Olá, minhas vidas! Espero que estejam bem. Demorei, mas finalmente apareci! Inicialmente, este capítulo seria sobre a formatura da nossa doutora e a entrada das crianças na escola, mas só a formatura já rendeu bastante, então decidi deixar a parte da escola para o próximo. Assim, consigo desenvolver tudo com calma, delicadeza e do jeito que a história merece. Tenho certeza de que vocês não vão se importar, né?
Desejo uma boa leitura, meus amores! Espero que aproveitem cada momento. Ah, e sobre a faixa amarela da Geise... essa música aqui no começo é uma referência especial!
Comentem e favoritem!
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Eu quero presentear
A minha linda donzela
Não é prata nem é ouro
É uma coisa bem singelaVou comprar uma faixa amarela
Bordada com o nome dela
E vou mandar pendurar
Na entrada da favela — Faixa amarela
canção de Zeca pagodinhoPoint Of View — Geise Carolina dos Santos e Souza.
Meu coração disparava, descompassado, enquanto as lembranças surgiam como um turbilhão e tudo ao redor parecia um gatilho para as lágrimas que eu mal conseguia conter. Recordei o dia em que passei na universidade. Ouvi de novo os gritos emocionados e os soluços da minha mãe, misturados em um só som de alegria. Ficar em primeiro lugar na maior universidade do Brasil era uma vitória gigante para a nossa família, que sempre teve tão pouco. Nunca fiz cursinho, nunca tive estrutura adequada, mas a determinação foi o que me guiou. Eu precisava ir além, precisava calar a boca de quem sempre nos subestimou.
Escolhi medicina para cuidar da minha gente, daquelas pessoas que quase não têm acesso a uma consulta, que enfrentam filas e mais filas para conseguir uma ficha no posto de saúde e muitas vezes não aguentam esperar. Sei que mudar essa realidade por completo é um sonho distante, mas se eu puder melhorar um pouquinho a vida de uma pessoa que seja, já vale a pena.
Nunca sonhei em ser rica; tenho plena consciência de classe e sei bem de onde vim. Entendo que riqueza, para muitos, é um muro que os impede de ver os outros como iguais. O que eu sempre quis foi proporcionar uma vida mais confortável para a minha família. Queria que, um dia, minha mãe não precisasse trabalhar tanto e pudesse ter um pouco de paz.
Foram seis anos de luta, de ser bolsista, de pegar todo o trabalho possível. Nesse tempo, minha mãe segurou as pontas de um jeito que ainda me surpreende. Ela fazia milagre com o pouco que tínhamos e nunca deixou faltar nada. No primeiro período, quando aconteceu a cerimônia do jaleco, minha ficha ainda não tinha caído.
Mas então olhei para trás e vi minha mãe ali, com os olhos marejados. Ela mesma me vestiu o jaleco. Nas fotos, seu sorriso era discreto, porque a vida lhe ensinou a ter uma casca dura, mas, naquele momento, ela baixou essa guarda e me olhou com orgulho. Eu sabia que estava no caminho certo. Ela nunca deixou que eu desistisse, porque, para ela, desistir nunca foi uma opção.
— Para de viajar parada, minha filha, você vai se atrasar! — A voz da minha mãe me despertou dos pensamentos, e, ao virar para a porta do quarto, a vi sorrindo para mim, os olhos cheios de expectativa. — Vim te mostrar o que eu fiz — comentou, animada, e eu fiquei sem entender.
Ela se aproximou devagar, com um brilho no olhar, posicionou-se de lado e apontou para o braço. Lá, gravada em linhas finas e delicadas, havia uma data que, à primeira vista, me trouxe uma sensação de familiaridade profunda. Era uma tatuagem, já cicatrizada, simples e linda. Ficava na parte de trás do braço dela.
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Onde Estará O Meu Amor
FanfictionKarla Camila dos Santos e Souza, reside no Morro do Dendê, no Rio de Janeiro, enfrenta as adversidades da vida ao criar seu casal de filhos em meio a dificuldades. Como tantas outras mães, Camila se vê imersa na angustiante realidade de ter um filho...