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Mariana

Entro em casa devagar, mas fingindo naturalidade. Me preparo para mentir, eu já estava acostumada. Mas era chato e cansativo...

- aonde você estava Mariana!- a voz fina e alta soa no meus ouvidos.

E ali estava minha mãe de cabelos presos em um rabo de cavalo, seus olhos escuros me olhavam ameaçadora, o braços cruzados e o semblante sério.

- praia- digo dando de ombros e ela arqueia a sombrancelha.

- como assim praia? Saí sem avisar?- ela se aproxima e eu encaro ela com minha melhor cara de sonsa.

- faz 19 anos que te peço para me levar a praia... e a senhora nunca me levou, então, eu fui sozinha!- ela abre a boca meio em choque.

Eu nunca respondi ou contrariei ela.

- Mariana, eu só não tive tempo! - ela tenta se defender- amanhã vamos na praia.

- já é tarde mãe...Não tenta curar o tempo perdido- digo dando de ombros- eu cansei disso, me diz o porque pegou meu celular? Eu nunca te dei motivos para me controlar assim!

- Mariana! É pelo seu bem, não quero você solta pelo mundo.- ela responde em tom normal.

- esse pelo meu bem não adiantou de nada, isso não vai me curar do câncer! Cadê? Me ajudou a não ficar doente? Ou a senhora não percebeu que foi tudo uma perca de tempo!- olhos nos seus olhos escuros.

- eu só quis te proteger Mariana! Eu não queria que você errasse como eu errei!- sua voz séria e autoritária me paralisa.- sei que falhei Mariana! Falhei como mãe, mas é tudo que eu tenho para oferecer. Eu não posso te dar oque você quer, eu não consigo te dar oque eu não tive!

Os olhos dela estavam cheios de lágrimas. Eu estava entendendo oque ela quis dizer, ela nunca contou sobre sua relação com os pais, ou sobre sua adolescência. Mas eu não sabia que ela também estava machucada por dentro.

- porque não tenta?- sinto meus olhos queimarem- tenta fazer diferente oque fizeram com você, eu não tenho culpa do seu passado mãe. Eu preciso de compreensão, liberdade e amor!- sinto a lágrimas cair.

- faz o tratamento por favor Mariana! Eu te prometo que se você fizer vai ser tudo diferente filha! Eu não posso te perder, você é a única coisa que eu tenho na vida- as lágrimas descem pelo seu rosto- por favor!

Fico alguns segundos analisando sua expressão, ela não estava me manipulando, ela estava arrependida de algo, que não seu qual.

- a partir de hoje, se eu tiver minha liberdade, eu faço o tratamento. Porém... não acho que isso vai me curar! E não quero ficar presa no hospital!- digo séria.

Verônica me olha e balança a cabeça em afirmação devagar, ela se aproxima de mim. Me abraça sem jeito, eu abraço ela também, eu esperei muito por isso...

...

- vou para casa da isa- digo para minha mãe que balança a cabeça meio confusa.

- eu te mando mensagem mãe, digo como estou me sentindo- digo tentando ser compreensiva e ela afirmar.

Só não podia conta oque eu ia fazer hoje. Sim, ia assistir mais uma luta clandestina, mas isso era de menos...

Chegando na Isa, ela me abraçou forte e perguntou como andava as coisas, contei tudo detalhadamente.

Nos arrumamos, na verdade eu só coloquei um corset lilás e uma calça larguinha. Já a isa, ela estava de mine saia e um corset com um decote enorme no peito.

- eu ainda acho que você tem silicone- digo pra Isa que sorrir.

- natural amor- ela dá risada e fomos até o galpão.

...

As pessoas estavam animadas, as músicas pareciam melhores do que dá última vez, tinha vários cartazes espalhados na parede, com a foto do trovão e de outro cara.

- furacão- isa conclui- ele vai lutar com o trovão hoje.

- quantos elementos falta ainda? Já temos o trovão, tempestade e furacão.

- se eu fosse dona do morro, eu seria águia- isa dá de ombros.

- águia e Falcão... entendi- dou risada.

Olho a movimentação, eu não avisei ao trovão que estaria aqui, não é de se esperar. Procuro ele com olhar, até que acho.

Me aproximo mas paro no caminho, uma mulher toda turbinada falava algo no seu ouvido, ele sorria, parecem ser bem íntimos...

- oi?...- me viro para onde vem a voz. E era o querido furacão da foto.

- furacão...- sorrio e ele sorrir- já me conhece? Que bom- seus olhos encontram o meu- nunca te vi, aonde essa princesa estava escondida?- ele sorrir

- na torre- digo brincando.

Mas o ódio que eu estava por dentro era inconfundível. Eu não quero bancar ciúmes nenhum, mas, Lucas me fez mudar meus pensamentos sobre ele, e agora... parece que a ficha voltou, e ele era quem ele realmente é, um bandido!

- além de bonita tem humor...gostei- sua mão segura no meu queixo, meus olhos ainda estava fixado no trovão

Naquele mesmo estante, ele me olha. Seu olhar tranquilo se torna em uma tempestade com muitos trovões. Sinto meus lábios se encostarem com o do furacão, com os olhos fixados no trovão, eu fecho continuando o beijo com esse homem na minha frente.

Que eu nem conhecia! Tudo isso só podia ser para inflama o ego dele, e mostra que nunca, nunca se brinca com uma mulher.

- seu filho da puta!- a voz de Lucas me faz abrir os olhos, e logo vejo o furacão no chão depois de um soco que o Lucas deu. Na verdade o trovão.

Seu olha não era mais em mim, e sim nele. Meu coração acelerava, eu não sabia oque fazer no meio daquela briga.

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