Capítulo 15: Dias Sem Gabriel

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Lis Alcantra pov's

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Lis Alcantra pov's

Os dias se arrastaram como se o tempo tivesse desacelerado, e eu me via presa em uma rotina monótona e sem vida. Cada amanhecer era um lembrete de que Gabriel não estava mais ao meu lado, e o eco do seu toque ainda reverberava em minha memória, mas agora havia um vazio que se alastrava pelo meu coração.

Acordava cedo, como de costume, mas a energia que costumava me motivar havia desaparecido. Eu me arrastava até a faculdade, tentando me concentrar nas aulas, mas minha mente sempre voltava a ele. O calor do seu abraço, o jeito como me olhava, a intensidade com que me fazia sentir... tudo isso estava tão presente, e, ao mesmo tempo, tão distante.

Na faculdade, meus amigos notaram minha ausência. Eles tentavam me animar, me puxando para festas e atividades, mas nada parecia trazer o brilho de volta aos meus olhos. Havia uma tristeza persistente que eu não conseguia esconder. Mesmo nas aulas de psicologia, onde a ideia de entender os relacionamentos e os sentimentos era explorada, eu me sentia mais perdida do que nunca. Como eu poderia entender o que havia entre nós se eu mesma não conseguia entender a dor que estava sentindo?

As noites eram as mais difíceis. Eu me deitava na cama, relembrando momentos que pareciam tão vívidos, como se ele estivesse ali. Eu me pegava ouvindo as músicas que costumávamos ouvir juntos, imaginando como seria se ele ainda estivesse ao meu lado. Às vezes, sonhava com ele, e ao acordar, a realidade me golpeava com a força de um soco no estômago.

Uma tarde, enquanto tentava me distrair, fui ao parque onde costumávamos passar tempo juntos. O lugar estava cheio de vida — crianças rindo, casais caminhando de mãos dadas — e eu me sentia como uma estranha em meio àquela felicidade. Sentei-me em um banco, observando as folhas das árvores balançarem ao vento, e uma onda de nostalgia me invadiu.

Naquela mesma semana, decidi que era hora de me abrir com uma amiga, Clara. Eu precisava desabafar, mesmo que apenas um pouco. Nos encontramos em um café, e enquanto tomávamos café e comíamos bolo, eu não consegui segurar as lágrimas.

— Lis, você está tão distante. O que está acontecendo? — Clara perguntou, sua preocupação evidente.

— É Gabriel. Nós terminamos, o que nunca tivemos e eu não sei como lidar com isso. — Minha voz tremia enquanto falava. — Eu sinto que perdi uma parte de mim.

Ela se inclinou para frente, os olhos cheios de empatia.

— Eu não sabia que as coisas estavam tão complicadas. Você ainda o ama, não é?

A resposta saiu sem hesitação.

— Sim, eu amo. E isso torna tudo ainda mais difícil. Ele disse que precisava focar no futebol, mas eu não queria que ele se afastasse. Eu não queria que ele achasse que eu era uma distração.

— Você não é uma distração, Lis. Você é uma parte importante da vida dele, mas talvez ele precise de espaço para descobrir isso por si mesmo.

Clara me ajudou a ver que eu não era a única responsável pela dor que estava sentindo. Era uma decisão dele, e eu não podia carregar esse peso sozinha. A vida seguiu, e eu precisei encontrar formas de lidar com a ausência de Gabriel. A cada dia, tentei me afastar um pouco mais daquela tristeza, mas era um processo lento e doloroso.

Conforme as semanas passaram, eu comecei a me focar em mim mesma. As aulas de psicologia começaram a ter um novo significado. Comecei a entender que o amor, embora lindo, também pode ser complicado e repleto de incertezas. Decidi me envolver mais com a faculdade, participar de grupos de estudo e até me inscrever em uma atividade extracurricular que sempre quis experimentar — dança.

No entanto, mesmo enquanto tentava me reerguer, uma parte de mim ainda estava ancorada a Gabriel. O que eu mais queria era que ele percebesse o quanto eu o amava e que a decisão dele poderia ser revertida. Mas a vida era uma sequência de incertezas, e eu precisava aprender a viver com isso.

Um mês se passou desde nossa última conversa, e enquanto me sentia mais forte, ainda havia uma sombra da saudade. Em um dia qualquer, enquanto eu saía da faculdade, meu coração disparou ao ver um grupo de torcedores se aglomerando na entrada. Eles estavam animados, segurando faixas e gritando o nome do Flamengo.

E então eu o vi.

Gabriel estava ali, cercado por câmeras e fãs, um sorriso no rosto enquanto posava para fotos. Uma onda de sentimentos conflitantes tomou conta de mim. Eu queria correr até ele, mas a insegurança me paralisou. O que eu diria? Como eu poderia explicar o que sentia após todo esse tempo?

O olhar de Gabriel se encontrou com o meu. Um instante congelado no tempo, onde tudo e todos ao nosso redor desapareceram. Eu poderia ver um misto de surpresa e confusão em seu rosto. No entanto, antes que eu pudesse processar a situação, um grupo de torcedores começou a gritar seu nome, puxando-o para longe de mim.

Fiquei parada ali, em meio à multidão, enquanto ele se afastava, um vazio imenso se formando dentro de mim. O que eu esperava? Que ele me chamasse? Que ele percebesse o quanto eu ainda me importava?

Aquela cena se repetiu na minha mente, a lembrança do seu olhar me fazendo questionar tudo o que havia sentido. Será que ainda havia uma chance para nós? Será que ele pensava em mim como eu pensava nele?

Um novo ciclo de incertezas havia começado. Eu sabia que tinha que ser forte, mas a esperança de que um dia ele voltasse para mim ainda queimava em meu coração. E assim, enquanto o sol se punha, eu me perguntava se essa seria realmente a última vez que eu veria Gabriel.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora