Trovão
- aquela menina é sua namorada?- Otto pergunta.
- porque a pergunta Otto?- olho sério para ele.
- curiosidade, não sabia que gente dessa família pisava em morro!- ele levanta o pulso vendo o horário.
-diz oque tu quer saber Otto, eu tô ligado nessa história já- ele me olha sério e ccalculista como sempre foi.
- a Verônica ainda mora em Copacabana? Andei pesquisando sobre, porém é difícil ter informações sobre essa família.
- As duas moram lá.- única coisa que consigo falar.
- qual o nome da garota?- seu olhar estava diferente, ele parecia nervoso. Acho que é isso, a verônica é seu ponto fraco.
- Mariana...- digo e Otto paralisa pensando. - oque foi?
- esse nome...- ele respira fundo- bom, vou resolver aqui sobre o pagamento do caminhão... já te encontro e trocamos um papo!- Otto desvia a conversa saindo de perto.
Tinha coisa nesse meio que eu não sabia, acho que Otto desconfia que a garota é sua filha...ou não.
...
- eu só acho diferente como vocês arrumam sempre algo para fazer né? Tipo como surgiu a ideia de criar uma luta clandestina cara, isso é loucura!- Marina diz enquanto andávamos a pé pelo morro.
Deixei minha moto longe só para ter um pouco mais de tempo com ela.
- deve ser porque o chefe queria meter a porrada em alguns cara e criou isso como estratégia- ela dá risada.
- mas e se algum dia a polícia descobrir com alguém? Tipo eles vão entrar aqui e invadir? Igual cena de filme Lucas! Aí meu Deus! Isso não pode acontecer, sempre o chefe morre nesses filmes!- ela coloca a mão na boca e eu dou mais risada ainda.
A inocência nas palavras e esse jeitinho de falar muito me deixava sem postura nenhuma.
- e se isso acontecer, eu vou morre. Tu ia ter que assumir o morro por mim pô- brinco e ela arregala os olhos.
-eu?- ela nega- eu não sei nem assumir uma sala de aula, uma vez eu fui líder de sala na escola, na mesma semana eu desisti porque as pessoas não me escutavam- ela fala rápido.
-fala devagar amor, eu tô escutando tudo- ela me olha e faz um bico grande, mas continua contando.
- você não pode morrer nem algo do tipo, pelo menos não antes de mim. Imagina, eu ter que assumir o morro! Mas porque eu iria assumir o morro? A gente nem é casado- Seu olhos me investigam e eu dou risada.
- não precisa ser casado, a pessoa de confiança ia ser tu pô, primeira dama, já pensou?- ela pisca algumas vezes. - porque tu não faz um curso com algo do tipo?
- ah... eu ia começa a faculdade de Direito esse ano- ela respira fundo- mas...acho que não era para ser.
Sua respiração tinha ficado pesada.
- tu queria ser oque quando crescesse?- pergunto para distrair ela.
- eu queria ser cantora- ela sorrir- e depois empresária igual minha mãe, aí depois queria ser veterinária mas eu nunca pude ter um gato de estimação. Depois mudei de ideia, eu ia ser delegada!- ela sorrir.
- eu ia adora ser preso por você- ela sorrir negando- porque nunca teve um gato de estimação?
- minha mãe nunca deixou, era algo "nojento" para ela. Mas eu sempre fui apaixonada por animais.- antes que eu pudesse falar algo, Mariana paralisa olhando para um lugar.
- oque foi?- pergunto procurando para onde ela olhava.
- pai?- sua voz era fraca.
O pai da Mariana, ou melhor o falso pai, estava encostado no muro fumando cigarro. Seu olhar vai na Mariana, e depois ele me fuzila.
- trovão?- ele ignora a filha que me olha confusa e assustada.
- Eduardo! Que bom te ver!- sorrio gentilmente para ele que permanece sério.
- Mariana... pega minha carteira dentro do carro porfavor!- ele estende a mão com a chave para Mariana que fica quieta e assente.
Ela sai devagar indo em direção ao carro do Eduardo.
- oque você está querendo com minha filha, trovão?- percebo raiva em sua voz.
Ele estava sendo um pai de verdade, que se preocupa com a filha.
- passeando- digo- não me leve a mal Eduardo, mas gosto de estar com a Mariana, sei que vai me julgar por ser eu, mas você me conhece como ninguém e sabe como eu não ligo para opiniões alheias.
- não quero você com ela trovão! Eu te conheço ao ponto de não querer que envolva a Mariana nesse seu mundo!- ele se aproxima.
- eu vou permanecer com ela Eduardo. Se um dia ela não querer mais estar ao meu lado, eu à deixo ir.
- você não tem noção na onde está se metendo!- Eduardo bufa passando a mão no rosto- uma ligação para mãe dela, você nunca mas ver a Mariana na sua vida trovão! Não me faça fazer isso com ela. Eu não quero ela presa naquele condomínio!
Me aproximo sorrindo irônico.
- não me ameace Eduardo...se eu abrir minha boca e Mariana sonhar que você não é o pai dela de verdade... você vai esta fudido...- ele arregala os olhos, sem palavra abre a boca e fecha várias vezes.
Ele achou que conseguiria vim fácil para cima de mim?
- aqui pai!- Mariana se aproxima entregando a carteira para seu "pai" que ainda estava paralisado me olhando- está tudo bem?
-si... sim!- Eduardo diz- não sabia que você estava por aqui filha...
- eu vim com a isa, fomos comer pizza com a família dela e uns amigos, acabou que ela saiu com o Falcão, estava indo embora e encontrei o trovão, ele está me levando até a casa dela- eu olho para a Mariana surpreso.
Eu não sabia que ela mentia tão bem, se ela já mentiu pra mim...eu nem desconfiei.
- ah tudo bem então- ele sorri forçado- cuida bem dela trovão! Direto pra casa da isa filha- ele se aproxima dela- o pai te ama!- Eduardo beija a testa da Mariana e me fuzila com o olhar.
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ATÉ UM DIA
FanfictionMariana descobre que está com câncer, e decide viver seus últimos meses como nunca. Ela passa um tempo na casa do seu pai que mora na favela, vivendo várias experiências, até que ela encontra ele... 23/10/24