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As luzes iluminaram o ringue, e todos começaram a gritar, animados para a luta, ele desviou o olhar.

Trovão estava ali, parado com aquele jeito seguro e confiante, enquanto o outro lutador, o encarava como se estivesse pronto para acabar com ele.

Quando o sinal soou, Trovão avançou, rápido e forte. Seus socos eram certeiros, e ele se movia com habilidade, desviando dos ataques do Tempestade.

Cada golpe fazia o público vibrar, e eu sentia meu coração batendo cada vez mais rápido. Era impossível desviar os olhos dele, Trovão parecia estar no controle de tudo.

Depois de muitos socos e esquivas, Trovão deu um golpe final que derrubou o Tempestade, e todos ao redor começaram a gritar e aplaudir. Um homem levantou o braço do trovão como vitória, e dessa vez ele não me olhou.

Ele saiu do ringue e sumiu completamente da minha vista.

- amiga vamos embora- falo baixo e ela assenti.

Sinto uma pontada no meu abdômen, a Isa me olha sem entender e eu tento não demonstrar dor, mas fechos meus olhos respirando fundo.

Minhas mãos se cruzam na minha barriga.

- oque foi? Mari olha pra mim!- Isa me segura de um jeito protetor.

- eu... tô bem isa- me ergo para olha-la.

- senta um pouco, já vamos embora- ela me acompanha para o sofá do outro lado, andamos devagar até chegar lá, me sentei com as mãos na barriga. - eu estou preocupada Mari!

- deve ser algo que eu comi- digo.

Única vez que eu tinha comido hoje foi no café da manhã. Eu estava completamente sem apetite.

-vou pegar um copo de água, não sai daqui!- balanço a cabeça em afirmação.

Fecho os olhos sentindo aquela dor, não é possível que esse câncer vai ferrar comigo.

-oque está fazendo aqui?- a voz me faz abrir os olhos devagar.

Olho para o homem na minha frente, ele estava com uma camiseta e cabelos molhados, ele tinha tomado banho?

-que?- olho sem entender.

- sabe que é proibido entrada para menor de idade!- sua voz é grave, eu fiquei olhando pro rosto dele esperando ser uma brincadeira da sua parte, mas ele estava falando sério.

-eu sou maior de idade, trovão- falo seu apelido devagar mas logo sinto a pontada no meu abdômen. - aí que merda!

- oque foi?- ele me olha sem entender e eu respiro fundo.

- nada demais, já estou indo embora- digo vendo a Isabela se aproxima com uma garrafa de água.

O homem permanece parado alí, ele está de brincadeira com minha cara, não é possivel.

- aqui, toma água pra ver se melhorar algo amiga- Isa diz me dando a garrafa mas logo percebe o trovão parado de braços cruzados alí. - aconteceu algo trovão?

Ele olha pra Isa sério e depois me encara.

- a menininha usou drogas e não aguentou? - seu tom é sarcástico e eu olho feio para ele.

- ela não usou drogas ué- Isa diz como se não entendesse oque ele quis dizer - vamos embora Mariana!

Me levanto com dificuldade, ficando de frente para ele que não se movia do lugar.

- obrigada pela recepção da sua grande luta trovão- sorrio de boca fechada- vou pensar se venho nas próximas vezes.

- não quero mas que você participe de lugares como esse!- ele diz sério, sua mão afasta meu capuz deixando meu cabelo amostra.

Puxo o capuz novamente.

- não sei com quem está me confundido, mas pode ficar tranquilo, falta dois dias para eu voltar para minha casa, depois disso você não me verá por aqui. Na verdade nunca mais.

Me retiro grudando meu braço na Isa que me olha assustada, andamos rápido até a saída do lugar. Chegando lá fora a Isa subiu na sua moto e eu fui atrás, não falamos uma palavra sequer.

Assim que chegamos na casa da isa, me deito na sua cama pensando, estava preocupada com essa dor, vou senti-la até esses 6 meses acabar?

- Mari- olho para ela que está parada na frente da porta- você está melhor?- afirmo e ela me olha séria- fala a verdade!

Seguro o choro tento afirma mais uma vez, e não consigo. Isa vem rápido até mim sentando do meu lado com olhar de preocupação, eu só conseguia me afundar das minhas próprias lágrimas.

-  oque está acontecendo mari?- seus olhos estavam assustado, eu apenas respirei fundo e me sentei ficando do seu lado.

-eu... estou com câncer- digo de uma vez colocando a mão no rosto, tentei tampar minha boca pelo barulho de choro alto que eu fazia, mas foi inútil, acho que tudo que eu não chorei se acumulou até agora.

- aí meu Deus- a voz dela sai baixa e suas mãos atravessam minhas costas.

E ali estava nós duas chorando, eu não queria isso, por mais que a vida é uma merda para mim. Mas porque morrer assim?

ATÉ UM DIA Onde histórias criam vida. Descubra agora