Capítulo 69: O Limbo de Sans
Sans estava flutuando, sua forma etérea vagando por um espaço vazio e silencioso. Ele se sentia leve, como se estivesse suspenso entre o que parecia ser o fim e o desconhecido. Ao longe, ele avistou três figuras familiares: A-1, B-2 e Hall, suas criações mais leais e próximas, andando em direção a uma escadaria que levava a uma grande porta branca. Aquele brilho suave e acolhedor da porta parecia irradiar paz, e o instinto de Sans foi segui-los.
Sem pensar duas vezes, ele correu em direção às escadas. Seus passos eram rápidos e desesperados, como se uma parte dele soubesse que aquela era a única saída daquele lugar, ou pelo menos o caminho que ele devia tomar. Porém, ao chegar próximo às escadas, seu corpo bateu em uma barreira invisível, como se algo o estivesse impedindo de avançar.
— O que... — Sans murmurou, estendendo a mão para tocar a barreira. Parecia uma parede feita de ar, impossível de ver, mas intransponível. Ele tentou forçar a passagem, mas foi inútil.
Lá em cima, perto da porta branca, A-1, B-2 e Hall pararam por um momento e olharam para ele. Seus rostos carregavam um sorriso tranquilo, como se soubessem de algo que Sans ainda não compreendia. Eles acenaram em despedida, um gesto calmo e cheio de significado. E então, sem dizer uma palavra, os três passaram pela porta estreita, desaparecendo em meio à luz brilhante.
— Esperem! — Sans gritou, tentando alcançar mais uma vez, mas a barreira continuava impedindo sua passagem.
Ele ficou parado, ofegante, sentindo a impotência tomar conta de si. Aquilo que ele mais queria, seus companheiros, estavam além de seu alcance. Após alguns segundos de contemplação, ele começou a olhar ao redor, tentando entender onde estava. O vazio ao seu redor parecia se estender infinitamente, mas quando olhou para baixo, algo capturou sua atenção.
Abaixo dele, um buraco gigantesco se abria, um abismo de escuridão que parecia não ter fim. Ao se aproximar da beira, ele sentiu o calor emanando de dentro. Lá embaixo, chamas dançavam e formas indistintas se contorciam no fogo. Sans observou atentamente e então se deu conta.
— Isso... isso é o inferno — sussurrou, sua voz carregada de uma certeza aterrorizante.
Por instinto, ele tentou descer até o buraco, mas novamente uma barreira invisível o impediu de se aproximar. Era como se ele estivesse preso entre esses dois mundos — nem podendo subir para o céu com suas criações, nem descer ao inferno.
Sans recuou da beirada, sentindo-se preso em um limbo. Enquanto caminhava pela barreira invisível, observando o cenário abaixo, seu olhar foi atraído para outra estrutura à distância. Havia um grande bosque, onde árvores douradas e brilhantes se erguiam em direção ao céu. Ao redor delas, guerreiros imponentes pareciam andar por caminhos serenos, suas espadas e escudos brilhando sob a luz suave.
— Valhalla... — ele murmurou, reconhecendo o lendário reino dos guerreiros honrados.
Sans começou a andar em direção ao bosque, com uma nova chama de esperança em seu peito. Talvez aquele fosse seu destino, o lugar onde ele deveria ir. Mas, quando ele tentou se aproximar, a mesma barreira invisível o deteve. Ele estendeu as mãos, tocando o nada mais uma vez. Não importava para onde ele fosse, era como se estivesse cercado por essas paredes invisíveis, preso em um lugar entre o céu, o inferno e Valhalla.
Cansado e frustrado, Sans se sentou no chão, olhando para o vazio ao seu redor. Ele sentia uma estranha calma, misturada com a inquietação de não saber o que fazer. Todos os caminhos pareciam bloqueados para ele. Estava preso entre as decisões do destino, sem poder avançar ou recuar.
Enquanto o silêncio dominava o ambiente, Sans ficou sentado ali, pensando profundamente. Ele não sabia quanto tempo havia se passado desde que ele deixou seu corpo, mas sentia que algo maior estava em jogo. Talvez ele estivesse ali para aprender algo, ou talvez fosse apenas o último resquício de sua existência, esperando por uma resposta que ainda não havia chegado.
— O que eu faço agora? — ele murmurou para si mesmo, sua voz ecoando no vazio.
Sans sabia que, de alguma forma, ele precisava encontrar um caminho. Mas, por enquanto, tudo que ele podia fazer era esperar e pensar. Talvez, em breve, uma nova resposta surgisse.