Capítulo 33: Reconstruindo com Cuidado

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Lis Alcantra pov's

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Lis Alcantra pov's

O silêncio que preencheu o apartamento depois das palavras de Gabriel era reconfortante, mas ao mesmo tempo, assustador. Eu sentia uma mistura de alívio e incerteza. Ele havia finalmente fechado a porta que tanto temíamos — a presença de Rafaella não pairaria mais entre nós. Mas será que isso era suficiente? Será que só o encerramento do passado dele seria o suficiente para apagar as cicatrizes que se formaram entre nós?

Enquanto ele me observava, esperando algum tipo de resposta mais profunda, eu sentia que tudo estava se movendo rápido demais. Não por causa da reconciliação com ele, mas pela montanha de sentimentos que se acumulava dentro de mim, misturando esperança com o medo de que tudo desmoronasse novamente.

— Obrigada por ter feito isso — eu disse, tentando manter a voz estável, mas sem conseguir disfarçar a leve hesitação. — Mas, como você mesmo disse, temos muito o que resolver entre nós. Fechar essa porta foi importante, mas isso não é o fim de tudo o que precisamos consertar.

Gabriel assentiu lentamente, sua expressão séria, mas sem a dureza de antes. Havia uma nova abertura nele, uma vontade de realmente ouvir e entender. Era uma mudança sutil, mas que significava muito para mim.

— Eu sei, Lis — ele disse, sua voz baixa e sincera. — Só quero que você saiba que estou aqui, e vou continuar aqui. Não quero mais fugir dos problemas, não quero mais me esconder atrás do passado.

Essas palavras, embora significativas, ainda não eram o bastante para abafar os ecos de tudo o que havíamos vivido. O silêncio que seguiu a declaração dele parecia ecoar os pensamentos que lutavam na minha cabeça.

Eu me levantei e caminhei até a janela, observando a cidade se estender diante de mim. Era engraçado como tudo continuava lá fora, inalterado, enquanto dentro de mim havia uma tempestade. Senti Gabriel se aproximar, mas ele parou a poucos passos de distância, me dando o espaço que eu precisava.

— Quando você terminou com Rafaella — comecei, ainda olhando pela janela —, eu achei que o problema maior fosse ela. Achei que, tirando-a da equação, as coisas entre nós ficariam mais fáceis. Mas agora vejo que não era só isso. Havia muito mais que nos separava.

Eu me virei para encará-lo. Gabriel estava com os olhos fixos em mim, o rosto refletindo uma preocupação genuína.

— Eu ainda tenho medo, Gabriel — admiti, sentindo o peso da vulnerabilidade na minha voz. — Medo de que a gente se machuque de novo. Medo de que essa nova chance se perca como da última vez. Eu preciso acreditar que você mudou, que nós dois mudamos, mas é difícil não ficar com um pé atrás.

Ele deu um passo à frente, sem romper a distância entre nós, mas o suficiente para que a presença dele fosse sentida de maneira mais forte.

— Eu entendo esse medo, Lis. Eu também o sinto, de certa forma. — Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo como se procurasse as palavras certas. — Mas estou aqui porque acredito que podemos mudar. Quero que você saiba que estou disposto a lutar por isso, por nós.

Eu queria acreditar, de verdade. E talvez, em parte, eu já estivesse acreditando. O problema era que o tempo tinha deixado marcas profundas. Nossas feridas não eram apenas sobre ele e Rafaella; eram sobre nós, nossas falhas, nossos silêncios, nossas inseguranças.

— O que aconteceu entre nós não se resolve com promessas, Gabriel — eu disse, cruzando os braços, tentando me proteger daquela vulnerabilidade que surgia. — A gente precisa de mais do que palavras. A gente precisa de tempo, de ações que mostrem que não estamos repetindo os mesmos erros.

Gabriel assentiu, e eu vi nos olhos dele um reflexo da mesma incerteza que eu sentia. Ele não tinha todas as respostas, assim como eu também não tinha. Mas, ao mesmo tempo, havia uma nova determinação nele, uma vontade de seguir em frente, apesar das dificuldades.

— Então vamos dar esse tempo — ele disse calmamente. — Vamos agir, não só falar. Não quero que você se sinta pressionada a acreditar em mim de uma hora para outra. Mas eu vou estar aqui, provando que podemos fazer isso dar certo, um passo de cada vez.

Era isso. Um passo de cada vez.

Suspirei, sentindo uma leveza ao ouvir aquelas palavras. Não era uma promessa grandiosa, não era uma garantia de que tudo ficaria bem. Mas era real, palpável. Era algo com o qual eu podia trabalhar.

— Eu quero isso também, Gabriel. Quero que a gente funcione. Só... vamos devagar, ok? Vamos reconstruir com calma, sem pular etapas.

Ele sorriu, um sorriso pequeno, mas cheio de significado. Ele não precisava dizer mais nada. Eu sabia que ele entendia. Sabia que ele estava disposto a esperar, a lutar pelo que ainda existia entre nós.

Eu caminhei até ele e, com um suspiro, me permiti relaxar em seus braços. Aquele abraço parecia um refúgio temporário em meio ao caos que ainda precisávamos organizar. Era um começo, mas, desta vez, com os dois conscientes de que o amor, por mais forte que fosse, não sobrevivia sem esforço.

E eu estava pronta para esse esforço, desde que fosse feito com cuidado, com verdade.

Afinal, tínhamos o presente para reescrever nosso futuro.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora