Gabriel Barbosa pov's
Os dias após a conversa com Lis foram os mais desafiadores da minha vida. Eu havia achado que o confronto seria simples, mas a verdade é que a batalha dentro de mim era muito mais complicada. A imagem de Lis saindo pela porta, com o olhar ferido e a determinação inabalável, se repetia incessantemente na minha mente. Cada treino, cada momento de descanso, eu sentia a falta dela como uma sombra persistente.
No campo, a pressão era intensa. A equipe contava com minha concentração e dedicação, mas minha mente estava longe, perdida em dúvidas e arrependimentos. A presença de Rafaella, mesmo que fosse uma tentativa de manter o passado em paz, só fazia me lembrar do que eu poderia estar perdendo. No fundo, eu sabia que não podia usar minha história com ela como uma muleta.
— Gabriel! — a voz do meu treinador me tirou dos meus devaneios. — Concentre-se! Você está aqui para jogar, não para ficar pensando na sua vida pessoal.
Ele estava certo. Mas como eu poderia deixar de pensar na única pessoa que realmente importava? Eu me encontrava em um beco sem saída, dividido entre meu passado e o que poderia ser meu futuro com Lis. Cada passe, cada chute parecia ser um reflexo da confusão no meu coração.
Depois do treino, decidi dar um passeio para clarear a mente. Era um dia ensolarado e a cidade estava viva com pessoas se divertindo. Fui parar em um café, onde pedi um café e sentei em uma mesa ao ar livre, tentando me distrair. Enquanto observava a movimentação, algo chamou minha atenção: Rafaella entrou, seguida por um grupo de amigos.
Ela me viu e, surpreendentemente, veio até minha mesa. O que ela queria? O que eu deveria dizer?
— Gabriel! — ela disse, com um sorriso forçado. — Posso me juntar a você?
Eu hesitei, mas acenei com a cabeça. A verdade é que eu estava curioso. Precisava entender suas intenções.
— Como você está? — perguntei, tentando manter a conversa leve.
— Estou bem. — ela respondeu, olhando ao redor. — Na verdade, estive pensando muito sobre tudo o que aconteceu entre nós. E sobre Lis.
A menção de Lis fez meu coração acelerar. Eu queria saber o que ela tinha a dizer, mas, ao mesmo tempo, sentia uma onda de proteção em relação a Lis.
— O que você quer dizer sobre Lis? — indaguei, sem esconder a desconfiança.
Rafaella suspirou, como se estivesse se preparando para abrir seu coração.
— Eu quero que você saiba que, por muito tempo, eu fui egoísta. Quando voltei, não pensei nas consequências. E agora, depois de falar com Lis, percebo que minha presença não deve ser um peso na sua vida.
Suas palavras me surpreenderam. Não era o que eu esperava ouvir. Fui tomado por uma onda de confusão. Ela estava abrindo mão de tudo?
— Então você não quer me atrapalhar? — perguntei, cético.
— Não, eu não quero. Eu quero que você seja feliz. E, honestamente, parece que Lis pode te fazer feliz — disse ela, o olhar sincero.
Fiquei em silêncio. A luta interna continuava. Como eu poderia escolher entre um passado que estava começando a se desfazer e um futuro incerto?
A conversa foi interrompida por uma mensagem no meu celular. Era Lis. Meu coração disparou, e Rafaella percebeu.
— Você deve responder — ela sugeriu.
Senti um peso no peito. Eu precisava de coragem. Não apenas para responder a Lis, mas para enfrentar meus próprios sentimentos.
— Desculpe, preciso responder a ela — disse, olhando Rafaella nos olhos. — Mas precisamos conversar mais sobre isso.
Ela concordou e se despediu, deixando-me com uma sensação estranha de alívio e peso ao mesmo tempo. O que eu realmente queria?
Assim que Rafaella se afastou, olhei para a mensagem de Lis. Ela dizia: "Podemos conversar? Preciso entender algumas coisas." A urgência nas palavras dela me fez perceber o quanto eu estava disposto a lutar por aquilo que realmente queria.
Respirei fundo e, em um impulso, comecei a digitar.
"Claro. Onde você está?"
Alguns minutos depois, recebi uma resposta: "No parque. Precisamos nos encontrar."
O Caminho para o Parque
Enquanto caminhava em direção ao parque, a ansiedade crescia. O que eu diria a ela? Como poderia explicar as confusões que se formaram em minha cabeça? Mas, acima de tudo, eu precisava ser honesto.
Ao chegar, a vi sentada em um banco, olhando para o chão. O coração apertou ao vê-la assim, tão vulnerável. Cada passo que dava parecia um peso a mais em meus ombros.
— Lis... — comecei, mas ela levantou a mão, pedindo para eu parar.
— Gabriel, por favor. Deixe-me falar primeiro. — sua voz tremia, mas havia uma determinação que eu admirava.
— Eu... — tentei interrompê-la, mas ela continuou.
— Eu preciso entender o que está acontecendo. Não posso continuar assim, presa entre suas inseguranças e o seu passado. Eu sou importante, e mereço saber se você realmente me quer.
Aquelas palavras atingiram meu coração. Era tudo o que eu precisava ouvir.
— Lis, eu... — comecei novamente, mas agora era a hora de ser completamente honesto. — Eu estava perdido. Eu pensei que, ao ter Rafaella de volta, poderia encontrar um caminho que me desse controle. Mas a verdade é que não é ela quem eu quero. É você.
Os olhos dela brilharam, e eu percebi que havia uma faísca de esperança.
— Então, o que você vai fazer? — perguntou, seu olhar fixo no meu.
— Vou lutar por nós. Não posso deixá-la partir de novo. Quero que você saiba que estou pronto para deixar o passado para trás. Quero construir algo com você, e só com você.
O silêncio entre nós foi interrompido pelo som do vento nas folhas das árvores. Uma paz parecia se instalar, mas ainda havia muito a ser resolvido. Eu precisava de coragem, e Lis merecia um futuro em que não houvesse mais sombras do passado.
— Então vamos fazer isso juntos — respondeu, com um sorriso tímido que me fez sentir que tudo ainda era possível.
Era hora de reescrever nossa história.
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Entre Cicatrizes e Silêncios-Gabigol
FanfictionSinopse: "Você não vê que está me destruindo?" "Então, por que não me deixa aqui de uma vez?" "Porque eu me importo com você, mais do que deveria." Gabriel Barbosa, ex-camisa 10 do Flamengo, agora carrega o número 99, que simboliza o infinito - assi...