Capítulo 26:Um Passo de Cada Vez

18 1 0
                                    

Lis Alcantra pov's

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Lis Alcantra pov's

O mês que se seguiu foi uma montanha-russa emocional, e cada dia parecia trazer novos desafios e novas descobertas sobre mim mesma. Embora houvesse momentos em que eu me sentia completamente perdida, as experiências que vivia me ajudavam a entender melhor quem eu era e o que realmente queria.

Durante uma de minhas aulas de pintura, o professor propôs que criássemos uma obra que representasse um momento marcante de nossas vidas. Eu hesitei, pensando em Gabriel e em tudo o que havíamos passado juntos. Por um momento, pensei em pintar a cena do hospital, mas ao invés disso, decidi focar na ideia de renovação e crescimento. Peguei as tintas e deixei fluir, criando um mural vibrante que simbolizava flores desabrochando em meio a um campo de possibilidades.

A arte se tornou uma forma de terapia para mim. Cada pincelada era uma liberação das emoções que eu havia guardado. Eu ria e chorava enquanto trabalhava, e isso me fez perceber que, mesmo nas dificuldades, havia beleza a ser encontrada. O ato de criar algo do zero me lembrava que eu também tinha o poder de reescrever minha própria narrativa.

Naquele mesmo mês, comecei a me conectar mais com minhas amigas. Organizamos encontros para café e longas caminhadas pelo parque. O apoio delas foi inestimável e me lembrou da força que eu possuía. Não era só sobre estar com Gabriel, mas sobre ter uma rede de apoio sólida que me ajudava a me reerguer.

Uma tarde, enquanto caminhava com uma amiga, ela perguntou: "Lis, você já pensou em como se sente sobre Gabriel agora?" A pergunta me pegou de surpresa. Eu tinha me concentrado tanto em mim mesma que não havia dado a devida atenção a como me sentia em relação a ele.

— Eu sinto falta dele — confessei, olhando para o chão. — Mas, ao mesmo tempo, preciso continuar com a minha vida. Eu não posso ficar presa ao que foi.

— Isso é normal. O que vocês tiveram foi real, e você está tentando encontrar o equilíbrio entre o que sente e o que precisa — ela respondeu, encorajando-me a explorar esses sentimentos.

Naquela noite, ao me deitar, percebi que havia me dado conta de que a ausência de Gabriel não significava que eu o havia esquecido. Na verdade, era o oposto. Eu ainda carregava os momentos bons e os aprendizados, mas agora eles não eram uma âncora que me puxava para baixo. Eles se tornaram parte de quem eu sou, e eu queria que ele também soubesse disso.

Nos dias que se seguiram, eu me permiti sonhar com a ideia de reatar nosso relacionamento, mas não de uma maneira em que tudo seria como antes. Precisava ser diferente. O que eu realmente queria era um amor que respeitasse as individualidades, que não se baseasse em promessas vazias, mas em ações concretas.

Decidi que era hora de entrar em contato com Gabriel novamente. Eu o respeitara ao dar espaço, mas agora estava pronta para dar um passo adiante. Com o coração acelerado, peguei meu celular e escrevi uma mensagem.

"Oi, Gabriel. Como você está? Espero que esteja bem. Eu gostaria de conversar."

A resposta dele veio rápido: "Oi, Lis! Estou bem. Claro, vamos conversar. Quando você quiser."

O simples fato de que ele estava disposto a ouvir me trouxe um alívio inesperado. Marquei para nos encontrarmos no parque onde tantas vezes conversamos, onde tudo parecia mais simples e onde eu poderia respirar fundo e ser eu mesma.

No dia do encontro, meu coração estava acelerado. Não sabia o que esperar, mas uma parte de mim estava animada. Com a luz do sol filtrando entre as árvores, tudo parecia mais bonito. Esperei ansiosamente até que o vi se aproximar, com um sorriso nervoso no rosto. Ele parecia um pouco diferente, mais maduro, e isso me fez lembrar o quanto ele também estava passando por um processo de transformação.

— Oi, Lis! — ele disse, parando na minha frente. — Você está ótima.

— Obrigada. E você? — respondi, tentando soar despreocupada, mas meu nervosismo era palpável.

Sentamos em um banco, e um silêncio confortável se instalou entre nós. O parque estava cheio de vida, mas, naquele momento, parecia que éramos os únicos ali. Olhei para Gabriel, lembrando de tudo o que vivemos, dos altos e baixos, e percebi que havia um espaço para a esperança entre nós.

— Queria te agradecer por ter respeitado meu espaço — comecei, sentindo que era importante reconhecer isso.

— Eu realmente queria que você tivesse o que precisava — ele respondeu, com sinceridade nos olhos. — E, para ser honesto, eu também precisava desse tempo. Estava muito perdido.

Era bom ouvir isso. Saber que ele também estava lidando com suas próprias inseguranças me fez sentir menos sozinha.

— Eu tenho pensado muito sobre nós — continuei, escolhendo as palavras cuidadosamente. — Sobre como podemos seguir em frente de uma maneira que funcione para os dois.

Gabriel me olhou com atenção, e a tensão no ar era palpável. Eu sabia que não estava sozinha em querer algo diferente. Precisávamos encontrar um caminho que honrasse nossas individualidades, mas que também nos permitisse explorar a possibilidade de um futuro juntos.

— Eu também pensei sobre isso — ele disse, com um leve sorriso. — E quero que você saiba que estou disposto a tentar.

Aquelas palavras acenderam uma pequena chama dentro de mim. Não era uma certeza absoluta, mas era um sinal de que ainda havia algo ali. Uma chance de reconstruir, passo a passo, com paciência e entendimento.

Enquanto conversávamos, percebi que o amor pode ser um espaço de crescimento. E, independentemente do que acontecesse, eu estava começando a me sentir inteira novamente. O futuro era incerto, mas eu estava disposta a enfrentá-lo, com ou sem Gabriel, porque finalmente estava começando a entender que a verdadeira jornada era sobre mim.

E, quem sabe, essa jornada também poderia nos levar de volta um ao outro.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora