Capítulo 73

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Capítulo 73: Encontro no Santuário

O sol do final da tarde banhava o Santuário do Sol em uma luz dourada suave. Sans, ainda fraco, caminhava lentamente ao lado de Toga, que o segurava pelo braço, ajudando-o a manter o equilíbrio. A cada passo, sentia o peso de dois anos sem usar seu corpo. Mesmo com a mente recuperada, o corpo ainda parecia uma prisão temporária.

— Não precisa apressar as coisas — disse Toga com um tom gentil, mas firme. — Você acabou de voltar, Sans. Vamos com calma.

Sans respirou fundo, tentando controlar a frustração que sentia. Era estranho para ele, sempre tão forte e ágil, agora depender de outra pessoa para andar. No entanto, ele sabia que Toga estava certa. O retorno ao mundo físico exigia paciência.

Conforme os dois avançavam pelos caminhos de pedra do Santuário, um som familiar chamou a atenção de Sans. Ele olhou para frente e viu Arthuria, parada em um ponto mais à frente, observando o horizonte. Seu semblante era calmo, mas havia uma certa tensão em seus olhos.

— Arthuria — Sans chamou, a voz ainda um pouco rouca.

Ela se virou ao ouvir seu nome, seus olhos encontrando os de Sans. Por um momento, os dois se encararam em silêncio, como se palavras não fossem suficientes para expressar tudo o que tinham passado. Finalmente, Arthuria deu alguns passos em direção a eles.

— Sans... — começou ela, a voz baixa e controlada. — Eu queria ter vindo antes. Eu... só não sabia o que dizer.

Sans soltou um suspiro leve, seus olhos agora mais focados.

— Não precisa dizer nada, Arthuria. Eu entendo. Muita coisa aconteceu.

Arthuria balançou a cabeça, parecendo lutar contra suas próprias emoções. Ela respirou fundo antes de continuar.

— Eu te devo... não, todos nós te devemos tanto. Se não fosse por você, Sans, eu e tantos outros... não estaríamos aqui. Você nos salvou, mesmo quando já havia perdido tanto. — Ela abaixou os olhos, sentindo o peso das palavras. — E eu nunca tive a chance de te agradecer.

Sans a observou por um momento, tentando absorver as palavras. Ele nunca foi o tipo de pessoa que buscava reconhecimento ou gratidão, mas podia sentir a sinceridade e o peso do que Arthuria estava tentando expressar.

— Não fiz isso por reconhecimento, Arthuria. Fiz porque era o certo a se fazer. — Ele hesitou antes de continuar. — Mas... se isso significa algo para você, estou feliz por ter ajudado.

Arthuria levantou os olhos, visivelmente aliviada, mas havia algo mais que ela queria dizer.

— Não é só isso. Eu também te devo um pedido de desculpas. — A voz dela ficou mais baixa, carregada de culpa. — Durante esses dois anos, eu não acreditei que você voltaria. Perdi a esperança, me deixei consumir pela ideia de que você estava realmente... morto. — Ela fechou os olhos por um instante, buscando a força para continuar. — Eu me sinto envergonhada por ter desistido de você tão facilmente.

Sans a olhou com um semblante calmo, mas firme.

— Todos lidam com a perda de maneiras diferentes, Arthuria. Eu não te culpo por isso. — Ele estendeu a mão com dificuldade, pousando-a gentilmente no ombro dela. — O importante é que estamos aqui agora. E ainda temos muito o que fazer.

Arthuria sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, mas se controlou, dando um pequeno sorriso.

— Obrigada, Sans. Obrigada por me entender... e por me dar outra chance.

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa, Toga, que havia permanecido em silêncio, falou suavemente.

— Acho que já está na hora, Sans. Temos um último lugar para ir.

Sans assentiu e, com a ajuda de Toga, retomou a caminhada. Arthuria ficou para trás, observando enquanto ele se afastava, sentindo o peso de suas emoções se dissolver um pouco.

Mais tarde, Sans e Toga chegaram ao pé da Montanha Fanatic. O local era um dos mais sagrados do Santuário do Sol, um lugar de treinamento e recuperação espiritual. No topo da montanha, Rukia os aguardava, sentada em uma rocha, olhando para o horizonte distante.

— Finalmente chegaram — disse Rukia com um sorriso suave. — Eu estava começando a pensar que você estava com medo de vir, Sans.

Sans riu, um som fraco mas genuíno, enquanto Toga o ajudava a subir os últimos metros.

— Medo não é o problema. Só me falta um pouco de força nas pernas.

Rukia se levantou, observando Sans com uma expressão avaliadora. Ela sabia que ele havia passado por provações que poucos conseguiriam suportar, e que sua recuperação seria lenta, mas certa.

— Este lugar... — começou Rukia, gesticulando ao redor com um movimento amplo. — Aqui, você poderá recuperar o controle do seu corpo sem pressa. As montanhas têm uma energia especial que ajudará na sua recuperação, tanto física quanto espiritual. Não há distrações, apenas o som da natureza e o tempo a seu favor.

Sans olhou ao redor, absorvendo a tranquilidade do local. O vento suave e o som das folhas criavam uma atmosfera quase hipnótica. Ele podia sentir a energia pulsando através da montanha, algo que parecia se alinhar com o que ele precisava naquele momento.

— Eu aprecio isso, Rukia — disse Sans, tentando endireitar seu corpo. — Sei que essa recuperação vai levar tempo, mas eu voltarei. Tenho que voltar.

Rukia assentiu, cruzando os braços.

— Não se preocupe com o tempo. Aqui, o que importa é o progresso. Cada dia você vai melhorar, e quando estiver pronto, voltará mais forte do que antes.

Toga, que havia ficado em silêncio durante a maior parte da conversa, finalmente falou.

— Estaremos com você a cada passo, Sans. Mas, por enquanto, concentre-se em si mesmo. O mundo lá fora pode esperar um pouco mais.

Sans assentiu lentamente, sabendo que, apesar de sua impaciência, ela estava certa. Seu retorno à plena força era necessário, mas não havia como acelerar o processo. Ele respirou fundo, sentindo o ar puro da montanha encher seus pulmões. Por mais difícil que fosse, ele sabia que precisava dessa pausa, desse tempo para se recompor.

Enquanto a noite começava a cair, as estrelas surgindo uma a uma no céu, Sans se preparava mentalmente para o longo caminho à frente. Ele não estava sozinho — seus aliados estavam ao seu lado. E, acima de tudo, ele sabia que o futuro ainda estava ao seu alcance.

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