- cadê o filho da puta?- pergunto entrando no galpão.
- tá na sala do matadoro- Fp fala sério.
Fp era um cara bacana, era pique o Falcão, meu braço esquerdo, ele estava envolvido mas sempre por dentro. O cara assusta geral, ele é o terror digamos, oque acabava com ele é que ele não sabia reconciliar a vida, separar droga com trabalho. Se não fosse isso, o cara já tava na liderança junto com a gente.
- oque ele fez?- pergunto enquanto subimos as escadas para o matadouro.
- abusou de uma adolescente ontem, e hoje cedo encontramos uma criança na sua casa, a criança estava chorando e sangrando.- meu ódio subiu em cada palavra.
- esse filho da puta!- abro a porta com tudo vendo o nojento me olhando assustado- tu não sabe as regras do morro caralho?
Ele da risada irônica.
- a culpa sempre sobra para o homem...- me aproximo dele rápido segurando na gola da sua camiseta e o levanto.
- tu tá me falando que a culpa é da criança seu filho da puta? Tá falando que a criança que pediu? Seu nojento- dou um soco no seu rosto fazendo ele cambalea.
Puxo minha faca e passo na sua perna fazendo ele gritar.
- não porfavor!- passo a faca mais uma vez no seu rosto, o sangue começa a jorrar. - para! Eu imploro.
- quando ela pediu para você parar, você parou?- corto seu dedo fora.
Ele grita desesperado, mal sabia ele que isso só estava começando.
- iguinho- chamo- pega o álcool e a gasolina.
Começo a fazer vários cortes no seu corpo, só para ter a sensação que vai doer quando jogar álcool encima.
- Não por favor!- dou sequências de socos no seu rosto fazendo ele cala a boca.
- sem tempo filho da puta- pego álcool e começo a joga encima dos cortes, o homem grita, a vontade de matar ele era grande, mas ele merecia sofrer mais. - qual a morte mais dolorosa FP?
- morrer queimado- ele sorrir me entregando a gasolina.
Jogo a gasolina por cima dele que se contorcia e gritava.
- te vejo no inferno, filho da puta!- acendo o isqueiro fazendo o fogo subir e seu corpo queima na minha frente.
Era assim que as coisa funcionava aqui, com criança e mulher, ninguém mexe!
Saio da sala escutando os gritos do homem que estava todo queimado, respiro fundo já sabendo que essa noite eu não dormiria. Era sempre assim, os pesadelos me sufocava, tinha dias que eu não conseguia nem acordar, eu lutava e meus olhos não abriam.
Subo na minha moto e vou direto pro lugar onde eu sempre ficava quando não conseguia dormir, o alto do morro. Chegando lá, deixo minha moto no canto e me aproximo vendo o céu estrelado, mas logo na minha frente tinha uma pessoa.
Talvez ela estava tentando se matar sentada alí.
-ta tentando se matar?- pergunto sem olhar quem era.
- porque isso te preocupa?- sua voz.
Aquela voz me fez olha-la. Era a loira, ela estava de capuz, seus olhos tinham curiosidade ao me olhar.
- não me preocupar. Só não quero que seu pai se abale ao ponto de não conseguir resolver meus problemas.- respiro fundo- falou que eu nunca mais ia te ver...
Ela dar uma risada irônica.
- egoísta- seus olhos voltam a olhar o céu.
Me sento ao seu lado, mas com um pouco de distância entre nós dois.
-porque está aqui?- pergunto mais uma vez.
- pelo o mesmo que você pelo visto- olho pra ela confuso.- você veio aqui para colocar a cabeça em ordem não é? Deve ter acontecido algo que te abalou, e você não consegue dormir com seus pensamentos fora de controle, por isso está aqui.
Dessa vez eu que dou um sorriso irônico. Ela não estava mentindo, mas não posso baixar a guarda assim.
- errada- digo e seus olhos curiosos me investigam- acabei de matar uma pessoa, por isso estou aqui.
Ela nem ficou surpresa.
- está aqui para se arrepender?- nego- então ainda é egoísta.
- não me arrependo de nenhumas mortes, estrupador tem que morrer- dessa vez seu rosto se espanta ao me ouvir falar.
- como se sente?- sua voz soa calma.- depois de... matar alguém -A sua calmaria me deixava nervoso.
- me sinto bem- minto.
- mentiroso- olho sério para ela que me encarava.- por mais que ele merecia morrer, você não se sente bem com isso. Já tentou se matar alguma vez pela culpa?
Eu não estava entendendo onde ela queria chegar.
- por que tentaria me matar? Eu gosto de viver- seus olhos desviam do meu- por quê? Você quer morrer?
Ela balança a cabeça em negação.
- eu queria viver, mas não posso.
- seus pais são rígidos?- ela afirma- fica mais um tempo aqui no morro, posso te apresentar os lugares antes de você voltar para Copacabana.
Seu rosto estava triste, eu sabia que não era só pelos seus pais. Tinha algo a mais, mas não quis ser inconveniente para perguntar.
-como sabe que moro lá?
-eu sei de tudo!- me levanto rápido- vem vou te deixar na casa do teu pai, está muito tarde para uma garotinha ficar sentada no lugar com essa altura.
- não sei da onde tirou que sou uma garotinha- ela se levanta ficando na minha frente.- eu tenho mais que 18 anos, trovão!
- deve ser porque você tem uma pureza, não tem uma tatuagem no corpo, os olhos ainda brilham, não tem nada estragado em você, nada quebrado- abaixo seu capuz deixando seu cabelo aparente.
- as pessoas mentem trovão...- oque ela quis dizer com isso?- as vezes não somos oque aparece, e sim oque demonstrarmos. Vamos embora daqui- Ela sai indo em direção a minha moto.
Aquilo ficou já minha mente. Sua atitude de não ter medo de nada me pegou de jeito, deixei ela na frente da sua casa e não falei mas nenhuma palavra.
- fica com Deus- ela sorrir entrando, e eu parado olhando aquela cena, me senti um moleque novamente levando a namoradinha em casa.
- até mais, rapunzel...
VOCÊ ESTÁ LENDO
ATÉ UM DIA
FanfictionMariana descobre que está com câncer, e decide viver seus últimos meses como nunca. Ela passa um tempo na casa do seu pai que mora na favela, vivendo várias experiências, até que ela encontra ele... 23/10/24