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Trovão

-Tenho novidades- Falcão entra animado da minha sala.

- Oque tu quer cara?- pergunto enquanto fumo.

- A loira foi embora- arqueio as sombrancelhas sem entender o porquê ele veio me falar isso.

- oque tenho haver com isso?- pergunto e ele desmancha o sorriso.

Não esperava que ela toparia conhecer o morro, garota mimada é medrosa com essas coisas. Na verdade eu só falei aquilo porque sentir empatia por ela na hora.

- ela te mandou um abraço- cruzo os braços serinho pro Falcão.

O cara tava parecendo adolescente entregando recado.

- ela me mandou um abraço?- dou risada irônica.

- a Isa está de prova!- Falcão se aproxima- dei umas dicas para garota, ela tem cara que nunca se relacionou com ninguém...

- oque você disse pra menina cara?- pergunto sério.

-ah...você sabe, falei pra ela conversar com você.- olho feio pra ele- vai que isso dar um romance pô. Eu nunca vi tu interessado em alguém, só queria que desse certo...

-querer que desse certo oque Falcão? Tu tá criando coisa que não existe.- me levanto da cadeira- eu tô pouco me fudendo pra essa menina, só queria saber informações por que ela está dentro no meu morro.

Falcão parece chateado, mas ele afirma com a cabeça lentamente.

- é, tem coisas que não mundam...- ele sai da sala sem me olhar.

Eu sei que ele estava animado, mas não adianta criar coisas que não existem.

...

Dias se passaram e os pesadelos não pararam. Acho que cai ser sempre assim, a vida para mim é um desafio sempre.

Hoje ia ter luta, mas dessa vez não seria eu que iria lutar, era o Falcão. Ele estava animado, treinou a semana toda, disse que a Isabela quer vê ele lutando.

E aqui estou eu... subindo a parte mais alta do morro, em alta velocidade. Gosto desse lugar, nunca tem ninguém... na verdade, nunca tinha ninguém.

E ali estava a garota sentada.

- achei que ia querer viver um pouco- digo encostado na grade, ela nem me olhar.

- e eu queria- sua voz sai baixa.

Fico em silêncio, a menina não parecia estar bem.

- vai lutar hoje?- ela pergunta quebrando o silêncio. Suas mãos passam pela grade e ela vem e fica na minha frente.

-não, só o Falcão- digo reparando nela.

Ela estava com uma calça de moletom e uma camiseta larga, seus cabelos loiros solto, e no pé, um chinelo e meia.

- acho legal isso de lutas, certeza se eu lutasse, acabaria com todos- dou uma risada sem querer- tá duvidando de mim?- ela dar um golpe e eu seguro sua mão.

- fez aula de muay thai? - ela balança a cabeça em afirmação e dar outro golpe me fazendo desviar- a garotinha é boa!- ela sorrir.

Dessa vez quem se desmontou foi eu com o sorriso dela, aqueles olhos claros que diminuíam quando ela sorrir.

- sou boa em muitas coisa, trovão- ela dá outro golpe que sou pego de surpresa. A garota mesmo sendo menor que eu, ela prende meu pescoço pelas costas.

- é assim que você distrair os oponentes? Com o sorriso...- percebo que ela ficou sem palavras e afrouxou o aperto, então giro seu corpo contra o meu, dessa vez eu que estava no poder.

- não vale!- ela bufa. Me aproximo do seu ouvido

- perdeu rapunzel!

Afrouxo o aperto para ela sair, mas ela continua parada com seu corpo contra o meu.

- por que rapunzel?- ela se vira de frente para mim. Estávamos muito perto, mas a filha da mãe parece nem se importa, ela faz isso com tanta inocência que fico até sem graça.

- porque a rapunzel, quer viver o mundo, mas fica presa dentro de uma torre por anos...- digo sem olha- lá.

Ela continua com o corpo grudada no meu me encarando. Isso só pode ser uma brincadeira!

- gostei, no final ela encontra um bandido e foge com ele...- ela diz saindo de perto de mim. Respiro fundo.

- essa parte eu não sabia. - minto.

- você vai ser o bandido que vou fugir- seu rosto delicado me olhar com os olhos brilhando, fiquei sem reação.

Perto dela eu não consigo está acima da situação. A inocência que ela tinha me fazia duvidar se aquilo era duplo sentido.

- como é que é?- pergunto.

- você prometeu que me levaria para conhecer o morro- ela se aproxima novamente- você é homem de palavra, não é?

- te prometi naquele dia, mas você foi embora. Eu nem sabia que você tinha ido.- minto e ela sorrir como se soubesse.

- como não? Te mandei um abraço- me encosto na grade- quero conhecer a praia.

-Como assim conhecer a praia? Você morar de frente para ela- essa garota tinha algum problema.

- eu nunca pude ir- seus braços se apoiam na grade- quero ir no Cristo redentor.

- eu te falei que te mostraria o morro, não o Rio de Janeiro - ela sorrir.- tu é boba menina?

- eu sempre vivi aqui no morro des de criança, trovão - ela ponta para um lugar- conheço o morro de cima para baixo. Eu fugia muito para sair.

- se conhece o morro, então você não precisa de mim- olho para a vista que ali nos proporcionava.

-quero conhecer o Rio de Janeiro- os olhos azuis me encarava- me diz você vai me levar?

-eu não vou te levar- eu não ia fica andando por aí para levar a garota, nem conhecia ela.

Até porque dou foragido.

-me dá uma resposta hoje a noite trovão. Eu me chamo mariana- ela sorrir.

Foi aí que eu já estava me arrependido de ter conversado com essa menina, ela não calava a boca.

- Não vou te levar Mariana!- ela faz uma cara de chateada.

- você é tão bonitinho, mas é um homem insuportável!- ela se afasta- se não vai me levar, eu arrumo alguém que me leve.

Ela sai descendo a pé. Eu fico quieto olhando aquela cena, nem ferrando essa garota tem 18 anos.

ATÉ UM DIA Onde histórias criam vida. Descubra agora