Capítulo 39 - Ressurgindo das Cinzas

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Gabriel Barbosa pov's

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Gabriel Barbosa pov's

Depois daquela conversa com Lis, a casa estava mais silenciosa do que nunca. Cada segundo que passava sem a vibração do riso dela ou da sua presença ao meu lado me pesava no peito. Eu sabia que o que havia confessado tinha abalado sua confiança, mas preferi a dor da verdade à ilusão de uma mentira sustentada por medo.

Fiquei sentado no sofá por um bom tempo, olhando para o celular, esperando por uma mensagem que me dissesse que estava tudo bem, que podíamos continuar de onde paramos. Mas eu sabia que isso não seria tão fácil. O que eu havia feito, mesmo sem a intenção de magoá-la, feriu o que tínhamos de mais precioso: a confiança.

Voltei ao treino no dia seguinte com um peso nos ombros que não conseguia tirar. A cada passe, a cada chute, minha mente voltava para a última expressão de Lis. A dúvida nos seus olhos, o medo, a dor. Rafaella tinha causado isso — ou, na verdade, eu tinha, por deixá-la voltar para minha vida, mesmo que por um breve momento.

— Barbosa! — ouvi meu treinador gritar. — Onde está sua cabeça, cara?

Estávamos no meio de uma simulação de jogo, e percebi que havia errado um passe simples. Meus companheiros de equipe estavam visivelmente frustrados. Eu também estava. Frustrado comigo mesmo por deixar as coisas desmoronarem assim.

— Desculpa, professor — murmurei, tentando me recompor.

Continuei o treino, mas o dia foi um desastre. Minha mente estava em outro lugar, perdida entre o campo e o rosto de Lis, entre o peso de carregar o time nas costas e a sensação de estar prestes a perder a pessoa que mais importava na minha vida. O futebol sempre foi meu escape, mas agora, nem isso parecia me ajudar.

Quando o treino finalmente acabou, fui direto para o vestiário, exausto, tanto física quanto emocionalmente. Meu celular vibrava no armário, e meu coração disparou por um segundo, pensando que poderia ser Lis. Mas não era.

Uma mensagem de um dos meus amigos sugerindo que eu saísse para tomar uma cerveja e "esfriar a cabeça". Recusei. Não era disso que eu precisava agora.

Caminhei para fora do estádio, o sol começava a se pôr, e a melancolia do fim de tarde parecia refletir exatamente como me sentia. Peguei o carro e dirigi até a praia, o lugar que sempre foi o nosso refúgio, o espaço que nós dois compartilhávamos em silêncio, onde o mar parecia entender nossos silêncios e as ondas levavam embora nossos medos.

Eu estacionei o carro, saí e fiquei ali, olhando para o horizonte. A brisa fria do mar me atingia, trazendo uma paz momentânea. Fechei os olhos e respirei fundo. Eu sabia que precisava fazer algo, que simplesmente esperar que as coisas se resolvessem por conta própria não era uma opção.

Eu precisava lutar por Lis.

Com isso em mente, peguei o celular e, sem pensar duas vezes, liguei para ela. O telefone tocou várias vezes, e a cada toque, meu coração batia mais rápido, o nervosismo crescendo. Quando estava prestes a desistir, ouvi sua voz do outro lado.

— Gabriel? — Ela parecia surpresa por eu estar ligando.

— Lis, eu... — Tentei controlar minha respiração. — Eu precisava te ligar. Preciso conversar com você.

— Agora?

— Sim. Eu estou na praia. No nosso lugar. — Minha voz saiu mais firme agora. — Eu sei que te magoei, mas não posso deixar isso assim. Eu preciso te ver, preciso de uma chance para te explicar tudo, cara a cara.

Houve um silêncio do outro lado. Podia sentir a hesitação dela, a dúvida sobre se deveria ou não me dar mais uma oportunidade de consertar as coisas.

— Tá bom — ela respondeu, finalmente. — Eu vou até aí.

Quando ela desligou, senti uma mistura de alívio e ansiedade. Eu sabia que aquela seria uma conversa decisiva para nós dois. Se eu falhasse em explicar meus sentimentos, se não fosse honesto e vulnerável como nunca fui antes, poderia perder Lis de uma vez por todas.

Os minutos que se passaram enquanto eu a esperava pareceram horas. Eu andava de um lado para o outro, minha mente correndo com tudo o que eu queria dizer. Eu sabia que tinha que abrir meu coração, expor meus medos, minhas falhas, tudo. Era a única maneira.

Quando finalmente vi Lis chegando, meu coração disparou. Ela estava linda, mesmo com a expressão séria e os passos cautelosos. Ela parou a alguns metros de mim, cruzando os braços como se tentasse se proteger.

— Lis — comecei, caminhando em sua direção. — Obrigado por vir.

Ela não disse nada, apenas assentiu.

— Eu sei que te magoei — continuei, minha voz baixa. — E sei que as palavras de Rafaella te fizeram duvidar de mim, mas eu juro que nunca quis te enganar ou esconder nada de você. Quando eu falei com ela, estava perdido, achando que estava tentando entender meus próprios sentimentos. Mas o que eu descobri naquele momento é que a única pessoa que eu quero, que eu amo, é você. Sempre foi você.

Ela me olhou com uma mistura de tristeza e esperança nos olhos. Eu sabia que não seria fácil reconquistar sua confiança.

— Gabriel... eu não sei se posso simplesmente esquecer tudo isso — ela disse, a voz hesitante. — Eu sinto que não posso competir com o seu passado. Rafaella, a confusão, tudo isso... parece que sempre vai estar entre a gente.

— Mas não precisa estar — insisti. — Eu estou aqui, agora, te pedindo para me deixar provar que estou comprometido com o nosso futuro, e não com o meu passado. Eu errei em não te contar, mas foi por medo de te perder. A última coisa que eu quero é perder você.

Ela desviou o olhar para o mar por um momento, como se estivesse tentando organizar seus próprios pensamentos. Quando voltou a me encarar, havia lágrimas em seus olhos.

— Eu não sei se estou pronta para confiar em você de novo — ela admitiu. — Mas eu quero tentar.

Meu coração deu um salto de esperança.

— É só isso que eu estou pedindo, Lis — respondi, dando um passo à frente e estendendo a mão para ela. — Uma chance de provar que posso ser o homem que você merece.

Ela hesitou, mas então colocou sua mão na minha. Foi um gesto pequeno, mas carregado de significado. Era o primeiro passo para nós dois, o início de uma nova fase, onde a confiança precisaria ser reconstruída, tijolo por tijolo.

Ficamos ali, de mãos dadas, olhando para o mar. Sabíamos que o caminho à frente seria difícil, mas, naquele momento, tínhamos algo que importava mais: a vontade de lutar, juntos.

Entre Cicatrizes e Silêncios-GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora