e um sorriso fraco surgiu em seus lábios.

— Estou bem, Gabriel — disse, com a voz rouca. — Foi só um acidente de carro. Nada muito grave. Só preciso de um tempo para me recuperar.

Sentei-me ao lado dela, sem saber o que dizer. A ideia de perdê-la, mesmo que por um breve momento, foi um choque que eu não estava preparado para enfrentar.

— Eu devia estar aqui antes — sussurrei, a voz carregada de arrependimento. — Eu devia ter lutado por você antes. Me desculpa.

Ela estendeu a mão boa e tocou a minha, seus dedos quentes trazendo um conforto que eu nem sabia que precisava.

— Você está aqui agora — respondeu, com um olhar que me dizia mais do que qualquer palavra. — E isso é o que importa.

Naquele instante, senti que o recomeço estava mais perto do que jamais esteve. O passado poderia ter suas cicatrizes, mas o futuro, o que estávamos prontos para construir, era o que realmente importava.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora