Lis Alcantra pov's
Enquanto caminhava de volta para casa, um peso crescente no peito me acompanhava. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, como se a gravidade estivesse fazendo questão de me lembrar do que eu tentava evitar. Gabriel. Era sempre sobre ele. Seus olhos, seu sorriso, suas promessas — ou seria mais adequado chamá-las de ilusões? De alguma forma, ele havia se tornado o centro do meu universo, mas a que custo?
Parei em um ponto de ônibus, observando as pessoas que passavam, cada uma com sua vida, suas histórias. Meus pensamentos se voltaram para como eu havia perdido de vista a minha própria história. O que tinha acontecido com a Lis que sonhava em ser mais do que apenas a namorada do atleta famoso? O que havia acontecido com a garota que tinha aspirações, ambições, que queria ser vista e ouvida por si mesma, e não apenas como uma sombra de alguém?
As memórias de Gabriel inundaram minha mente. A forma como ele me olhava quando achava que ninguém estava prestando atenção, como se eu fosse a única pessoa no mundo. E, em cada um desses momentos, meu coração se acelerava, mesmo sabendo que ele poderia não sentir o mesmo. Mas o amor é estranho, não é? Às vezes, ele nos leva a um lugar onde tudo faz sentido, e em outros, nos deixa tão perdidos quanto estávamos antes.
— Eu amo ele — sussurrei para mim mesma, como se as palavras pudessem me trazer alguma clareza. — Eu realmente amo. Mas será que isso é suficiente?
Naquele momento, a dor se intensificou. Amar Gabriel era como estar em uma montanha-russa emocional, cheia de altos e baixos, e eu me perguntava se eu estava realmente disposta a continuar nesse passeio. Ele era um quebra-corações, e eu era uma delas. Mas o que isso significava para mim? Eu estava mais do que disposta a colocar os sentimentos dele à frente dos meus, a ficar em segundo plano por causa de suas inseguranças e de sua vida tumultuada.
Cheguei em casa e joguei minha bolsa no sofá. Olhando para o espelho, vi uma estranha refletida. Havia um cansaço em meus olhos, uma tristeza que parecia ter se instalado permanentemente. Tentei me lembrar de como era minha vida antes de Gabriel, mas tudo que surgia em minha mente era uma série de sorrisos e momentos que pareciam tão perfeitos — e ao mesmo tempo, tão distantes.
Preparei um chá quente e me sentei na varanda. O céu começava a escurecer, e as estrelas começaram a aparecer. Elas sempre me faziam pensar que, mesmo em meio à escuridão, havia luz. Mas a luz que eu ansiava estava tão longe.
O telefone vibrou ao meu lado, interrompendo meus pensamentos. Era uma mensagem de Gabriel. Um simples "Oi". Meu coração acelerou ao ver o nome dele na tela. Era como se uma parte de mim estivesse esperando por isso, mesmo sabendo que deveria ser forte o suficiente para não me deixar levar por um simples cumprimento.
Respirei fundo antes de responder. A ansiedade apertava meu estômago. O que eu deveria dizer? Fui honesta, mas estava tão perdida na relação que não sabia mais como me expressar sem deixar que meu coração falasse mais alto que a razão.
— Oi, Gabriel. Como você está? — digitei, hesitante, esperando que ele não sentisse a vulnerabilidade nas minhas palavras.
Os minutos pareciam se arrastar. Estava tão absorta na espera que quase perdi a noção do tempo. Então, meu telefone vibrou novamente.
— Estou bem. Acabei de sair do treino. Você está em casa?
Uma pergunta simples, mas carregada de um subtexto que só nós dois poderíamos entender. Eu estava em casa, mas minha mente estava em outro lugar — com ele.
— Sim, estou em casa. Só pensando um pouco.
— Pensei que poderíamos nos encontrar mais tarde, para conversar.
As palavras dele eram como um raio de sol em um dia nublado. O desejo de vê-lo, de sentir sua presença, imediatamente eclipsou a razão. Eu sabia que deveria ser cautelosa, mas a parte de mim que ainda acreditava em nós se empoleirou na esperança.
— Claro. Que horas? — respondi, minha vontade de estar perto dele superando todas as minhas dúvidas.
— Que tal às sete?
Eu concordei, e enquanto a conversa continuava, não pude deixar de sentir uma mistura de excitação e apreensão. O que iríamos discutir? A tensão entre nós? Nossos sentimentos? O que eu mais temia e desejava era saber se ele finalmente conseguiria me ver da maneira que eu precisava.
Assim que desliguei o telefone, uma onda de adrenalina me atravessou. O que eu estava prestes a fazer? Iria me permitir abrir meu coração novamente, mesmo sabendo que ele poderia feri-lo mais uma vez? E, no entanto, a ideia de não ter essa chance parecia mais dolorosa do que arriscar novamente.
Comecei a me preparar para o encontro, colocando um vestido que eu sabia que ele adorava. Cada movimento era como um lembrete do quanto eu ainda o amava, mas também do quanto eu precisava ser forte. Assim que terminei, olhei para o espelho novamente. A mulher que eu vi refletida era familiar, mas diferente. Eu queria ser mais do que a namorada de um jogador famoso; queria ser vista como Lis, alguém que tinha seus próprios sonhos e aspirações.
No entanto, ao mesmo tempo, havia uma parte de mim que ainda se sentia vulnerável, que acreditava que o amor de Gabriel poderia ser a chave para desbloquear tudo isso.
A ansiedade crescia em meu peito enquanto as horas passavam. Assim que o relógio marcou sete horas, meu coração disparou. O que iria acontecer em nosso encontro? Eu estava prestes a descobrir se o amor que sentia por ele poderia finalmente se transformar em algo real, ou se seria mais uma vez uma lição de desapontamento.
E enquanto esperava por ele, a única coisa que eu sabia era que, mesmo com toda a dor e incerteza, eu ainda estava disposta a lutar por esse amor. Porque, no final, o que era amar, senão aceitar a dor e a alegria que vêm juntos? Gabriel era a parte mais intensa de mim, e eu precisava descobrir se esse amor realmente valia a pena.
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Entre Cicatrizes e Silêncios-Gabigol
FanfictionSinopse: "Você não vê que está me destruindo?" "Então, por que não me deixa aqui de uma vez?" "Porque eu me importo com você, mais do que deveria." Gabriel Barbosa, ex-camisa 10 do Flamengo, agora carrega o número 99, que simboliza o infinito - assi...