Capítulo 9: Rupturas Silenciosas

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Lis Alcantra pov's

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Lis Alcantra pov's

A porta se fechou com um suave estalo, e eu fiquei ali, paralisada, absorvendo a sensação de abandono que me envolvia. O silêncio que se seguiu parecia gritar mais alto que qualquer palavra que eu pudesse ter dito. Gabriel havia me deixado na incerteza, e a forma como ele se afastou parecia reafirmar o que eu sempre soubera: ele não estava pronto para enfrentar a profundidade dos sentimentos que existiam entre nós.

Senti uma pontada de dor no peito, e uma raiva crescente surgiu em mim. Ele tinha sido sincero na noite anterior — ou, pelo menos, eu pensei que ele tinha sido. Agora, estava tudo em questão. A cada segundo que passava, a esperança que eu havia cultivado começava a murchar como uma flor esquecida em um canto escuro.

Respirei fundo, tentando me recompor. Olhei em volta do quarto, e a desordem me parecia um reflexo da minha mente. O copo de água que ele deixara na mesa de cabeceira, a roupa jogada no chão — tudo isso era um lembrete físico da noite que havia me deixado tão confusa. Meus sentimentos estavam em conflito, e eu não sabia como organizar esse caos emocional.

Decidi que precisava sair de casa. Ficar ali, sozinha, apenas alimentando minha frustração, não faria bem a mim. Então, vesti uma roupa qualquer, coloquei os fones de ouvido e saí. A música que tocava me ajudava a bloquear a confusão que girava na minha mente. O ar fresco lá fora foi um alívio, mas não conseguiu apagar a sensação de traição que se instalava em meu coração.

Caminhei sem rumo pelas ruas, deixando que meus pés me guiassem. A cidade estava cheia de vida, mas eu me sentia um espectador, assistindo tudo de uma distância segura. As pessoas riam, conversavam, viviam momentos que pareciam tão simples. E, em contraste, eu me sentia perdida em um labirinto de emoções.

Minhas lembranças de Gabriel voltavam em flashes. Suas palavras, a forma como me olhava, o jeito que sua voz soava quando me dizia que eu era a única. Como ele pôde simplesmente ignorar tudo isso? Como pôde deixar que a pressão do mundo lá fora abafasse o que tínhamos? Uma mistura de amor e raiva começava a borbulhar dentro de mim, e eu sabia que precisava lidar com isso de alguma forma.

Enquanto caminhava, sem rumo, cheguei ao café onde costumava ir com meus amigos. Era um lugar acolhedor, com um aroma de café fresco e bolos recém-assados. Decidi entrar, esperando que o ambiente familiar me trouxesse um pouco de conforto.

Sentando-me em uma mesa no canto, pedi um cappuccino e tentei me distrair observando os outros clientes. Foi então que vi alguém familiar entrar. Era Diego, um amigo da faculdade que costumava me apoiar quando eu mais precisava. Ele me avistou e, com um sorriso no rosto, veio em minha direção.

— Lis! Que surpresa te ver aqui! — ele disse, puxando uma cadeira para se sentar à minha mesa.

Eu forcei um sorriso, mas a verdade é que minha mente ainda estava presa em Gabriel.

— Oi, Diego. Como você está? — perguntei, tentando ser educada.

— Estou bem, e você? Parece que tem algo te incomodando — ele observou, o olhar perspicaz que sempre o caracterizou.

— Ah, você sabe... só algumas coisas pessoais — eu respondi, tentando desviar a conversa. Mas ele não se deixou levar.

— Você e o Gabriel ainda estão juntos? — perguntou, a curiosidade nos olhos.

A pergunta me pegou de surpresa. Não queria falar sobre isso, mas era difícil evitar.

— Não exatamente. As coisas estão... complicadas — eu admiti, a frustração brotando em minha voz. — Ele é... difícil.

Diego inclinou-se para frente, interessado.

— Difícil como? — insistiu, sem me deixar escapar.

— Ele não sabe o que quer, e eu não posso continuar me esforçando para ser a única que se importa — confessei, sentindo a pressão das lágrimas nos olhos. — Uma hora ele se abre e diz que nunca amaria outra mulher como eu, e na outra ele age como se tudo isso não significasse nada.

Diego me observou em silêncio por um momento, e então falou:

— Lis, você merece alguém que saiba o que quer. Não fique presa em alguém que não está disposto a lutar pelo que tem. Você vale mais do que isso.

As palavras dele ecoaram em mim. Eu sabia disso, mas a insegurança que Gabriel deixara em mim tornava tudo tão complicado. Havia uma parte de mim que ainda acreditava que ele era o cara certo, que suas promessas eram sinceras, mas o que eu estava vivendo não era amor; era uma montanha-russa de emoções que me deixava exausta.

Depois de um tempo conversando, Diego começou a falar sobre outros assuntos, tentando me distrair. Eu estava grata por isso, mas a conversa me fez perceber que, enquanto eu estava presa em um ciclo de incertezas com Gabriel, outras partes da minha vida estavam esperando para ser vividas.

Assim que me despedi de Diego e saí do café, um pensamento tomou conta da minha mente: eu precisava fazer uma escolha. Era hora de decidir se continuaria a lutar por um amor que parecia ser uma ilusão ou se finalmente daria um passo atrás para me proteger.

Naquele momento, percebi que o que eu realmente queria não era ser uma opção na vida de Gabriel, mas uma prioridade. E se ele não estava pronto para me dar isso, talvez fosse hora de eu seguir em frente, não importa quão difícil isso fosse.

Conforme caminhava de volta para casa, um misto de esperança e tristeza preenchia meu coração. A vida não poderia ser só sobre os altos e baixos de um amor tumultuado. Era hora de buscar a felicidade em outras partes da minha vida, mesmo que isso significasse deixar Gabriel para trás.

Eu ainda o amava, mas o amor verdadeiro não deveria causar dor incessante. E, acima de tudo, eu merecia um amor que fosse claro e real, algo que me fizesse sentir viva em vez de perdida.

Agora, eu só precisava encontrar a força para seguir em frente.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora