Capítulo 23:O Silêncio da Distância

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Gabriel Barbosa pov's

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Gabriel Barbosa pov's

Quando a mensagem de Lis chegou, eu estava no meio de uma reunião com o técnico. A discussão sobre táticas e ajustes táticos desapareceu completamente assim que vi seu nome na tela. O mundo ao meu redor ficou embaçado, e a única coisa que importava naquele momento eram aquelas poucas palavras que pareciam desmoronar o chão sob meus pés.

"Gabriel, acho que precisamos de um tempo..."

Li a mensagem várias vezes, tentando processar. Precisei de um esforço absurdo para não levantar e sair correndo da sala. Fingi prestar atenção nas palavras que ecoavam ao meu redor, mas minha mente estava fixada em uma coisa: eu estava perdendo Lis.

Quando finalmente a reunião acabou, fui direto para o carro, liguei o motor e fiquei sentado ali por alguns minutos. Minha cabeça estava uma bagunça, como se a mensagem dela tivesse puxado todas as inseguranças que eu tentava esconder de mim mesmo. Como assim "precisamos de um tempo"? Ela não entendia que eu estava tentando? Que eu queria fazer isso funcionar? Não era justo. Depois de tudo que eu prometi, depois do esforço que eu estava fazendo, ela ainda achava que precisava se afastar.

Mas enquanto meu peito queimava de frustração, outra parte de mim — uma parte que eu não queria admitir — sabia que ela tinha razão. Eu via a dor dela nos últimos meses, o peso que nosso relacionamento impunha sobre ela, ainda que eu tentasse fazer o contrário. Eu me prendi ao passado, a Rafaella, a erros que eu cometi sem perceber o quanto estava machucando Lis. Por mais que eu tentasse agora, parecia que já era tarde demais.

Peguei o celular e comecei a digitar uma resposta, mas apaguei o que escrevi. O que eu poderia dizer? Que não concordava? Que ela estava errada? Não era justo. Eu não queria afastá-la ainda mais. Respirei fundo, tentando manter o controle, mas o sentimento de perda era sufocante.

Decidi dirigir, sem destino, apenas para aliviar a tensão que crescia dentro de mim. As ruas de São Paulo estavam lotadas, mas tudo parecia vazio aos meus olhos. Minha cabeça pulsava com perguntas que eu não sabia como responder. Será que eu tinha feito o suficiente? Será que, mesmo com todas as promessas, eu ainda estava falhando?

Parei o carro em frente ao parque onde tínhamos tido aquela conversa meses atrás. Aquele dia ainda estava gravado na minha memória. O jeito como ela me olhou, com os olhos cansados, mas cheios de esperança... Eu achei que tinha uma chance de consertar tudo, de ser o homem que ela precisava. Agora, parecia que eu estava apenas prolongando o inevitável.

Saí do carro e caminhei até o mesmo banco onde nos sentamos. A chuva que caía antes havia dado lugar a uma brisa leve, e o céu começava a escurecer. Sentei-me ali, sozinho, e de repente a realidade me atingiu com força: Lis estava se distanciando porque precisava se encontrar, porque, de alguma forma, eu me tornei uma parte do problema em vez da solução.

Eu sabia que não podia pressioná-la. Tudo o que eu queria era estar com ela, mas agora, parecia que a melhor coisa que eu podia fazer era deixá-la ir. Isso me destruía por dentro, mas forçar algo só tornaria as coisas piores. Ela precisava desse tempo, e talvez eu também.

Peguei o celular e finalmente enviei a resposta:

"Eu entendo, Lis. Se você precisa de tempo, eu respeito isso. Não é fácil pra mim, mas eu quero que você fique bem. Quando estiver pronta, estarei aqui."

Apertei "enviar" e coloquei o celular no bolso, sentindo o peso das minhas palavras. Não sabia o que o futuro guardava para nós, mas uma coisa era certa: a distância entre nós era real agora, e o silêncio que ela trazia era insuportável.

Fiquei ali, sentado por mais algum tempo, tentando processar o que significava viver sem ela ao meu lado — pelo menos por enquanto. Era uma batalha interna entre o desejo de lutar por nós e a necessidade de respeitar o espaço que ela pediu. No fundo, eu só esperava que esse tempo nos trouxesse de volta, mais fortes, mais conscientes do que realmente queríamos. Porque, por mais que doesse admitir, talvez esse "tempo" fosse o que ela — e eu — precisávamos para entender o que era necessário para reconstruir o que restava de nós.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora