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Trovão

- as vezes o seu sonho está batendo na sua porta lucas- a garota falava delicadamente.- eu vou ir, mas se cuida. Você é importante pra mim!

A voz dela era linda, o jeito inocente e puro, o olhar que não tinha maldade.

- oque vai fazer agora? Não pode ir embora assim- falo e ela me repreende. - eu... nem sei seu nome, não pode ir assim.

A imagem da garota era embaçada, não conseguia ver seu rosto, mas cada vez que ela se distanciava algo sombrio aparecia.

Sentir uma dor muito forte no peito. Coloco as mãos tentando entender oque é isso.

- mas oque é isso?- digo alto. O Falcão aparece no meio da escuridão.

- é o luto- ele estava sério, pela primeira vez- você deixou ela ir...

- oque? Quem eu deixei ir?- pergunto sentindo aquela dor ficando mais forte.

Lembro da garota.

- não deveria ter deixado ir Lucas!- As vozes rodeava.

- trovão...

-trovão, porque deixou ela ir?- o barulho forte de trovão invadiu o lugar.

Cada vez se aproximava, a dor não passava. Até que aconteceu um trovão que o céu acendeu, o susto foi enorme, tentei escapar mas cair de um penhasco.

-merda!- levanto da cama em um pulo.

- oque foi Lucas?- a coroa me olha assustada. Olho para os lados sem entender merda nenhuma.

Eu deitei no sofá e capotei.

- pesadelo- digo coçando os olhos.

- por que será que você sempre tem pesadelo filho!- minha mãe se aproxima ao meu lado.

Deve ser todas pessoas que matei me assombrando.

- dessa vez foi diferente- lembro do sonho.- isso não me abala mais.

Fico em pé puxando meu celular do bolso para ver a hora.

- já vai?- afirmo.

- fica com Deus mãe, te amo veia- digo e logo levo uns tapas.

...

Mas que merda de sonho foi esse? Quem é a garota do sonho? Eu não entendi nada, normalmente eu sonho matando alguém ou morrendo. Não com uma voz e um rosto embaçado falando comigo.

Como assim não era para deixa-la ir? Deixa-la quem?

- hoje o dia tá lindo- Falcão entra na minha sala cantarolando- bom dia gostoso, como se sente depois de ter acabado com o tempestade?

Esse cara não muda.

- já sabia que ia acabar com ele- digo dando de ombros.

- notícia do dia! Trovão acaba com o tempestade. É até irônico essa frase, trovão e tempestade... vocês deveriam fazer uma banda juntos.

- vai toma no seu cu Pedro- digo sério e ele me olha assustado- oque foi?

- faz tempo que você não me chama pelo nome, fiquei até nervoso- eu dou risada- posso voltar a te chamar de lukinhas?- nego- tu é muito chato!

- cala a boca um pouco Falcão. Não tenho saco pra te aturar- olho para papelada na minha frente.- aliás, preciso de um favor seu.

Falcão me olha feio.

- quer me meter em furada essas horas cara? Acabei de acordar!- ele cruza os braços.

-puxa a ficha daquela loira que eu vi no baile- digo sem olha-lo.

Falcão cai na risada, levanto o rosto vendo a merda que ele tá fazendo.

- pô trovão, pedófilo no morro é morte na hora- ele rir.

- ela não é de menor! - digo sério.

- até perguntou pra ela? Ala, gamou na loirinha.

- cala boca caralho, só quero ter informações da onde ela surgiu.- e não era mentira.

- ela nem faz teu tipo pô, mó carinha de criança, não tem uma tatuagem no corpo e tem cara de quem nunca beijou na boca- Falcão dá de ombros.

- independente, faz oque eu tô pedindo sem falar merda caralho!

- eu já sei tudo sobre ela, você que não quis escutar quando eu fui te falar no baile- Falcão se aproxima mostrando uma foto- filha do advogado Eduardo, nosso advogado. Ela mora em Copacabana com a sua mãe que é empresária, de separou de Eduardo a 10 anos, a menina veio passar uns dias na casa de seu pai.

- qual o nome dela?

Eu escutei a Isabela chamando a garota de Mariana, mas só quero ter certeza.

- não sei o nome dela, tô mais preocupado com minha gata tatuada, não com sua boneca.

- some da minha frente Falcão, sério mermo.- digo já sem paciência e ele sai da sala fazendo graça.

Eu sempre tenho a ficha de cada um que entra no morro, não entendi o porquê não tenho a dela, isso me despertou curiosidade.

Meu radinho apita me fazendo sair dos pensamentos.

- pedófilo no morro, trovão. Estamos com o filho da puta no galpão. - a voz do iguinho era de puro ódio

- tô chegando.- me levanto colocando o radinho na cintura e pegando minha faca encima da mesa. Pedófilo na favela, é morte na certa.

ATÉ UM DIA Onde histórias criam vida. Descubra agora