Capítulo 78

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Capítulo 78: O Segundo Mais Forte Chegou

O campo de batalha do Ragnarok estava coberto de cinzas e sangue. As forças de Asgard, Olimpo e os gigantes travavam uma batalha feroz, e o céu parecia ruir com o peso da destruição. Porém, uma aura intensa e dourada começou a se espalhar pelo horizonte, paralisando momentaneamente todos os combatentes. Um poder tão imenso, tão absoluto, que até os deuses mais poderosos sentiram seus corações apertarem.

A figura que se aproximava era inconfundível. O Coelho Dourado. Ele não vinha como aliado, nem como inimigo óbvio de nenhum dos lados, mas sua presença era uma ameaça que ninguém podia ignorar.

Nos céus, observando a batalha, Zeus, Hades e Poseidon trocaram olhares tensos. Os três deuses, que raramente concordavam em algo, agora compartilhavam uma única preocupação. Eles sabiam quem estava vindo. Não era apenas um inimigo ou um oponente poderoso. Era o ser que, após terem sido criados pelo Primeiro Deus, os havia criado e cuidado. Para eles, o Coelho Dourado era uma figura paterna.

— Ele realmente veio... — murmurou Poseidon, apertando o tridente com força. — O que faremos agora?

Zeus, que sempre fora impetuoso e confiante, agora estava estranhamente silencioso. Sua mão segurava firmemente o raio, mas havia um traço de hesitação em seus olhos. Ele sabia, mais do que qualquer um, o poder imensurável que o Coelho Dourado possuía. O deus dos deuses, que liderava o Olimpo com uma mão firme, sentia o peso do medo.

— Nós sabíamos que ele viria — disse Hades, com a voz mais baixa do que o normal. — Ele sempre aparece quando o equilíbrio está em risco. Mas desta vez... — Ele parou por um momento, olhando para o horizonte onde o brilho dourado ficava mais intenso. — Não temos ideia de qual lado ele está.

— O Coelho Dourado não escolhe lados — disse Zeus, sua voz grave. — Ele luta pelo que acredita ser o certo. E, se decidiu que nós somos o problema, então estamos em apuros.

Poseidon olhou para seus irmãos, a tensão evidente em seus olhos.

— Ele foi como um pai para nós — Poseidon falou, com um tom de preocupação. — Mas será que isso ainda significa algo para ele?

Zeus respirou fundo, tentando acalmar sua mente. O Coelho Dourado havia sido sua maior influência na infância, ensinando-o sobre poder, controle e liderança. Ele, Hades e Poseidon tinham sido deixados sob os cuidados do Coelho Dourado pelo Primeiro Deus, e o respeito que sentiam por ele era profundo.

— Isso não importa mais agora, Poseidon — disse Zeus, apertando o raio em sua mão. — Ele tomou sua decisão, e não podemos ignorar isso.

Do campo de batalha, Thor, o deus do trovão de Asgard, olhava desconfiado para o Coelho Dourado, sentindo o aumento avassalador de sua presença. Ele trocou olhares com seus aliados, Odin e Loki, que também estavam tensos, sabendo que a chegada do Coelho Dourado mudaria tudo.

— Ele está aqui — Thor sussurrou, seus olhos fixos no horizonte. — O segundo mais forte do Vazio.

No centro do campo de batalha, o Coelho Dourado finalmente parou. Ele olhou ao redor, observando as forças de cada exército como se estivesse avaliando a situação. Sua máscara dourada escondia qualquer emoção, mas todos sabiam que ele era a chave para o destino daquela guerra.

Zeus desceu dos céus, pousando à frente do Coelho Dourado. O campo de batalha ficou em silêncio, enquanto os dois seres se encaravam. Hades e Poseidon logo se juntaram ao irmão, formando uma barreira de deuses. Não era uma barreira para atacar, mas uma tentativa de entender a razão do Coelho Dourado estar ali.

— Coelho Dourado — Zeus finalmente falou, com uma nota de respeito e cautela em sua voz. — Você veio... mas por que está aqui? Esta guerra não é sua.

O Coelho Dourado ficou em silêncio por um momento, seus olhos brilhando por trás da máscara dourada. Ele observou Zeus, Hades e Poseidon, como se estivesse pesando as palavras antes de falar.

— Vocês se desviaram do caminho — o Coelho Dourado disse, sua voz calma, mas carregada de poder. — O Olimpo, Asgard, os gigantes... esta guerra é fruto da arrogância de todos vocês. Vocês estão destruindo o equilíbrio. Eu vim para corrigir isso.

Poseidon deu um passo à frente, tentando controlar a inquietação.

— Nós respeitamos você, Coelho Dourado — ele disse, quase como uma súplica. — Você nos criou. Cuidou de nós quando éramos crianças, depois que o Primeiro Deus nos deixou. Nós te vemos como nosso pai.

Hades, sempre o mais frio dos três, acrescentou em um tom mais sombrio:

— Se estamos fora do caminho, nos mostre como corrigir nossos erros. Mas não vire nossas costas para nós. Não agora.

Zeus, normalmente orgulhoso e autoritário, abaixou a cabeça por um breve segundo, um gesto de respeito. Ele sabia que, se houvesse alguém que ele respeitasse mais do que o Primeiro Deus, era o Coelho Dourado.

— Nós te devemos tudo — Zeus admitiu. — Se você acredita que estamos errados, então precisamos de sua orientação, não de seu julgamento.

O Coelho Dourado os observou em silêncio por um longo momento. Seu olhar parecia atravessar os três deuses, como se estivesse vendo não apenas suas palavras, mas suas intenções mais profundas.

— Vocês três — ele começou, a voz firme — são o legado de algo muito maior do que essa guerra. Mas sua arrogância os cegou. Zeus, você se esqueceu de onde veio. Hades, você se isolou nas sombras, ignorando o que acontece ao seu redor. E Poseidon... — ele olhou diretamente para o deus dos mares — ...você se afastou de suas responsabilidades, deixando a sede de poder guiar suas decisões.

Os três deuses ficaram em silêncio, absorvendo as palavras. O Coelho Dourado continuou:

— Eu não vim para destruir vocês. Mas também não vou ignorar o caos que vocês criaram. Esta guerra precisa acabar. Se vocês continuarem nesse caminho, não haverá salvação para nenhum de nós.

Zeus, Hades e Poseidon trocaram olhares. Eles sabiam que não poderiam desobedecer o Coelho Dourado, nem ignorar seu aviso. Mas também sabiam que convencer os outros deuses, os gigantes e Asgard a parar a guerra seria quase impossível.

— O que devemos fazer? — perguntou Zeus, finalmente. — Como podemos parar algo que já está fora de controle?

O Coelho Dourado olhou para o horizonte, onde a batalha ainda continuava.

— Eu vou lidar com isso — ele disse, sua voz fria e decisiva. — Mas lembrem-se, se vocês continuarem a seguir o caminho da destruição, eu não hesitarei em eliminá-los. Vocês são meus filhos, mas até mesmo filhos podem ser punidos por seus erros.

Com essas palavras, o Coelho Dourado virou-se e começou a caminhar pelo campo de batalha. Os deuses, gigantes e guerreiros que ele passava davam um passo para trás, reconhecendo que estavam diante de um ser além de qualquer compreensão.

Zeus, Hades e Poseidon observaram em silêncio enquanto o Coelho Dourado avançava. O respeito e o medo que sentiam por ele eram palpáveis. E eles sabiam, no fundo de seus corações, que o destino do Ragnarok e de todos os reinos estava nas mãos daquele que os havia criado.

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