Lis Alcantra pov's
Os dias após nossa conversa na praia passaram lentamente, mas com uma sensação palpável de esperança. A decisão de tentarmos novamente, de reconstruir algo que parecia quase desmoronar, trouxe uma leveza ao meu coração que eu não sentia há muito tempo. Era como se um peso invisível estivesse sendo retirado de meus ombros, e eu finalmente podia respirar de maneira mais profunda.
A rotina foi retomada, mas havia uma nova energia em cada interação com Gabriel. Ele estava mais presente do que nunca, enviando mensagens carinhosas ao longo do dia, fazendo pequenas surpresas e dedicando tempo a conversas que, antes, parecíamos evitar. Algo havia mudado nele; ele parecia mais comprometido, mais disposto a se abrir e a ouvir. Essa nova dinâmica me deixava tanto animada quanto assustada. O que quer que tivéssemos construído antes havia sido danificado, e agora estávamos tentando reconstruir os alicerces, um passo de cada vez.
Um dia, ele me convidou para um passeio na cidade, e eu aceitei com um sorriso, ansiosa para passar tempo com ele, mesmo que isso envolvesse um pouco de vulnerabilidade. O dia estava ensolarado, e as ruas estavam cheias de vida. As risadas e as conversas ao nosso redor traziam uma alegria contagiante, e, por um momento, consegui esquecer as sombras que ainda pairavam sobre nós.
— Você está linda hoje — Gabriel disse, olhando para mim com aquele sorriso que sempre me derretia.
— Obrigada — respondi, sentindo meu rosto esquentar. Era bom ouvir isso, especialmente agora que estávamos tentando reacender a chama entre nós.
Caminhamos pelas ruas, conversando sobre tudo e nada. Desde música até filmes, passando por histórias engraçadas de nossa infância. A facilidade com que conversávamos me fazia acreditar que, apesar de tudo, ainda éramos os mesmos de antes. Era um conforto familiar que, de alguma forma, suavizava as bordas ásperas de nossas interações passadas.
Após algum tempo, decidimos parar em um café aconchegante que costumávamos frequentar. As paredes estavam cobertas de arte local e o aroma de café fresco permeava o ar, criando um ambiente acolhedor. Escolhemos uma mesa ao ar livre, e a brisa suave fazia as folhas das árvores dançarem, criando uma atmosfera quase mágica.
— Então, como você tem se sentido? — Gabriel perguntou, depois que nos acomodamos e pedimos nossas bebidas. A sinceridade em seu olhar me fez perceber que ele realmente se importava, que estava disposto a ouvir.
Pensei por um momento, tentando colocar em palavras a confusão de sentimentos que habitava meu peito. Havia dias em que tudo parecia perfeito e, em outros, as dúvidas voltavam a assombrar.
— Sabe, tem sido um desafio — comecei, escolhendo as palavras com cuidado. — Algumas vezes, sinto que estamos realmente indo para um lugar melhor, mas em outras, a incerteza ainda pesa. É difícil simplesmente esquecer o que aconteceu.
Ele acenou, mostrando que entendia. A paciência dele, mesmo quando as coisas ficavam complicadas, era algo que eu começava a valorizar imensamente.
— Eu não espero que você esqueça — ele respondeu. — O que fiz foi grave, e eu não posso simplesmente pedir que você apague isso. Mas eu quero que você saiba que estou aqui para construir algo novo, se você também estiver disposta.
Aquilo me tocou. Ele estava sendo tão honesto, tão aberto sobre sua vontade de mudar.
— Eu quero tentar, Gabriel — falei, sentindo uma onda de determinação crescer dentro de mim. — Não quero que isso nos defina. Mas será um processo, e eu preciso que você esteja ao meu lado, assim como estou disposta a estar ao seu lado.
Ele sorriu, um sorriso genuíno que fez meu coração acelerar.
— Estarei aqui — prometeu, estendendo a mão sobre a mesa e pegando a minha. O calor do toque dele me trouxe uma sensação de conforto e segurança. Era como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido e tudo que importava era aquele momento.
Depois do café, decidimos caminhar pela cidade. A conversa fluía naturalmente, e cada risada compartilhada parecia nos aproximar mais. Sentia que estávamos, lentamente, recriando o que perdemos, e isso me deixava esperançosa.
Quando a tarde se transformou em noite, encontramos um parque e decidimos nos sentar em um dos bancos. A brisa noturna era fresca, e as estrelas brilhavam no céu, como se estivessem assistindo à nossa história se desenrolar.
— Lis — ele começou, sua voz suave, mas com uma seriedade que fez meu coração disparar. — Quero que saiba que estou pronto para tudo isso. Para trabalhar em nós, em cada detalhe. Eu realmente quero você na minha vida.
As palavras dele ressoaram em mim como uma melodia familiar. Era tudo que eu precisava ouvir, e, naquele momento, percebi que a conexão que havíamos construído não era frágil. Era forte, mesmo entre as cicatrizes.
— Eu quero você também, Gabriel — respondi, a sinceridade em meu tom surpreendendo até a mim mesma. — Quero tentar construir um futuro, mesmo que ainda estejamos carregando nosso passado.
Ele sorriu novamente, e naquele sorriso, percebi uma nova luz, uma esperança que estava começando a florescer. A conversa fluiu para momentos mais leves, mais divertidos. Entre risadas, histórias e até mesmo alguns silêncios confortáveis, nos perdemos no tempo.
Conforme a noite avançava, senti que a jornada que estávamos prestes a trilhar seria cheia de desafios, mas também repleta de novas descobertas. Estávamos nos reerguendo, um dia de cada vez, e, acima de tudo, decidimos enfrentar o futuro juntos.
Era a primeira vez em muito tempo que sentia que estávamos verdadeiramente alinhados, caminhando lado a lado. E, de repente, todas as dores do passado começaram a parecer apenas passos em direção a algo muito maior: a chance de um amor renovado, mais forte e mais autêntico.
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Entre Cicatrizes e Silêncios-Gabigol
FanfictionSinopse: "Você não vê que está me destruindo?" "Então, por que não me deixa aqui de uma vez?" "Porque eu me importo com você, mais do que deveria." Gabriel Barbosa, ex-camisa 10 do Flamengo, agora carrega o número 99, que simboliza o infinito - assi...