Capítulo 7: A Chegada de Ashura
O dia começou como qualquer outro na pequena cabana na fronteira entre os reinos de Ritter e Sliglus. A formação de proteção criada por Lady Elara havia trazido uma sensação de segurança para todos, mas essa tranquilidade estava prestes a ser abalada.
No meio da tarde, um silêncio estranho caiu sobre a floresta. Os pássaros pararam de cantar, e até o vento parecia ter cessado. A Deusa da Névoa, Kilua, sentiu uma presença poderosa aproximando-se, uma presença que ela reconhecia muito bem.
Ashura, o Deus Monarca Demônio, estava ali.
De repente, uma figura alta e imponente surgiu do meio da neblina densa que cobria a área ao redor da cabana. Ashura, com sua aura sombria e olhos flamejantes, parou em frente à barreira de proteção que cercava a cabana. Ele ficou parado ali, como se estivesse analisando a barreira, antes de erguer a voz.
"Kilua!" Ashura chamou, sua voz profunda ecoando pela floresta. "Sei que está aí. Eu só quero conversar."
Kilua franziu o cenho, seu olhar fixo na figura à distância. Ela não confiava em Ashura, mas sabia que não poderia ignorá-lo. Com um gesto para Lady Elara, que estava ao seu lado, ela sinalizou que sairia para encontrar o demônio.
"Fique de olho nas crianças," disse Kilua antes de sair. Lady Elara assentiu, fechando a porta atrás de Kilua e posicionando-se perto da janela, de onde poderia observar a conversa sem ser notada.
Dentro da cabana, o clima estava tenso. Moon pegou Nick no colo, tentando acalmar a irmã gêmea de Sans, que começava a chorar baixinho. Ela se aproximou da janela, olhando através de uma pequena fresta na cortina, tentando ver o que estava acontecendo lá fora.
Sans, por sua vez, sentiu uma mistura de curiosidade e determinação. Ele se lembrou da runa de proteção que Lady Elara havia criado e decidiu tentar reproduzi-la. Pegou um pedaço de madeira lisa que encontrou no chão e começou a trabalhar, tentando inscrever a runa exatamente como havia visto sua professora fazer.
Lá fora, Kilua se aproximou de Ashura, seus olhos escarlates brilhando com uma intensidade serena. "Ashura, por que está aqui?" perguntou ela, mantendo sua voz calma, mas firme. "Sabe que este território é meu."
Ashura esboçou um sorriso sombrio, seus olhos ardendo com uma chama sinistra. "Não vim para causar problemas, Kilua," disse ele, cruzando os braços. "Estou apenas procurando por alguém. A Rainha Arpia do reino que ataquei três dias atrás. Ela escapou, e eu pensei que talvez tivesse passado por aqui."
Kilua manteve seu olhar firme, mas por dentro estava alerta. "Não vi ninguém do tipo," respondeu ela. "E mesmo que tivesse, você sabe que meu território é neutro. Não interfiro nos assuntos dos outros reinos."
Ashura inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse ponderando as palavras dela. "Entendo. Mas se ela passou por aqui, você me avisaria, certo? Afinal, não queremos que problemas surjam entre nós, não é?"
Kilua estreitou os olhos. "Meu dever é proteger meu território e aqueles que estão sob minha proteção. Isso inclui garantir que nenhum mal venha a eles, de qualquer lado."
Ashura riu baixinho, um som que era mais inquietante do que reconfortante. "Sempre a mesma, Kilua. Bem, se ela aparecer, você saberá onde me encontrar." Ele deu um último olhar para a barreira antes de se virar e começar a se afastar. "Até a próxima."
Enquanto Ashura se afastava, Kilua manteve seu olhar fixo nele até que sua figura desaparecesse na neblina. Só então ela se permitiu relaxar um pouco. Ela sabia que Ashura não era do tipo que desistia facilmente, mas por enquanto, a ameaça parecia ter sido afastada.
Dentro da cabana, enquanto a conversa acontecia, Sans continuava trabalhando na runa de proteção. Seus traços eram precisos, e ele sentia uma energia familiar fluindo através de seus dedos enquanto inscrevia os símbolos na madeira. Ele estava concentrado, focado em reproduzir a runa que havia visto.
Quando Kilua finalmente voltou para dentro, seguida por Lady Elara, ambas pareciam aliviadas, mas ainda preocupadas. Moon se virou para olhar para elas, mas antes que pudesse dizer algo, um brilho suave emanou do pedaço de madeira que Sans segurava.
Todos os olhos se voltaram para ele. Kilua, Lady Elara e Moon ficaram surpresas ao ver a runa de proteção que Sans havia criado. A runa brilhava com uma luz suave, indicando que estava funcional.
Lady Elara se aproximou, incrédula. "Sans... você fez isso?" perguntou ela, examinando a runa com atenção. Não havia erros, não havia falhas. Era uma runa de proteção de Rank B-, criada por uma criança que havia apenas observado uma vez.
Kilua, igualmente impressionada, olhou para Sans com uma expressão de surpresa que raramente mostrava. "Isso... é extraordinário," disse ela, em um tom mais suave. "Você realmente conseguiu criar uma runa de proteção funcional."
Moon, ainda segurando Nick, não sabia o que dizer. Ela olhava para seu irmão mais novo, que parecia tão calmo e concentrado, e sentiu uma onda de orgulho misturado com espanto.
Sans, por sua vez, não pareceu perceber a magnitude do que havia feito. Para ele, era apenas uma tentativa de ajudar, uma maneira de se sentir útil em um momento de tensão.
Kilua, recuperando-se do choque inicial, sorriu levemente. "Você é realmente especial, Sans," disse ela, sua voz carregando um toque de respeito. "Com talento e determinação como essa, você tem o potencial de se tornar algo muito maior do que qualquer um de nós poderia imaginar."
Lady Elara assentiu em concordância. "Precisamos continuar treinando e orientando você. Se já é capaz de fazer isso agora, mal posso imaginar o que poderá fazer no futuro."
Sans, finalmente percebendo o que tinha feito, sorriu timidamente. Ele ainda era uma criança, mas sentia-se cada vez mais parte daquele novo mundo, um mundo onde ele poderia fazer a diferença.
Kilua, no entanto, manteve em mente a visita de Ashura. Ela sabia que aquele era apenas o começo, e que desafios ainda maiores estariam por vir. Mas com Sans, Moon, e até mesmo Nick ao seu lado, sentiu que poderiam enfrentar qualquer coisa que viesse.
O futuro era incerto, mas naquele momento, dentro daquela cabana, havia uma sensação de esperança e de que, juntos, eles poderiam superar qualquer adversidade.
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