Capítulo 74: O Caminho da Recuperação
A manhã na Montanha Fanatic era diferente de qualquer outro lugar. O ar fresco e gelado enchia os pulmões de Sans, enquanto o som distante de uma cachoeira e o vento entre as árvores criava um ritmo natural e hipnótico. Sans estava sentado no topo de uma rocha lisa, observando o horizonte. A vastidão do Santuário do Sol se estendia abaixo dele, mas ele sabia que o caminho à frente não seria fácil.
Rukia aproximou-se silenciosamente, seus passos leves como sempre. Ela observou Sans por um momento antes de falar.
— O treinamento vai ser difícil, Sans. O corpo que você está tentando reativar ficou adormecido por dois anos. É como reensinar algo que já deveria ser natural, mas que foi esquecido.
Sans olhou para suas mãos, movendo os dedos lentamente. Eles tremiam levemente, e ele sentiu a frustração crescente. Dois anos sem movimento, dois anos em coma, e agora ele estava em um corpo que não respondia como antes. Mas ele sabia que não podia se apressar, por mais que desejasse.
— Eu sei — respondeu ele, com a voz firme. — Mas não tenho outra escolha. Preciso voltar à minha antiga forma. Não posso permitir que essa fraqueza dure para sempre.
Rukia sorriu, cruzando os braços.
— Essa determinação é boa. Vai ser necessária. Hoje começaremos com o básico.
Ela gesticulou para uma pequena área de treinamento que havia montado. Havia pesos simples, alguns obstáculos e um espaço aberto para prática de movimento. Não era um treino convencional; era algo feito para reacender a conexão entre corpo e mente.
— Primeiro, queremos reativar seus reflexos. Seus músculos estão atrofiados, então vamos começar com exercícios simples. — Rukia se posicionou à frente de Sans. — Levante-se e me siga.
Sans, com dificuldade, se levantou da pedra. O simples ato de se levantar exigia um esforço monumental. Seus músculos estavam duros, seus movimentos desajeitados. Ele sentiu uma onda de tontura por um momento, mas se estabilizou.
Passo a passo, ele seguiu Rukia até a área de treinamento. Quando finalmente chegaram, Rukia parou e se virou para ele.
— Vamos começar com equilíbrio. Fique sobre uma perna por quanto tempo conseguir.
Sans arqueou uma sobrancelha, mas não discutiu. Ele levantou uma perna, transferindo o peso para a outra. O desequilíbrio foi imediato; seu corpo balançou, e ele quase caiu, mas conseguiu se estabilizar a tempo.
— Boa — disse Rukia, observando atentamente. — Agora mantenha.
Sans focou toda sua atenção em manter o equilíbrio. Cada músculo parecia lutar contra ele, como se seu corpo tivesse esquecido o que significava estar em controle. O tempo parecia passar lentamente, e ele começou a sentir uma leve dor no quadril e nas pernas. Mas ele manteve, forçando-se a não cair.
Após alguns minutos, Rukia fez um gesto para que ele baixasse a perna.
— Isso é o suficiente por enquanto. Não queremos exagerar logo no início. — Ela pegou uma bola pequena e a lançou para Sans. — Agora, tente pegar.
Sans estendeu as mãos, e a bola voou diretamente para elas, mas ele a deixou escapar, seus reflexos ainda lentos demais para reagir adequadamente. Ele soltou um suspiro frustrado.
— Não se apresse — disse Rukia, pegando a bola novamente. — Lembre-se, é um passo de cada vez.
Ela lançou a bola novamente, e dessa vez Sans conseguiu pegá-la, embora seus dedos ainda estivessem trêmulos. Rukia assentiu com aprovação.
— Vamos continuar com isso. A repetição vai reacender o que seu corpo esqueceu.
Por horas, os dois continuaram com exercícios simples. Equilíbrio, reflexos e movimentos básicos de combate. Rukia não pressionava Sans além do que ele podia aguentar, mas também não deixava que ele se acomodasse. Cada movimento que ele fazia, cada pequeno progresso, era uma vitória.
Quando o sol começou a descer no horizonte, pintando o céu de laranja e vermelho, Sans sentiu que seu corpo estava exausto. Ele se sentou pesadamente em uma pedra, ofegante, o suor escorrendo pelo rosto. Mas apesar do cansaço, havia uma sensação de conquista.
— Você fez bem hoje — disse Rukia, parando ao lado dele. — Pode parecer pouco, mas essa base é o que vai te levar de volta à sua antiga forma.
Sans assentiu, sentindo o peso de suas palavras. Ele sabia que o caminho seria longo, mas o progresso de hoje, por menor que fosse, era um passo na direção certa.
— Amanhã será mais difícil — avisou Rukia, com um sorriso enigmático. — Então descanse bem esta noite.
Sans riu baixinho, balançando a cabeça.
— Eu espero por isso.
Com isso, Rukia deu uma última olhada em Sans antes de se afastar, deixando-o sozinho para refletir sobre o dia. Enquanto observava o pôr do sol, Sans sentiu uma nova determinação crescendo dentro de si. Seu corpo ainda estava fraco, mas sua mente estava mais afiada do que nunca. Ele sabia que o retorno ao seu antigo poder não seria rápido, mas também sabia que ele conseguiria.
O treinamento havia apenas começado, mas Sans estava pronto para o desafio.