Capítulo 79: Medo
O campo de batalha estava coberto por gritos de guerra, o chão tremia com o impacto dos golpes entre deuses e gigantes. Thor, o mais poderoso guerreiro de Asgard, girava seu martelo Mjolnir, enquanto Frosth, o colossal representante dos gigantes, rugia em fúria, comandando suas tropas com força inabalável. Os dois lados estavam à beira de um confronto final, sem intenção de recuar.
Então, o vento mudou. O ar pareceu pesar, e uma sensação de pavor se espalhou pelo campo. Mesmo os guerreiros mais destemidos sentiram um calafrio atravessar seus corpos. Do horizonte, uma figura solitária emergiu, caminhandando calmamente entre as tropas. O Coelho Dourado havia chegado.
Sua simples presença fez com que os guerreiros parassem. Os deuses e gigantes, até mesmo os mais audazes, congelaram em seus lugares. Thor sentiu um suor frio escorrer pela nuca, enquanto Frosth rosnava, mas seus olhos demonstravam dúvida pela primeira vez.
— Então, é você... — Thor disse, a voz rouca e carregada de respeito, sem deixar de observar a figura imponente à sua frente.
O Coelho Dourado apenas olhou para ele, sem qualquer necessidade de palavras. A aura de poder que o cercava era esmagadora. Ele parou no centro do campo de batalha, erguendo uma mão, e uma onda de energia percorreu o local. De repente, tudo ficou em silêncio absoluto.
— Esta guerra acabou — disse o Coelho Dourado, sua voz ecoando por todo o campo. Era uma ordem, não uma sugestão.
Frosth, gigante e imponente, avançou um passo, a raiva queimando em seus olhos. — Você acha que pode nos deter com palavras, criatura? Nós, os gigantes, não nos curvaremos a ninguém, nem mesmo a você!
O Coelho Dourado virou lentamente a cabeça em direção ao gigante. Em um piscar de olhos, ele desapareceu e reapareceu à frente de Frosth, colocando uma única mão no peito do gigante. Uma explosão de luz dourada emanou de seu toque, e Frosth foi lançado para trás, caindo de joelhos, sem fôlego. Mesmo o gigante mais poderoso de Jotunheim sentiu o medo se apoderar dele.
Thor, observando tudo, entendeu o recado. Ele abaixou o Mjolnir e sinalizou para os guerreiros de Asgard cessarem. Frosth, atordoado e em pânico, recuou com suas tropas, reconhecendo que não havia força suficiente em nenhum dos lados para desafiar o Coelho Dourado.
— Vocês precisam entender que esta guerra não levará a nada além de destruição — continuou o Coelho Dourado. — Não é com força bruta que se resolve o destino do mundo. Se continuarem, eu mesmo vou terminar com cada um de vocês.
Thor assentiu, relutante, mas incapaz de negar a verdade diante dele. Frosth, agora submisso, nada mais disse. A guerra, por mais violenta e sangrenta que tivesse sido até aquele momento, chegou ao fim ali, com uma simples demonstração de poder.
Sem mais uma palavra, o Coelho Dourado desapareceu, deixando o campo em um silêncio avassalador.
O Sermão dos Três Irmãos
Momentos depois, o Coelho Dourado reapareceu diante de Zeus, Hades e Poseidon, os três irmãos que haviam permanecido à distância, observando a guerra se desenrolar. Quando o Coelho Dourado surgiu à frente deles, os três sentiram uma mistura de respeito e medo.
— Vocês sabiam que isso aconteceria, não sabiam? — disse o Coelho Dourado, olhando para os três como um pai repreende seus filhos. — Vocês cresceram sob minha orientação, e mesmo assim permitiram que uma guerra tão tola ocorresse.
Zeus abaixou a cabeça, sentindo o peso das palavras. — Não conseguimos controlar as forças que se moveram. Foi inevitável, ou assim pensamos.
— Inevitable? — repetiu o Coelho Dourado, com uma frieza que fez até mesmo Hades estremecer. — Nada disso foi inevitável. Vocês escolheram seguir este caminho, permitiram que seu orgulho e sua sede de poder os cegassem. Eu cuidei de vocês, guiei vocês após o Primeiro Deus ter criado este mundo, e ainda assim, se comportam como crianças tolas.
Poseidon tentou intervir, mas suas palavras ficaram presas em sua garganta. O Coelho Dourado era mais do que uma figura paternal para eles, era uma entidade cuja força e sabedoria superavam até a própria criação. E agora, eles haviam falhado.
— Esta foi sua última chance — concluiu o Coelho Dourado, olhando cada um dos três nos olhos. — Se voltarem a cometer os mesmos erros, não hesitarei em destruir o que vocês construíram. Lembrem-se de que o poder não é o suficiente para manter a ordem no mundo. Vocês precisam de responsabilidade.
Com isso, o Coelho Dourado virou-se e começou a desaparecer, sua forma se dissolvendo em partículas douradas. Os três irmãos ficaram em silêncio, sentindo o peso das palavras, mas também o alívio por ainda terem uma chance de redenção.
A guerra havia acabado, mas as lições estavam longe de terminar.
Fim do Capítulo 79